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23/12/2010 - 08:10

Livros – passaporte para sonhar com tecnologia de última geração

Acabo de ouvir que mais de um milhão de pessoas estiveram em apenas um dia numa rua comercial de São Paulo para fazer compras. Os shoppings de todo o país estão abarrotados de gente e já penso duas vezes para sair de casa. O calor escaldante, a correria descomunal - é Natal. Mas, por que presenteamos as pessoas nos aniversários e datas especiais? De onde surgiu isto?

Considerando que para os cristãos o Natal lembra o nascimento de Jesus Cristo, pode-se considerar que fomos inspirados pelos três reis magos que levaram seus melhores presentes para o menino Jesus.

Continuo minha pesquisa e vejo que o hábito de presentear vem bem antes de Cristo. De acordo com os antropólogos norte-americanos Ralph e Adelin Linton, em sua obra The Lore of Birthdays, aniversários merecem comemorações desde o Egito antigo (por volta de 3000 a.C) e só os faraós tinham essa honra. Os gregos adotaram deles a prática elitista e passaram a festejar mensalmente o aniversário dos deuses. Com o tempo, o costume foi se estendendo para os plebeus. Os romanos copiaram a ideia e a comemoração entrou para o calendário anual deles. Os festejos eram chamados Dies natalis, mas destinavam-se apenas ao imperador, sua família e aos membros do Senado Romano. Nos primórdios do Cristianismo, o costume foi abolido. Os cristãos, perseguidos, achavam que não havia motivo nenhum para festejar o nascimento. Foi só no século IV que a Igreja começou a celebrar o nascimento de Cristo, ressurgindo o hábito de se festejar aniversários com bolo, música e presentes.

O que não é do meu conhecimento é se algum antropólogo já analisou porque as pessoas resistem em presentear com livros. A segunda edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, promovida pelo Instituto Pró-Livro, revelou que 85% dos entrevistados não leitores, nunca foram presenteados com livros. É como se tivessem tirado dessas pessoas a oportunidade de sonhar, de viajar em mundos desconhecidos, em terras nunca visitadas.

O comentário de Clarice Lispector ilustra bem os efeitos da boa leitura sobre as pessoas: - “Guimarães Rosa me disse uma coisa que jamais esquecerei, tão feliz me senti na hora. Disse que me lia não para a literatura, mas para a vida".

Ao longo dos séculos e até hoje vários pensadores, filósofos e formadores de opinião expressam sua ligação, seu amor e sua dependência da leitura. “Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de livraria”, falou o escritor e ensaísta argentino Jorge Luiz Borges. Já Bill Gates, o pai da tecnologia acessível à todos, comentou: “Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história”

Cabe a nós dar o primeiro passo. Independente se foram os egípicios, os romanos ou os cristãos que começaram com o hábito de comemorar e de presentear, se percebe que uma coisa é unânime: se doava o que era de mais precioso. E não há tesouro maior do que levar cultura às pessoas, de ensinar-lhes a ter prazer de viajar enquanto se lê, e a ver o mundo de novas maneiras. No momento em que só se fala em e-book, cabe dizer que o livro em qualquer formato, papel ou digital, tem efeitos especiais muito mais avançados do que os filmes de Hollywood, já que durante a leitura usamos a mais alta tecnologia de ponta: a nossa imaginação.

Que neste natal possamos ousar presentear com livros e que eles gerem muito assunto para debater e discutir tornando as relações familiares e pessoais cada vez mais fortes. Faço minhas as palavras do escritor inglês Joseph Addison: “A leitura é para o intelecto o que o exercício é para o corpo”. Feliz Natal.

. Por: Sônia Jardim, Presidente do Instituto Pró-Livro

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