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08/02/2011 - 09:52

Presidente do JBNDESS passa a faixa ao irmão

O Presidente do JBS anunciou que o novo Presidente da Multinacional da Carne é o seu irmão. O anúncio foi feito com as tradicionais luvas de pelica, para evitar a sensibilidade da Bovespa: a troca de comando sempre é um momento em que se trabalha a percepção do público, do investidor.

Deseja-se uma percepção conservadora, quando o negócio vai bem: promete-se que ficará igual ou melhor.

Deseja-se uma percepção de upgrade quando o negócio vai mal e o mercado precisa perceber que o novo comando levará a organização até um patamar superior.

Qual a percepção desejada pelos Irmãos Batista?

Para responder precisamos separar os papéis: uma coisa é o interesse dos Irmãos Batista outra coisa é o interesse dos acionistas do JBS S/A: o que está muito claro desde a fundação do Banco JBS S/A (cujo primeiro presidente foi José Geraldo Dontal, ex-diretor do Banco Rural denunciado pelo Ministério Público Federal juntamente com o Marcos Valério por eventos conhecido como mensalão, e que, ao sair do JBS foi para a diretoria de middle marketing do Panamericano!) e do JBS Negócios Agropecuários Ltda (ambas funcionam sob o guarda-chuva do JBS, mas os resultados são exclusivos da família Batista).

Para os Irmãos Batista interessa a percepção conservadora, pois para a família o negócio vai de ótimo a extraordinário: ninguém poderia desejar tamanho êxito mundial em plena crise global, uma história de sucesso que se divide em dois períodos: A-BNDES e D-BNDES (Antes do BNDES e Depois do BNDES).

A-BNDES: antes do BNDES é a velha história dos frigoríficos velhos, cuja maioria já quebrou, converteu-se em passivo judicial ou foi abatida pelo golpe final do oligopólio promovido pelo BNDES.

D-BNDES: depois do BNDES é uma reluzente história que a Revista Exame acertadamente nominou de “A Incrível Aventura Global do Friboi”, que custou alguns bilhões de reais do nutriente estatal.

Para os acionistas do JBS S/A, cujas ações, após o IPO, cresceram como rabo de égua... bom, para eles a percepção é de que estão no Brasil e ponto final.

Um Irmão Batista anuncia que outro Irmão Batista, doravante preside a empresa. Na madrugada do mesmo dia o Osni Mubarak anunciou que não concorrerá à re-eleição após 30 anos de Presidência, frustrando Mubarak Junior que pretendia sucedê-lo para o desespero do povo egípcio. Nem Mubarak, nem Mubarak Junior, nem Ptolomeu nem Cleópata: é o fim das dinastias do Egito, prometeram no Egito. E, para completar o calendário das coincidências, no Iemen, após 32 anos de Poder o Presidente Ali Abdullah Saleh (motivado por violentos protestos populares) declarou: "Sem governo hereditário e sem presidência vitalícia", evitou assim o golpe final.

Aqui, o Presidente do JBS declarou: “Nada mais natural que o Wesley, que já toca 70% do negócio, assumisse como CEO”.

Evidentemente que é uma mensagem conservadora que tem por objetivo não provocar ruídos no mercado: é uma mensagem de quem constata que está tudo bem e não poderia estar melhor.

Bom, o problema é que a mensagem é também um forte ruído, vejamos.

O que aconteceria se o Roger Agnelli declarasse?

“Nada mais natural que o meu irmão, que já toca 70% do negócio, assumisse como CEO da Vale.”

Se Roger convocasse a imprensa especializada e declarasse que o seu irmão é o Novo Presidente da Vale e que sob sua Presidência (a do Roger) a empresa já estava 70% sob o comando de um irmão não Presidente... o que aconteceria?

Não é uma pergunta a se fazer ao mercado, porque o mercado absorveu a declaração conservadora sob uma percepção conservadora: nada de mais está acontecendo.

Não é uma pergunta a se fazer a CVM, pois a Comissão de Valores Mobiliários também considerou natural, ao menos até onde sei e tive notícias.

Outras informações relevantes também foram dadas e veiculadas: uma delas é de que o JBS pagou a “multa” ao BNDES pela não realização do IPO nas Américas: “Já quitamos integralmente este prêmio com o banco”, disse o Presidente que sai, mas fica... presidindo o Conselho.

