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18/07/2007 - 09:10

De pai para filho

O caso do pai que se recusou a pagar a fiança para a liberação de seu filho da cadeia gerou uma grande discussão ao abordar a responsabilidade dos pais em relação às atitudes dos filhos. O rapaz de 21 anos foi preso por dirigir embriagado. Por ser um crime afiançável, bastava o pai pagar R$500,00 para que o filho fosse liberado. Porém, Juraci Martins se negou a pagar, alegando que o filho tem que assumir a responsabilidade pelo ato que cometeu.

Não foi a primeira vez que Rodolfo, o filho, causou problemas à família. Usuário de drogas, Rodolfo já havia tido problemas com a Justiça, quando foi detido por roubo, posse de drogas e porte ilegal de armas. Quando o pai percebeu que o filho tinha pegado as chaves do seu carro sem autorização, tratou de fazer uma denúncia à polícia. Quando os policiais acharam o rapaz com a caminhonete, perceberam que ele estava embriagado e o encaminharam para a delegacia, onde ele ficou detido.

A atitude do senhor Juraci Martins dividiu opiniões e gerou polêmica entre pais e filhos de todo o país, que tomaram conhecimento do caso. Muitos não concordam com a posição do pai de denunciar o próprio filho e não pagar para que ele seja liberado. Outros, acreditam que o que ele fez foi por querer buscar uma solução para os problemas do filho e apóiam essa decisão. Até que ponto um pai pode ser culpado por atitudes erradas cometidas por seu filho? É certo um pai passar a mão na cabeça do filho quando ele comete um crime?

Essas são questões com as quais lidamos diariamente nos grupos de Amor-Exigente espalhados por todo o Brasil e em mais três países da América Latina. Muitos pais chegam até nós para buscar orientações de como devem agir diante da má conduta de seus filhos. Será que puni-los de forma rígida é um modo de não demonstrar amor? Ou os comportamentos do meu filho são reflexo de alguma falha na maneira de educá-lo?

Como pais e educadores, nos é dado o dever de sermos orientadores e guias para nossas crianças e jovens. Por isso, ordem e disciplina são sempre importantes para que eles aprendam o valor do respeito e dos limites. É preciso ensiná-los que a família é o núcleo principal dos valores como respeito e amor a si mesmo e ao próximo. Quando as regras não são bem aplicadas, temos jovens com comportamentos iguais aos de Rodolfo.

O problema está na ausência de valores éticos, de funcionalidade familiar e da falta de limites que também influem para explicar que atitudes assim aconteçam. O Amor-Exigente acredita que uma crise bem administrada pode reverter em mudanças positivas, principalmente quando se trata do comportamento de crianças e jovens, que estão sendo educados para serem os cidadãos do futuro. Para isso, cabe aos pais disciplinar os filhos. Nossa experiência comprova que os pais só podem resgatar e trazer de volta seus filhos quando tomam atitudes mais severas, norteados pelos valores da família.

Os pais não podem ser culpados pelas atitudes de seus filhos. Mas somos responsáveis, sim, quando não agimos com rigidez para tentar fazer com que eles sejam pessoas de caráter e valores éticos bem arraigados. Um exemplo é a declaração de um dos pais dos garotos que recentemente foram presos por agredirem uma empregada doméstica no ponto de ônibus. O pai disse a todos os jornais que não achava certo o que o filho fez, claro, mas que não se justificava ter sido preso por causa disso. Um ato de violência gratuita obviamente deve ser punido conforme a justiça. O fato de ser seu filho, não significa que esteja acima da lei. Questiono o exemplo desse pai ao não condenar a conduta do filho de agredir sem motivos uma mulher que estava indo trabalhar. E se no lugar dessa empregada doméstica estivesse sua esposa ou sua filha, ele pensaria diferente?

Muitas vezes, as medidas extremas, como a tomada por Juraci, são a única saída para reverter o comportamento de um filho. Amar é também punir,colocar limites, não acatar atitudes moralmente inaceitáveis. Educar bem os filhos é tirar deles o melhor que têm a oferecer. É fazê-los entender deveres e responsabilidades, levando em conta que eles aprendem facilmente a obter direitos e vantagens. Os pais devem estar atentos e serem capazes de amar seus filhos de modo a fazer por eles o que precisa ser feito, sem pena deles ou de si mesmo.

. Por: Carlos Alberto Ribaldo, membro da Diretoria da Febrae - Federação Brasileira de Amor-Exigente, que congrega a rede de grupos de apoio a pais na prevenção e no tratamento de problemas familiares espalhados por todo o Brasil.

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