A trajetória de vida e vocação de um sertanejo

Acaba de ser lançado no mercado editorial o livro “A trajetória de vida e vocação de um sertanejo”, escrito por Joãozito Andrade e Erenilda Amaral. A obra conta a história de um dos maiores selecionadores de gado Nelore do Brasil. Sua experiência traduz o resultado da gestão do conhecimento na prática.

O baiano Joãozito Andrade dedicou a maior parte de seus 90 anos à pecuária, como criador e selecionador dos rebanhos bovinos Nelore, Kangayan e Violeira Trindade; caprinos Canindé e Britsh Alpine; além de ovinos Trindade. Sua trajetória se confunde com a história da criação de gado na Bahia. Natural da cidade de Jeremoabo, localizada no sertão nordestino, o fazendeiro é autodidata: aprendeu fazendo, observando, testando. “Meu mestre foi a natureza”, confessa.

Na autobiografia “A trajetória de vida e vocação de um sertanejo”, escrito em conjunto com a historiadora Erenilda Custódio Santos Amaral, o exímio conhecedor de seus animais de criação documenta o trabalho realizado em prol da seleção genética de bois e caprinos, feita em pleno clima semiárido do nordeste da Bahia. As imagens retiradas dos álbuns de família, os textos e os documentos antigos foram escolhidos à sua maneira, de acordo com a vida simples que leva no meio da caatinga. “Quando o asfalto chega, eu corro dele”, diz.

O plantel de gado Nelore de seu Joãozito começou com apenas seis cabeças. Hoje conta com 1,3 mil animais e é um dos rebanhos mais puros do mundo. O caprino tem com três mil exemplares. “Sempre sonhei com a terra, com o gado, com a natureza”, conta à sombra de um umbuzeiro.

Quando começou a pesquisar as raças, notou que havia diferenças entre elas. Procurou estudar e basear sua seleção na consanguinidade. Conseguiu um grau de pureza reconhecido no mundo inteiro. Por insistência de Erenilda, decidiu a registrar toda experiência em livro. Como não tem filhos, seu Joãozito decidiu doar seu patrimônio para a humanidade. “Sempre achei que tudo na natureza pertence a todos. Sou apenas um administrador”.

Para Erenilda Amaral, que também é diretora da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento (SBGC), o pecuarista é detentor de conhecimento tácito, obtido pela observação e experimentação. “O conhecimento tácito é aquele que não se aprende nos manuais. Joãozito Andrade adquiriu, empiricamente, o domínio da aplicação de técnicas de gestão do conhecimento, inteligência competitiva, inovação e sustentabilidade”, avalia. Foi ela quem planejou a organização do acervo e o incentivou a registrar suas memórias.

“A história de Joãozito Andrade é o exemplo vivo do que é a gestão do conhecimento na prática, do que as técnicas de GC podem fazer na vida das pessoas e nas organizações”, comenta Sonia Wada, presidente da SBGC. ”Provavelmente se todo esse conhecimento não fosse registrado em livro, ficaria perdido quando seu Joãozito fosse embora. É o que acontece em muitas empresas, quando um antigo colaborador se aposenta e sua experiência não foi repassada a ninguém.”

De acordo com Wada, não basta apenas deter o conhecimento, é preciso saber geri-lo, criar processos que armazenem esse saber, que propiciem novos conhecimentos e que os disseminem de forma que todos tenham acesso. ‘’É o que seu Joãozito está fazendo!”, ensina.

.[Autores: Joãozito Andrade e Erenilda Amaral | Editora: Independente |180 Páginas | Preço: R$ 250,00| À venda no site www.joaozitoandrade.com/contato.php