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29/01/2011 - 08:30

Consumo recorde de plásticos e o avanço das importações


A indústria brasileira de transformação do plástico, integrada por 12 mil empresas e empregadora de 343 mil pessoas, deverá estabelecer um recorde em 2010: segundo é possível avaliar nos dados que estão sendo tabulados, o consumo interno de seus produtos deverá alcançar 5,7 milhões de toneladas. A estimativa é a de que o setor, que somente no primeiro semestre do ano passado, contratou 19 mil trabalhadores, tenha crescimento médio de 10% no presente exercício em relação a 2009, decorrente da expansão de 12% do segmento de laminados, 9% das embalagens e 8% dos demais itens. A recuperação observada em 2010, depois dos efeitos da crise mundial nos dois últimos anos, deverá consolidar-se em 2011, quando o mercado tem a expectativa de atingir novos recordes de produção, continuando sua expansão em 2012.

Quanto às exportações, o volume deverá alcançar 330 mil toneladas em 2011, com um provável crescimento de 8% em 2012. Nos dois próximos anos, a América Latina deverá continuar sendo o principal destino de nossas vendas externas, representando entre 55% a 70% do total. A Argentina é a maior compradora. O segundo grande mercado deverá ser a União Européia. Os produtos exportados mais recorrentes continuarão sendo os filmes de BOPP e demais laminados plásticos.

Quanto às importações, em 2010 o seu crescimento deverá situar-se acima de 30% em relação ao ano anterior. Em 2011, estima-se que a expansão das importações em relação a 2010 seja de 15%, e se a atual dificuldade cambial mantiver-se, combinada com o bom ritmo de crescimento do setor industrial, as compras externas em 2012 infelizmente ocuparão um espaço ainda maior da nossa demanda. Nos dois próximos anos, a China continuará sendo o maior exportador ao Brasil, seguida dos Estados Unidos. Os itens que nosso país mais compra no mercado externo são os laminados autoadesivos e os filmes para as mais variadas aplicações.

Para que os números da produção, do consumo interno e das exportações sejam cada vez mais positivos e no sentido de que possamos reverter o preocupante quadro de crescimento das importações, é fundamental que o governo da presidente Dilma Rousseff e a nova legislatura federal, a serem empossados em 1º de janeiro, solucionem alguns gargalos estruturais, que vêm prejudicando bastante o setor do plástico e a indústria de transformação como um todo. A primeira e inadiável lição de casa é a reforma tributária, que não pode mais ser postergada. A elevada carga de impostos é a principal barreira para as empresas, independentemente de seu porte, por incidir de modo direto sobre os próprios investimentos e retirar recursos que poderiam ser aplicados em empreendimentos produtivos.

Outro fator a ser considerado é a redução dos juros/spread, cujas taxas elavadíssimas aumentam os riscos econômicos do investimento, afetando-o por três vias: ao agravar as despesas financeiras, minando os recursos a serem investidos; ao inibir a demanda dos produtos industriais; e ao estimular a especulação financeira.

Impostos e juros escorchantes são os ingredientes do terceiro grande obstáculo a ser solucionado, em especial para as pequenas e médias empresas, que constituem a maioria do parque industrial transformador do plástico em nosso país: a escassez de recursos próprios, carência ainda não sanada integralmente pelas linhas de crédito do BNDES, devido à dificuldade de acesso para estas empresas provocada pela burocracia intransponível, exigências e garantias exageradas. Além disso, diante da dificuldade de utilização dos fundos públicos garantidores, os bancos repassam recursos em valores inferiores aos demandados, a fim de diminuir riscos. A criação do Proplast pelo BNDES, os trabalhos desenvolvidos no âmbito da Política de Desenvolvimento Produtiva (PDP), lançada em 2008, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a isonomia do IPI na cadeia produtiva prometem trazer uma grande avanço como ações necessárias para o aumento da competitividade do setor.

É preciso, também, ampliar os sistemas de informação sobre linhas de apoio ao investimento e os fundos de recursos para inovação e P&D, cuja precariedade é bastante nociva, em especial para as pequenas empresas. Finalmente, será necessário adotar medidas eficazes para reverter o problema do câmbio sobrevalorizado. Assim, é fundamental que a presidente Dilma Rousseff dê prosseguimento aos entendimentos iniciados por Luiz Inácio Lula da Silva no recente encontro do G20. Caso a diplomacia não funcione, o governo brasileiro terá de adotar medidas unilaterais firmes para conter a valorização do real e garantir um mínimo de competitividade para a indústria nacional.

Outro objetivo importante da indústria do plástico, assim como de todo o parque manufatureiro do Brasil, é dar continuidade às ações voltadas à preservação ambiental e reversão da tendência de aquecimento da Terra. Esse é um compromisso que transcende à agenda internacional e aos eventos multilaterais, como a Conferência do Clima do México (COP 16), em Cancun, de 29 de novembro a 10 de dezembro de 2010. É primordial o engajamento dos setores produtivos na busca pela produção mais limpa e no desenvolvimento de produtos cada vez mais compatíveis com os paradigmas da sustentabilidade.

. Por: José Ricardo Roriz Coelho, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Plástico (Abiplast), da Vitopel e diretor titular do Departamento de Competitividade e Tecnologia da FIESP.

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