Políticas públicas são a base para o desenvolvimento sustentável

Independentemente do tamanho da corporação e da área de atuação, as empresas e seus gestores discutem cada vez mais abertamente o tema desenvolvimento sustentável e a importância do mundo corporativo nesse cenário. A preocupação com os impactos socioambientais é fundamental para a sustentabilidade das organizações e de gerações futuras. Em outras palavras, é preciso gerir com zelo as necessidades de hoje sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das gerações futuras.

Em diversos setores da economia brasileira, políticas e práticas sustentáveis já fazem parte do cotidiano gestor e da realização dos negócios. Mas ainda este grupo é pequeno. Existem muitas empresas que pensam ser socialmente responsáveis porque, uma vez por mês, ajudam com distribuição de cestas básicas à creches ou colaboram distribuindo brinquedos no natal. Ser socialmente responsável é muito mais do que isso.

Para alcançarmos o desenvolvimento sustentável precisamos reconhecer que os recursos naturais são finitos. Ainda hoje, por incrível que pareça, crescimento econômico está sempre associado a um gráfico crescente do consumo de energia e recursos naturais. Esse tipo de crescimento é insustentável porque leva ao esgotamento desses recursos naturais.

Precisamos nos escorar num tripé para alcançarmos o desenvolvimento sustentável. meio ambiente; economia e políticas públicas, onde deve haver responsabilidade dos organismos governamentais na implantação de políticas públicas que favoreçam o desenvolvimento social, econômico e ambiental.

Um desses exemplos é o trabalho da Agência de Fomento Paulista que oferece linhas de financiamento incentivando o desenvolvimento sustentável. A linha de crédito chamada Economia Verde foi criada para atender aos pequenos e médios empresários de forma que possam se adequar à Política Estadual de Mudanças Climáticas, elaborada pela Secretaria do Meio Ambiente em 2009, que tem como meta reduzir em 20% a emissão de gases de efeito estufa, até o ano de 2020. Com isso, a Agência de Fomento Paulista incentiva ações que contribuem para a geração de riquezas investindo recursos em empreendimentos que desenvolvem projetos sustentáveis. A modalidade de financiamento oferece uma taxa de juros de 0,49% ao mês (+IPC/Fipe) e prazo de 5 anos para pagamento, com um ano de carência.

Gerar qualidade de vida é um diferencial, portanto, a implementação de práticas e políticas de sustentabilidade nas empresas é de altíssimo valor agregado. Porém, não há obrigatoriedade legal de qualquer setor para a implementação das práticas de Responsabilidade Social Corporativa. Naturalmente, há sim uma cobrança da sociedade — composta por consumidores de produtos e serviços de empresas e setores econômicos.

Sem dúvida, esse caminho, o socialmente responsável, levará as empresas e a comunidade empresarial em geral, a atuarem cada vez mais preocupadas com responsabilidade socioambiental. Os benefícios gerados com essa atuação são os mais variados possíveis, desde a continuidade dos negócios de forma mais organizada, até linhas de crédito mais baratas. Entre outros benefícios também estão, o tratamento diferenciado no mundo de mercado de capitais, com fundos específicos que trazem maior rentabilidade para as ações; também na área do capital humano, com os melhores funcionários do mercado almejando as empresas socialmente responsáveis como local de trabalho; e no campo do relacionamento com clientes, que escolhem a empresa para ser parceira ou fornecedora.

Em vários países, empresas de diversos setores vêm se empenhando para fazer parte dos índices de sustentabilidade, como o Dow Jones Sustainability Indexes (DJSI). O DJSI é um indicador que reúne empresas socialmente responsáveis cotadas na Bolsa de Nova York.

O principal objetivo dessas companhias é tornarem-se mais atrativas para os fundos que investem em empresas tidas como socialmente responsáveis, demonstrando mais transparência e credibilidade; mais governança e, por conseqüência, maior competitividade no mundo dos negócios. Nos Estados Unidos esses fundos chegam a movimentar mais de US$ 1 trilhão por ano. Na prática, a participação nesses índices, como o Dow Jones, vem representando ganhos extraordinários.

. Por: Milton Luiz de Melo Santos, é economista e diretor-presidente da Agência de Fomento Paulista/Nossa Caixa Desenvolvimento