Qualquer semelhança não é mera coincidência

Os fatos recentes do Egito, ao lado da obstinação democrática de um povo admirável, fizeram emergir o respeito ao jurista e diplomata egípcio Mohamed Mustafa ElBaradei. Neste momento histórico em que atravessa o País, a comunidade local e internacional depositou a confiança na grandeza cívica deste ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2005.

A participação de ElBaradei na revolução sem armas do Egito mostra o significado e a força de um Prêmio Nobel. Mais do que a consagração pessoal e ganhos monetários, os premiados se tornam símbolos de credibilidade e agentes de transformação social e política.

O Brasil também possui o “seu” Prêmio Nobel. Trata-se do Prêmio Fundação Conrado Wessel. Como o sueco Alfred Nobel, o químico e cientista Ubaldo Conrado Augusto Wessel deixou todos seus bens em testamento em prol do reconhecimento profissional para a criação de uma fundação com a missão de premiar anualmente personalidades que contribuem para o bem da comunidade nacional.

Wessel, filho de família alemã, nascido na Argentina, mas criado no Brasil, fez fortuna com a patente de uma fórmula inovadora para a fabricação de papel fotográfico de qualidade superior. Apesar de toda a concorrência dos estrangeiros, o papel dominou o mercado mundial, principalmente, depois da associação com a multinacional Kodak, a partir da metade do século passado.

O Prêmio FCW instituído pela Fundação Conrado Wessel distribui anualmente R$ 1,2 milhão. Desde 2002, 70 personalidades das áreas da Ciência, Medicina, Cultura e Fotografia foram laureadas. As comissões julgadoras são formadas por representantes de instituições renomadas da mais alta credibilidade como FAPESP, CAPES, CNPq, SBPC, CTA (Centro Técnico Aeroespacial), ABL (Academia Brasileira de Letras), ABC (Academia Brasileira de Ciências) e dos ministérios da Ciência e Tecnologia e da Cultura.

Vários cientistas e artistas que ocupam hoje posições de grande responsabilidade nos rumos e destinos do país foram agraciados pelo Prêmio FCW. São pioneiros em suas áreas de atuação. Empreenderam atividades reconhecidas internacionalmente com grande impacto social e, por isso, se transformaram em fiadores do desenvolvimento do Brasil, em suas áreas de atuação.

A Fundação Conrado Wessel concede ainda o Prêmio Almirante Álvaro Alberto em conjunto com a CNPq e o Ministério da Ciência e Tecnologia e contribui para o Prêmio Grandes Teses da CAPES com 12 bolsas complementares de pós-doutorado no exterior. Além disso, faz doações anuais a seis entidades assistenciais.

Nobel e Wessel integram aquele grupo muito especial de indivíduos desconhecidos que contribuíram de modo significativo para promover mudanças positivas no mundo em que viveram, com reflexos até hoje. Transcenderam à individualidade em prol do bem comum. A coincidência de suas ações não é casual, mas decorrente de uma índole que torna mais otimista a crença na viabilidade de nossa civilização.

. Por; José Caricatti, professor e superintendente da Fundação Conrado Wessel.