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Desvantagem comparativa: do que a China não é capaz

A imagem difundida sobre China em grande parte do ocidente é hoje a de um gorila econômico voltado a dominar implacavelmente a selva da economia global.

Essa visão é, em parte, baseada em uma percepção exagerada da importância econômica do país. A China tem quase um quarto da população da Terra,mas sua economia é algo um pouco maior do que da Califórnia, e responde por 5% da atividade econômica global, contra 30%, 28% e 10% de Europa, Estados Unidos e Japão, respectivamente. É verdade que, se a China mantiver a trajetória de crescimento, sua economia ultrapassará (graças à população) a norte-americana antes da metade do século. Mas, mesmo assim, o cidadão chinês médio será, em 2050, substancialmente mais pobre do que o norteamericano médio era em 2005.

Da linha de pensamento “século da China” é também muito alarmista em um aspecto ainda mais fundamental: celebra as vantagens comparativas chinesas e ignora completamente suas desvantagens. Todo país possui vantagens comparativas, e todo país possui suas correspondentes desvantagens. Mesmo sendo forte competidor em tudo, existe algo no qual se é menos competitivo e que deveria ser delegado a outros. É preciso pouco esforço para descobrir as desvantagens que comprimem a força competitiva chinesa. Identificar tais fragilidades fornece a pedra de roseta para empresas estrangeiras decifrarem oportunidades comerciais no país.

A lista de desvantagens comparativas é a mesma, pense você que a China manterá a atual trajetória de crescimento ou não. Eu presumo que o país continuará a crescer rapidamente, mas suas fraquezas persistirão e representarão oportunidades estratégicas para firmas estrangeiras. Nesta análise, agrupo uma dúzia de desvantagens comparativas significativas sob o guarda-chuva de três idéias centrais. A lista não é completa. Individualmente, as fragilidades soam conhecidas e, tomadas em conjunto, constituem um desafio importante para o fortalecido mito da “China dominadora”.

I. Fatores de produção: excesso de mão-de-obra, desperdício de capital e lacuna na inovação - Primeiramente, considere desvantagens comparativas relativas a fatores de produção diretos ou indiretos: mão-de-obra, capital, tecnologia e meio ambiente.

A abundância de mão-de-obra barata na China é corriqueiramente considerada uma vantagem, mas assim como várias economias sofrem da “maldição do petróleo” (dependência excessiva de uma única commodity em detrimento de outros setores), o país sofre da “maldição da mão-de-obra”.

A vantagem comparativa chinesa em mão-de-obra é tão profunda que freqüentemente fabricantes atingem seu mais baixo custo operacional substituindo maquinário e tecnologia por trabalhadores. Esse é exatamente o oposto do ocorrido nas economias da OCDE nos últimos 40 anos, quando maiores níveis salariais estimularam a introdução de tecnologias e inovações redutoras de custos. A fábrica do Toyota Camry em Guangzhou, dentro do mais moderno aparato automobilístico chinês, é 50% automatizada. Uma planta similar no Japão seria 95% automatizada.

A oferta de mão-de-obra na China não é infinita: os salários sobem rapidamente tanto para trabalhadores qualificados quanto para os pouco qualificados. Porém, na comparação com os Estados Unidos, a mão-de-obra é ainda barata (US$1,40/hora para trabalhadores urbanos, em média). Em setores nos quais a mão-de-obra pouco qualificada é determinante para o custo dos produtos, a produção continuará a migrar para China. Mas em indústrias nas quais a mãode- obra não é o principal determinante na formação dos custos, a tendência aponta para a substituição de trabalho por tecnologia, o que é uma má notícia para os produtores chineses.

Capital empregado por trabalhador (US$): Reino Unido 122.900 | Japão 105.400 | Alemanha 87.000 | França 83.900 | Estados Unidos 76.300 | Taiwan 55.200 | Coréia do Sul 32.500 | México 5.500 | Brasil 4.900 | China 4.300 | Índia 1.000. Fontes: Economist Intelligence Unit e cálculos do autor

Capital desperdiçado e violações de patentes - O famoso mau uso do capital na China também coloca o país dramaticamente à margem das economias avançadas. Os mercados de capitais têm um papel disciplinador ao orientar a alocação de ativos em direção à maior produtividade.

Quem financia um investimento contribui freqüentemente não só com dinheiro, mas também com habilidades e oportunidades para o negócio e, assim, aumenta seus retornos. Subsídios governamentais podem ajudar em estágios de desenvolvimento imaturos, mas não são substitutos no longo prazo.