Desta declaração surgem 2 perguntas a fazer ao BNDES: 1) Pagou como? Em dinheiro? Se em dinheiro, com o dinheiro do BNDES?

2) Se o circuito é:

a) BNDES fomenta a empresa (com bilhões) para que ela realize IPO nas Américas;

b) O IPO gera recursos para que o BNDES realize seu investimento e volte para casa cumprindo sua missão de fomento, na crença de que sua missão é criar multinacionais brasileira;

Sendo este o circuito e tendo ele não sido realizado, o BNDES muda seu plano estratégico e da missão de fomento (entrar e sair) passa a ter uma missão de presença, imobilizando capitais? Mas tais capitais não necessitam ser democratizados para toda a sociedade em investimento na infraestrutura caquética? Se todos vamos pagar a conta dos recursos que formam a capacidade de investimento do BNDES, não é justo que o investimento seja para todos? E todos quer dizer todos. Todos é o contrário de imobilizar. Imobilizar é concentrar nos Irmãos Batista, não estender o mesmo benefício a todos, os irmãos Pedro, os irmãos José, os irmãos Sebastião: construir uma ferrovia serve a todos os irmãos do Brasil e permite que todos paguem o custo do subsídio (porque somos nós todos quem pagamos o subsídio, a benção, o nutriente estatal).

O Presidente que sai falou que o Presidente que entra ““vai estar mais focado na operação do dia a dia da JBS”. Posso concluir que havia déficit de foco da Presidência do JBS na operação do JBS?

O conjunto de declarações dadas à imprensa, ontem, é uma obra dadaísta de comunicação. O Irmão Batista Joesley, por exemplo, perguntou “o preço da ação deveria valer R$ 24. Por que não vale? Não sei”, disse ele.

Eu sei.

É que o mercado de capitais é constituído de um número infinitamente maior de investidores do que o número de pecuaristas.

É porque o mercado de capitais é constituído de um número infinitamente maior de investidores do que o número de frigoríficos.

Portanto, é um ambiente de hiper-população diferente do mercado oligopolizado onde o JBS sabe operar.

Porque no mercado livre e hiper-populoso não dá para fazer o que o mesmo Irmão Batista fala que faz no vídeo publicado no youtube pelo deputado Ronaldo Caiado: derrubar o preço. Perdão leitores, é necessário ser justo: prática que o Irmão Batista disse que fazia pois depois que o BNDES incentivou a formação do oligopólio, não precisa mais fazer: basta ligar JBS para JBS, não precisa telefonar mais para o Bertin (condenado pelo CADE, o JBS não porque “pagou para não ver” e portanto não se viu julgado).

Também tem outra diferença fundamental: no mercado livre de capitais o xerife chama-se CVM, não se chama CADE... para quem vai tudo bem obrigado.

É por isso e algo mais, que, na minha opinião, o preço das ações não sobe e se comporta como rabo de égua.

O Presidente que sai e fica reconheceu que houve erros e que “Diria que pagamos preço barato pelo aprendizado”. Eu diria que o Tesouro Nacional pagou caro pelo aprendizado, curso barato para os Irmãos Batista e caro para o BNDES: afinal, como disse a Revista Exame o segredo da aventura Global do JBS está “no bolso do BNDES”.

O Presidente que sai e fica disse que restringindo-se à presidência do Conselho terá mais tempo para as “relações institucionais”: imaginem... o JBS já é campeão nesta arte... maior contribuinte da campanha da Dilma lá.

Finalizo tranquilo, nem o JBS nem os Irmãos Batista podem me processar por expressar livremente minha opinião posto que perguntado onde o JBS errou, respondeu: “Como presidente, acho melhor as pessoas me julgarem do que eu me julgar.”

Mesmo não sendo eu o CADE, a CVM, o Banco Central nem tão pouco a Justiça, sendo apenas uma pessoa convidada a julgar, a convite do próprio... expressei o meu julgamento.

. Por: Nacir Sales Nacir Sales, advogado, escritor de 27 livros e prepara o lançamento de seu novo livro JBNDES: ainda não proibido.

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