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Qualificação, caminho dos jovens para o emprego

O desemprego entre os jovens é uma das maiores mazelas do Brasil. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, existem 3,5 milhões de pessoas com idade entre os 16 e 24 anos que atualmente encontram-se fora do mercado de trabalho. Representam 45% do total de desempregados do País, a maioria sem qualificação. É inegável que o crescimento pífio de nossa economia impede o surgimento de novos postos de trabalho. Mas é ainda mais preocupante perceber que não teríamos mão-de-obra qualificada se estivéssemos crescendo no mesmo ritmo da China e da Índia.

Se o governo federal deseja promover um crescimento sustentável da economia, deve começar imediatamente a preparar profissionais para ingressar no mercado. O primeiro passo seria incentivá-los a pelo menos permanecer nas escolas, aliviando o caos que tomou conta do setor educacional. Recentemente, uma pesquisa realizada pelo Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais) e pelo Instituto Polis revelou que 27% dos brasileiros com idades entre 15 e 24 anos não trabalham nem estudam. Na maioria das vezes, esses rapazes e moças ficam à mercê do crime e das drogas.

Nesse momento, não se deve procurar culpados para toda a situação. Muita coisa mudou nas últimas quatro décadas e, no caso do ensino, para pior. Digo isso porque até os anos 60 as pessoas tinham ao seu alcance ensino público de qualidade e podiam sonhar com a ascensão social e econômica desde que tivessem tempo para estudar. Naquela época, havia uma oferta de empregos sem precedentes, que atingia desde os pobres aos mais abastados.

A estagnação econômica e o progresso tecnológico dos últimos 20 anos culminaram com o desaparecimento de postos de trabalho e de profissões que antes serviam como porta de entrada para os jovens em uma empresa. Ocorre que governos passaram e não se deram conta dessas transformações, que modificaram o sistema de produção em grandes empresas, refletindo-se na criação de milhões de postos de trabalho informais, com conseqüências desastrosas para os cofres públicos e para a previdência social.

O preparo de uma nova geração de trabalhadores deve começar agora. E não adianta colocar as crianças na escola em período integral se não houver profissionais preparados para ensiná-los, ou um espaço adequado para as aulas. Também não basta investir somente em universidades de alto nível quando grande parte da população não possui acesso a essa tecnologia. Muitos programas que hoje oferecem recolocação profissional, ou de primeiro emprego, geralmente se restringem a buscar uma oportunidade momentânea, sem a preocupação de orientar o jovem para o desenvolvimento de uma carreira sólida.

A deterioração do ensino público ainda terá conseqüências por muitas gerações. O presidente Lula viveu uma infância difícil, mas teve a oportunidade de aprender o ofício de torneiro-mecânico no Senai. Mais do que qualquer um, deveria investir recursos e empenho pessoal para promover a criação de novos cursos profissionalizantes pelo País. Para isso, poderia até contar com a ajuda dos professores aposentados, que tiveram de deixar o ensino público por exigência da própria legislação. Para muitos, Lula poderia unir o útil ao agradável.

. Milton Dallari é consultor empresarial, engenheiro, advogado e presidente da Associação dos Aposentados da Fundação Cesp. O e-mail para contato é o [email protected] .

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