O governo chinês compreende apenas vagamente a magnitude da desvantagem imposta a um país que tem um mercado de capitais primitivo. Recentemente, um funcionário do mercado acionário chinês observou que alguns líderes do país acreditam que a China tem se saído muito bem sem um mercado de capitais eficiente, e deveria estar feliz em terceirizar aos mercados estrangeiros a tarefa de levantar dinheiro. Esse pensamento é falho. A China não será capaz de dar o próximo passo em direção à maturidade econômica sem uma melhor infra-estrutura financeira. Com pouco consenso sobre a necessidade de reforma financeira, os líderes chineses têm pouca escolha a não ser permitir que firmas estrangeiras ajudem a prover o crescimento chinês. Firmas estrangeiras, que incorporaram a necessidade de eficiência após décadas de sofrimento e custos altos, superarão as concorrentes chinesas nos setores intensivos em capital. O capital subsidiado pode em parte contrabalançar a necessidade de eficiência de capital, mas apenas para uma minoria das firmas.

Em outro fator chave, a tecnologia, a China fez um belo esforço de evolução. Mas parte de uma imensa desvantagem. A base de patentes na qual se apóiam empresas chinesas é minúscula se comparada à base das economias avançadas. Em 2004, a China (com população de 1,3 bilhão) recebeu 404 patentes norte-americanas por inovação, contra 953 da Austrália (população de 20 milhões) e quase 6 mil recebidas por Taiwan (população de 23 milhões). O desempenho chinês no campo das patentes equivale ao de Vermont, um pequeno estado agrícola norte-americano (tabela 2). Além disso, as empresas chinesas exploram de maneira ineficiente a tecnologia que possuem: tendem a preferir diversificação de produção a se aprimorar em nichos lucrativos e tecnologias específicas. George Gilboy, do MIT, estima que, para cada US$ 10 que a China gasta ao adquirir tecnologia, apenas US$ 1 é gasto em sua apredizagem. Em sua era ascendente, o Japão gastava US$ 10 em aprendizado para cada dólar gasto em aquisição tecnológica.

Igualdade sobre inovação - Como resultado, as empresas chinesas têm pior desempenho em setores intensivos em tecnologia. O governo tem buscado resolver esse deficit através de políticas de promoção de “inovação independente” (zizhu chuangxin). No entanto, inovação depende de uma mistura entre fatores institucionais e culturais, e conseguir essa mistura é uma tarefa colossal.

. Patentes americanas por país ou estado - receptor em 2004: Japão 35.350 | Alemanha 10.779 Taiwan 5.938 | Coréia do Sul 4.428 | Reino Unido 3.450 | França 3.380 | Austrália 953 | Cingapura 449 | Kentuky 407 | China 404 | Vermont 400 | Índia 363. Fontes: Escritório de Patentes e Marcas Comerciais dos EUA

Não há garantias legais ou práticas de recompensa para o inovador, e o sistema educacional é impregnado pela cultura da hierarquia e memorização. Mais ainda, a política de inovação confronta-se com outra prioridade política: nivelar desigualdades de renda.

É provável que, por razões políticas, as políticas igualitárias sejam preferidas, o que significa que o governo reduzirá ganhos individuais que investidores possam obter com “gols” tecnológicos.

A escassez chinesa de inovação para uso eficiente dos recursos gera um déficit crucial em outro fator: o meio ambiente. Esse é geralmente visto como uma externalidade, ao invés de um fator de produção. Mas a ausência de um meio ambiente decente torna a produção difícil ou impossível e, sendo assim, podese considerá-lo um fator de produção “oculto”, cujo valor torna-se óbvio em sua ausência. O alto custo ambiental sobre a produção chinesa começa a ser mensurável. Fotografias recentes de satélites revelam que a poluição industrial afeta cerca de três quartos do total de terras cultiváveis da China.

Muitos norte-americanos e europeus encaram a fraqueza na regulação ambiental chinesa como uma vantagem competitiva para suas firmas, que escapam de altos custos de cumprimento da lei. Esse raciocínio é válido até que a degradação ambiental e o uso excessivo dos recursos tornem-se tão severos que usurpem o crescimento. A partir desse ponto, o know-how sobre questões ambientais das empresas ocidentais tornar-se-á uma vantagem comparativa.

Esse dia pode estar mais próximo do que se imagina. Os países tendem a tratar com seriedade o problema da devastação ambiental quando a renda sobe para níveis médios (cerca de US$ 6.000 per capita). Boa parte da área urbana costeira da China já está perto desse nível e, para um contingente substancial de chineses, tal patamar deve ser atingido dentro de quinze anos.

