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13/07/2007 - 10:19

Sacolas plásticas: é preciso ampliar a discussão

Um dos temas mais polêmicos do varejo atualmente é a obrigatoriedade da adoção de sacolas plásticas oxi-biodegradáveis pelos estabelecimentos comerciais. O argumento é que esse tipo de sacola, que se decompõe com luz e calor, é ambientalmente correto. Recentemente, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, vetou um Projeto de Lei (PL) municipal que tornava essa adoção obrigatória. Outro Projeto de Lei com o mesmo intuito, dessa vez em âmbito estadual, repousa sobre a mesa de José Serra, aguardando a sanção ou o veto do governador paulista.

Não se trata de uma decisão qualquer. No Estado de São Paulo, são mais de 1,5 mil supermercados. Sem contar outros tipos de estabelecimentos comerciais. Uma medida drástica como essa necessita de muito embasamento técnico e de uma análise criteriosa sobre causas e conseqüências. Exatamente por isso, é absolutamente necessário que, antes de qualquer medida impositiva, o debate seja devidamente ampliado e conte com a participação da sociedade e de especialistas. Para que o embasamento técnico seja definitivo, laudos técnicos e estudos devem ser conclusivos. E não é isso o que ocorre.

Não há concordância entre a comunidade científica de que essas sacolas oxi-biodegradáveis são menos danosas à natureza. Sem essa chancela, corre-se o risco de tapar o sol com a peneira e não resolver o problema ambiental das sacolas plásticas. Apesar de essas sacolas oxidarem aceleradamente com a exposição de luz e calor, o resultado dessa decomposição pode não ser tão inofensivo como é alegado. Após a decomposição, as moléculas do plástico são transformadas em micropartículas de material inorgânico, que podem contaminar rios e o lençol freático. Ou seja, elimina-se o problema visual das sacolas, mas, pior, cria-se um inimigo invisível.

Os laudos e estudos que apontaram para esse problema foram realizados por instituições de credibilidade, como o Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea) e o Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital). A falta de conclusão sobre os efeitos da decomposição das sacolas oxi-biodegradáveis, aliás, foi o motivo do veto da prefeitura. Como não há estudos conclusivos sobre o ciclo de vida do plástico adulterado, é necessário que a discussão seja ampliada, para que não haja qualquer decisão precipitada. Talvez a saída para o problema não aponte tanto para essas sacolas oxi-biodegradáveis, mas, sim, para um programa eficiente de reciclagem, que permita a reutilização do material plástico, em vez de jogá-lo na natureza.

Cuidar do meio ambiente é essencial para o desenvolvimento econômico, humano e social do Brasil. Isso é um fato. Exatamente por isso, não é possível tomar qualquer tipo de medida enquanto não houver fundamento científico conclusivo do que é, de fato, melhor para o meio ambiente.

. Por: Sussumu Honda, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS)

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