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12/01/2011 - 09:11

Sustentabilidade - o Brasil está preparado para a próxima onda?

O mercado de compensação das emissões de carbono Europeu tornou-se operacional desde 2006, de lá para cada quase 2.500 projetos já foram registrados na modalidade do mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL), permitindo uma capacidade atual de geração de quase 400 milhões de toneladas de CO2e (dióxido de carbono equivalente).

Para o primeiro período de compromisso do Protocolo de Quioto 2008-2012 fora originalmente programa uma demanda de compensação correspondente a mais de 2,7 bilhões de toneladas de equivalente CO2e, sendo que até o momento foram emitidos pouco mais de 450 milhões de reduções de emissões certificadas ou créditos de carbono. As novas projeções apontam uma redução do cenário original mostrando que o mercado europeu demandará em torno de 1 bilhão de toneladas de equivalente CO2e.

Como o objetivo maior do mecanismo é estimular o desenvolvimento sustentável e redução de emissões, os créditos de carbono estão diretamente relacionados a geração de investimentos e entrada de divisas nos países que os geram. Hoje, este mercado de compensação é apenas uma fatia de aproximados um décimo do mercado global de emissões de gases de efeito estufa, que em 2009 movimentou cerca de US$ 143 bilhões.

Tendo em vista a aproximação do término do primeiro período de compromisso em 2012 é possível projetar um mercado de mais de US$ 6 bilhões na geração de créditos de carbono nos próximos dois anos. O Brasil ocupa hoje o quarto lugar na geração das reduções de emissões certificadas no mundo com 9,6% de reduções emitidas, ficando atrás de China (51%), India (17,7%) e Coréia do Sul (12,9%). Em relação ao número de projetos registrados o Brasil possui hoje pouco mais de 7% dos registros.

Nos últimos dois anos o número de projetos brasileiros registrados caiu em 50%, enquanto o número de projetos registrados no mundo cresceu em torno de 30%, ambos em relação ao período 2007 a 2008. Assumindo estes números é possível projetar ainda uma maior redução na geração de emissões certificadas pelo Brasil em relação aos demais países nos próximos dois anos, que financeiramente não ultrapassará a geração de US$ 500 milhões ao país.

Por que o Brasil não absorveu melhor esta oportunidade no mercado global? Qual será o próximo limite de conhecimento nestes assuntos que resguardarão novas oportunidades comerciais? Como o país pode se preparar melhor para isto? Estas são as questões que podem ser elaboradas hoje, observando a experiência do MDL, onde fica evidente o potencial maior do que o que vem sendo aproveitado.

Existem muitos motivos para o ocorrido, alguns deles seriam pelo Brasil ter uma matriz energética mais limpa, o que limita sua atuação na redução; pela dificuldade encontrada para o registro de alguns tipos específicos de projetos, como a cogeração de bagaço de cana, ou ainda, pelo baixo custo da energia elétrica comparado a outros países, excluindo a adicionalidade de alguns projetos.

Mas os outros países também tiveram dificuldades e peculiaridades neste processo, talvez menores que as nossas, entretanto o fato é que a participação nacional foi reduzida, apesar de existirem iniciativas publicas de incentivo ao desenvolvimento de projetos de redução. Há outro fator pouco discutido, mas igualmente importante, que diz respeito à ainda existente a limitação do mapeamento das oportunidades, por muitas vezes desperdiçadas pela falta de conhecimento técnico nos diversos setores.

Realizar passos simples como o inventário dos gases de efeito estufa das atividades, processos e empresas é o início do mapeamento que não podem ser relegados ou aguardar por demandas legais, o país hoje perde oportunidades de um mercado de quase US$ 15 bilhões ao ano em geração e transações de reduções de emissões reduzidas.

Além do mercado MDL é preciso olhar a frente e se preparar para a próxima onda, que já começa a aparecer. A desvantagem por ora apontada na geração das emissões reduzidas é a própria vantagem da produção de uma economia de baixo carbono. Quantificar e apresentar as vantagens competitivas de produtos nacionais é um diferencial ainda não muito explorado.

O carbon footprint (pegada de carbono) de produtos é uma das formas mais claras de apresentar este diferencial, que ainda não se traz na forma de taxação ou pré-requisito de fornecimento ao mercado local e global. Já existe muito sendo feito no assunto fora país, antecipar nossa ação é fundamental para a definição das estratégias e oportunidades deste mercado que começa a se concretizar.

Além de inventários de gases de efeito estufa e verificação algumas empresas, com espírito de inovação e antecipação ao mercado, vem desenvolvendo projetos de carbon footprint de produtos e, mais recentemente water footprint de forma a justamente aproveitar o potencial dos produtos nacionais no mercado global, com um olhar sempre atento a sustentabilidade dos processos produtivos e da comunicação ambiental.

Por: Vinicius Ambrogi, formado em Engenharia Mecânica pela UNICAMP, atuou em projetos de energias renováveis pelo Grupo Ecogeo e nos últimos anos tem se concentrado nas áreas ligadas ao desenvolvimento de projetos em carbono, como inventários, carbon footprint e MDL.

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