II. Lei e governança: deficits por toda parte - Com tanto debate entre os membros da OCDE sobre a diminuição do papel do Estado, redução de tributos e emancipação do setor privado, pode-se pensar que a economia mais sofisticada seria aquela com menor participação do governo.

Não exatamente. A sofisticação da economia depende especialmente de um arranjo de serviços e tarefas que podem ser executados somente pelo governo, mas para os quais temos tanta certeza de sua importância no ocidente que até mesmo esquecemos de considerá-los. Estão incluídos nesse pacote a regulação dos mercados financeiros, a proteção ao consumidor, a proteção ao meio ambiente, a seguridade social e as regras para construção civil.

A China de 1978 dispunha muito pouco de um governo atuante nestas áreas relevantes, apesar da interferência excessiva do governo chinês nos mercados e na vida dos cidadãos. O crescimento chinês no último quarto de século baseou- se largamente em retirar a presença do governo de mercados e de decisões individuais de consumo. O crescimento no próximo quarto de século demandará uma postura reguladora mais ativa e pró-competitiva por parte do governo, tarefa muito mais desafiadora do que simplesmente diminuir o escopo de sua atuação. Enquanto essa evolução institucional toma forma (ao longo das próximas três décadas), as empresas chinesas permanecerão menos eficientes do que empresas reguladas por regimes governamentais sofisticados que estimulam a competitividade. Por exemplo, empresas norte-americanas aprenderam a tratar de questões relativas à segurança no trabalho a um custo mínimo. Essa vantagem comparativa latente das empresas ocidentais entrará em evidência na medida em que a renda na China cresça e aumente a demanda do trabalhador por segurança.

Exportações de tecnologia ambiental dos Estados Unidos para a China em 2005 Em US$ milhões, exceto quando indicado: Monitoramento e Análises 978 | Gestão de Recursos Hídricos 516 | Controle de Poluição do Ar 95 | Coleta e Tratamento de Lixo Perigoso 70 | Administração de Energia e Aquecimento 41 | Energias Renováveis 23 | Outros Tipos de Reciclagem 21 Tratamento de Água Potável 11 | Total de Tecnologia Ambiental 1.755 | % das Exportações Totais Americanas para China 4,2 | Crescimento Médio do Total Exportado em 19,8 Tecnologia Ambiental, de 1996 a 2005 (var.%) | Crescimento Médio do Total Exportado, de 1996 a 2005 (var.%) 14,9. Fonte: Comissão Americana de Comércio Internacional

Ame aqueles advogados - A vantagem econômica de um sistema legal consistente repousa sobre uma expressão: custos de transação menores. O primeiro-ministro britânico David Lloyd George resumiu muito bem o poder dos contratos ao escrever: “Já vi vários deles: de baixa qualidade, amassados, manchados e desordenados. Mesmo assim, esses míseros pedaços de papel moveram grandes cargueiros, cobertos por milhares de toneladas de carga valiosa, de um canto a outro do mundo”.

O baixo custo de mão-de-obra e o alto crescimento da produtividade omitem o alto custo de transações para se fazer um negócio na China. À medida que os custos com trabalhadores sobem e ganhos de produtividade retornam à média mundial, custos transacionais serão revelados. A China caminha em direção a uma reforma legal, mas não alcançará nas próximas décadas a qualidade jurídica dos países da OCDE. Nichos de adequação existem, mas não propiciam proteção em âmbito nacional, pré-requisito para economias de escala. Em geral, a “vantagem” da qual empresas chinesas valem-se, por operar em ambiente de baixos custos de adequação à lei, torna-se uma esmagadora sobrecarga quando essas empresas passam para regimes nos quais tais custos são altos.

Quando uma empresa norte-americana entra em um novo mercado, seja na Europa ou na China, seus novos custos de adequação às leis são um acréscimo modesto em suas altas despesas legais. Quando uma empresa chinesa, sem departamento jurídico, sai da China para operar nos Estados Unidos, enfrenta custos totalmente novos para fazer negócio, e precisa de certo tempo até desenvolver o hábito de lidar com os advogados.

Um componente que merece atenção especial em um sistema jurídico maduro é a política concorrencial. O objetivo geral de tal política é regular a competição no mercado de tal forma que o bem-estar (seja lá como definido) seja maximizado. E uma política concorrencial efetiva é essencial para garantir que as empresas tenham sucesso com base na qualidade e não no lucro rápido justificado unicamente pela desregulação ou ausência de competição. A China ainda não possui uma lei que regule a competição.

