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25/01/2011 - 09:26

Mas, afinal, para que tudo isso?

Já reparou que praticamente 100% das pessoas incluem a melhoria das finanças pessoais em ao menos uma das proposições para o ano que esta começando? Lendo o Livro do Desassossego, presente de meu pai, encontrei uma citação de Fernando Pessoa que pode nos dar o motivo para tal atitude: "Não o prazer, não a glória, não poder: a liberdade, unicamente a liberdade". Costumo dizer que dinheiro não traz felicidade, mas, sim, a falta de dinheiro é que traz tristeza. Isso é facilmente constatado nos semáforos das grandes cidades, quando um idoso ou uma criança bate ao vidro do carro pedindo ajuda.

Sem precisar ir tão longe, muitas famílias brasileiras já perceberam que o alto endividamento contraído na compra de carros, imóvel, eletrodomésticos, ou o quer que seja, acaba por limitar a felicidade da conquista. Parece que algo falta e não é nada de material.

Mas, afinal, para que tudo isso? Se não é para gastar, para curtir, para ter mais e mais, para que serve, afinal, a consciência, o controle e a disciplina nas finanças pessoais e familiares? Para ter liberdade. Quem não tem equilíbrio financeiro acaba por ser refém de seus credores, cativo por vontade própria. A educação financeira refinada é a etiqueta financeira e o contrário disso é a grosseria financeira.

Um desses casos grosseiros ocorreu com pessoas próximas a mim neste revellion. Conhecidos estavam indo para casa de amigos na praia, foram parados pela policia e, por não terem feito a inspeção veicular, tiveram seu veículo apreendido. O detalhe sórdido é que o carro apreendido foi uma Land Rover 2010, cujo valor é de mais de R$ 100 mil, enquanto que a taxa de inspeção custaria pouco mais que R$ 50,00. Os envolvidos tiveram que chamar o anfitrião para resgatá-los e, na segunda-feira, foram correr atrás da papelada e das despesas para liberação do carro importado.

Perceba que não foi a falta de dinheiro que levou a essa situação, mas sim a falta de educação financeira. Algumas colocações e argumentações dos céticos, ou relutantes em aceitar os fundamentos da educação financeira - que são a organização e disciplina financeira -, culminam na seguinte argüição e conseqüente afirmação: mas, afinal, para que tudo isso? Dinheiro de nada serve se não for gasto.

A verdade é que o dinheiro de nada serve senão para facilitar trocas. Repare que o significado de gastar está mais próximo a desperdiçar do que a trocar.

J. Kenneth Galbraith (1908, Anatomia do Poder, 2 ed. São Paulo, Pioneira 1986) cita como umas das mais fortes fontes do poder justamente a propriedade. Ou seja, TER leva a PODER. Isso é facilmente constatado no caso do dinheiro. Quem mais tem, mais pode. Pode comprar bens e serviços, pode ter melhor acesso a atendimento de saúde digno, pode viajar de helicóptero para a casa de praia e evitar os congestionamentos, enfim ter mais dinheiro significa poder fazer uma quantidade de trocas maiores.

A grosseria financeira aprisiona, enquanto que a mínima busca do equilíbrio nas finanças, o beaba da educação financeira, liberta. Feliz 2011.

. Por: Mauro Calil, professor, educador financeiro, autor do livro A Receita do Bolo e fundador do Centro de Estudos e Formação de Patrimônio Calil&Calil. | www.calilecalil.com.br

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