Mudança política à vista - Mesmo após a promulgação da primeira lei concorrencial (nos próximos um ou dois anos), levar-se-á mais uma década ou duas para que um sistema completo de regulação da concorrência seja desenvolvido. Enquanto isso, o abuso de poder de mercado pelos agentes de maior peso na China (muitos deles estatais), a falta de distinção entre empresas e agentes reguladores, as barreiras comerciais entre províncias e a inexistência do bem-estar do consumidor irão prejudicar a economia. O recém-formado setor privado chinês carrega o peso dessa deficiência.

Barreiras à entrada criadas por grandes monopólios e rivalidades regionais impedem a dezenas de milhares de empresas atingir um tamanho que lhes garanta economias de escala e vantagens comparativas intrínsecas. Outra questão acerca da governança é o risco de instabilidade no processo de reforma política. O atual sistema de partido único foi adequado para tirar o país da pobreza e levá-lo ao crescimento acelerado e sustentado. Mas não será mais adequado para uma nação maior, diversa e de cidadãos sofisticados, onde a renda per capita se aproxima de US$ 10.000.

Não se sabe exatamente como a reforma política se desenrolará. Mas a certeza de que algum tipo de reforma política deve ocorrer, combinada à incerteza sobre os moldes dessa reforma, significa dizer que o risco político será um grande custo implícito para empresas chinesas frente a concorrentes que operam em economias mais estáveis. Apesar de se tratar de fator mais aplicável ao longo prazo (acredito que o período de maior risco será entre 2015-25), trata-se de uma faísca não muito longe do barril de pólvora e que não pode ser desprezada mesmo hoje.

III. Questões comerciais - Um último grupo de desvantagens relaciona-se mais estreitamente com a maneira pela qual as empresas chinesas se organizam e operam. Uma dessas desvantagens atinge a China em um setor no qual ela agora parece forte: a indústria. Isso se deve à compressão das margens. A margem de lucro nos produtos finais está diminuindo para os fabricantes, não só na China como em todo lugar. Uma das razões é a crescente abundância de trabalhadores de baixa qualificação na China, Índia, Vietnam, América Latina e talvez em breve na África. Mão-de-obra é abundante, mas matérias-primas e talentos criativos são escassos. Dessa forma, os lucros em economias intensivas em mão-deobra, como a China, têm se comprimido, ao passo que em economias intensivas em commodities ou criatividade eles têm se elevado. Com o tempo, a China pode dar conta desses problemas adquirindo o controle sobre as fontes de matérias-primas, deslocando-se para cima na cadeia produtiva por meio de inovações ou deslocando-se para baixo, buscando consumidores no exterior.

Mas são esforços caros e que levam décadas. Um segundo obstáculo operacional para empresas chinesas é o significativo desincentivo ao pleno uso de tecnologia da informação (TI). Nos últimos anos, metade do aumento de produtividade em vários países da OCDE deveu-se ao uso de ferramentas de TI, como o sistema de planejamento de recursos da empresa (ERP, sigla em inglês). Em geral, empresas chinesas são entusiastas da tecnologia, mas resistem aos sistemas ERP porque eles tornam seus dados financeiros mais transparentes aos controladores, administradores, parceiros de joint ventures e, claro, ao fisco. Muitas empresas chinesas são “alérgicas” à transparência, e estão satisfeitas em abdicar dos benefícios da TI na produtividade para manterem seus emaranhados de contas. Algumas adotam sistemas ERP para elevar o preço de suas ações pouco antes de realizarem uma oferta primária de ações em bolsa, e os abandonam depois. Empresas que evitam soluções de TI por causa de verdades indesejáveis são como as pessoas do filme The Matrix, que tomam a “pílula azul” para não saberem a realidade. E tal atitude é um convite ao baixo desempenho.

Lá fora não é em casa - Outra série de desvantagens aplica-se às empresas chinesas (várias delas estatais) que seguem a incitação do governo de “lançarem-se mundo afora” e se internacionalizarem. O maior problema, como já dito, é que se torna difícil e custoso sair de um ambiente de baixa regulação para um de alta regulação. Essa desvantagem perdurará enquanto a China permanecer pouco regulada em comparação às economias ricas, ou seja, por muito, muito tempo. Aspectos culturais também exercem certo papel. Por alguma razão, empresas geridas por chineses étnicos (originários de Hong Kong, Taiwan, Cingapura e do sudeste asiático) não foram muito bem sucedidas ao realizar negócios em mercados ocidentais, mesmo sendo bem-sucedidas em seus mercados domésticos. Os asiáticos geralmente contam com vários tipos de intermediários. Ainda é preciso aguardar para saber se as empresas da China continental irão se sair melhor.

Uma última desvantagem na moderna economia global é a enraizada relutância em se avaliar corretamente os bens intangíveis. Cerca de 80% da economia norte-americana é movida por serviços. A fração “intangível” da economia norte- americana (US$ 10 trilhões) é quatro vezes o tamanho da economia chinesa inteira (tabela 4). A indústria chinesa carrega uma antiga rejeição aos serviços intangíveis, possivelmente porque o pagamento por um serviço não produz algo que se possa mostrar ao chefe, sendo tradicionalmente encarado como suborno ou qualquer atividade improdutiva.

Composição do PIB em diversos países, em 2005: - Em US$ bi

PIB | Agricultura | Indústria | Serviços

Em US$ bi | Em (%) | Em US$ bi | Em (%) | Em US$ bi | Em (%)

França - 2.125| 47| 2,2% | 444 | 20,9% | 1.633 | 76,9%

Reino Unido - 2.229 | 23 | 1,0% | 584 | 26,2% | 1.620 | 72,7%

China - 2.267 | 282 | 12,5% | 1.070 | 47,3% | 911 | 40,3%

Alemanha - 2.797 | 25 | 0,9 % | 829 | 29,6 % | 1.944 | 69,5%

Japão - 4.560 | 78 | 1,7% | 1.177 | 25,8% | 3.306 | 72,5%

Estados Unidos - 12.487 | 119 | 1,0% | 2.543 | 20,4% | 9.825 | 78,7%

Fontes: Economist Intelligence Unit e FMI Países

Empresas norte-americanas e européias aceitam quase universalmente a idéia de que serviços intangíveis lhes rendem lucros. Empresas chinesas ainda não. Compradores de bens de capital na China tendem a rejeitar contratos de prestação de serviços, e assumem que podem eles mesmos fazer seu próprio serviço. Esta tendência recai sobre marketing, publicidade, criação de marca e controle de qualidade, todos serviços essenciais para orientação do consumidor e para o alcance de margens de lucro maiores em mercados externos.

Implementar e administrar esses serviços na vida operacional de uma empresa não é simples. Na verdade, é a tarefa primordial para uma multinacional, já que a atividade manufatureira em si torna-se um processo de pequena margem. Empresas chinesas levarão uma década ou mais para mudar seu pensamento sobre essas questões.

IV. Conclusão: O objetivo de citar esta longa relação de falhas não é menosprezar, ou mesmo obscurecer, o enorme progresso econômico chinês nas duas últimas décadas, e tampouco minimizar o desafio competitivo imposto pelas empresas chinesas ao mundo. Trata-se simplesmente de uma ferramenta para identificar oportunidades para empresas que tenham interesse em investir na China. Minha análise sugere que há oportunidades cada vez maiores nos setores de finanças e de serviços, e em tecnologias que promovam a maximização da eficiência dos recursos e do meio ambiente. Desta análise, é possível apreender o valor, em todos os setores, da tomada de decisões baseadas em informação e do foco nas necessidades dos consumidores.

O primeiro passo para a competitividade efetiva é ter um diagnóstico correto dos seus competidores. No ocidente, políticos e estudiosos espalham diagnósticos destorcidos como: • o câmbio desvalorizado é a raiz da competitividade chinesa | • a mão-de-obra na China será virtualmente livre para sempre, e, sendo assim, a atividade manufatureira em qualquer outro lugar será extinta. | • o desenvolvimento econômico chinês é guiado por uma bem calibrada máquina de políticas industriais, assim como foi com Japão e Coréia do Sul no passado | • a China é antiimportação e essencialmente protecionista.

Como essa análise sugere, todas essas idéias são erradas e, em muitos casos, o que parece ser uma vantagem da China – regulação ambiental frouxa e abundante mão-de-obra barata – acaba se mostrando uma desvantagem crucial.

Empresários chineses lutam todos os dias com as desvantagens aqui apresentadas. Para executivos de diversas empresas ocidentais, o maior empecilho para tirar vantagem do crescimento chinês parece ser aquele criado em suas próprias cabeças.

. Por: Daniel Rosen, diretor da firma de consultoria China Strategic Advisory e pesquisador visitante do Institute for International Economic. ( Reprodução autorizada de artigo da Dragonomics Research & Advisory (www.dragonomics.net) publicado em outubro/2006.

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