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20/07/2007 - 15:09

Estudante pesquisa a Amazônia anterior à existência dos dinossauros


Há 385 milhões de anos, quando ainda nem existiam dinossauros, a Terra era habitada por invertebrados e os mares ocupavam grande parte dos continentes. Nesse período, chamado Devoniano, a bacia do Amazonas fazia parte de um grande continente, o Gondwana, formado pelo Brasil, África, Antártida e Austrália. É essa fase da pré-história que desperta o interesse de Ana Carolina Gelmini de Faria, estudante do penúltimo período de Museologia. Com apoio da FAPERJ, ela faz parte de uma pesquisa de Iniciação Científica (IC) sobre a formação Ererê, que ocupava toda a bacia do Amazonas, antes da existência dos dinossauros.

Curiosidade e iniciativa própria são características marcantes na personalidade de Carolina. Nos primeiros períodos da faculdade, estagiou como voluntária na catalogação da coleção paleontológica da universidade. Além disso, entre os dias 9 e 13 deste mês, ela esteve em Belém participando da 59ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira Para o Progresso da Ciência), evento a que compareceu pela primeira vez. "Vi na internet que eles estavam inscrevendo trabalhos para a Expo Jovem e submeti o meu, um estudo sobre uma outra formação do período Devoniano, a Maecuru. Tive total apoio e suporte da minha orientadora. Fui selecionada e depois conseguimos que a faculdade custeasse minha passagem", recorda.

Material reunido servirá para produção de livro paradidático infanto-juvenil - Seu trabalho vem sendo desenvolvido no Laboratório de Estudos de Comunidades Paleozóicas (LECP/UniRio), sob a orientação da professora doutora Deusana Maria da Costa Machado. "Quando fiz a disciplina de Paleontologia - ramo das ciências naturais que através de seu objeto de estudo, os fósseis (restos ou vestígios de organismos), reconstitui diferentes momentos da história da Terra - resolvi me aprofundar nessa área. Foi então que a professora me convidou para participar dos trabalhos no LECP. Depois conseguimos uma bolsa de IC pela FAPERJ", recorda. Seu objetivo é reunir informações sobre a formação Ererê e divulgar a história da bacia do Amazonas. Todo o material reunido será transformado em um livro, a ser distribuído em bibliotecas e escolas públicas do estado para auxiliar na educação de crianças e adolescentes.

Atualmente, Ana Carolina está terminando de catalogar e selecionar dados para elaborar a narrativa do livro, que além de fotos e ilustrações, ainda terá desenhos e brincadeiras para estimular a aprendizagem. "Na formação Ererê, o avanço do mar, o que chamamos de transgressão marinha, se instalou definitivamente em terra, favorecendo um ambiente com características diferentes e o surgimento de espécies de invertebrados marinhos, compostas por braquiópodes; moluscos; trilobita, animal marinho que descendia dos artrópodes e possuía corpo mole e carapaça dura insolúvel na água; crinóides, classe mais antiga de equinodermos e que existiam em grande quantidade na formação Ererê", explica a estudante, mostrando que já domina a terminologia do curso.

De acordo com Carolina, associando-se informações é possível reconstituir o ambiente e os organismos que habitavam determinada localidade no tempo geológico analisado, principalmente por meio de estudos sistemáticos de dados paleocológicos e paleoambientais. "A formação Ererê ocorre principalmente em sub-superfície, aflorando ao longo das margens norte e sul da bacia. O seu registro de fósseis ocorre em diversos tipos de rochas sedimentares, porém com maior abundância na base da formação, que é composto por tempestitos, que são depósitos de tempestades", acrescenta.

O sonho de Carolina é ser professora universitária. Ela pretende tentar mestrado logo após a faculdade e em seguida fazer doutorado. Apaixonada pelo curso que escolheu, ela expõe seus argumentos para futuros ou recém-universitários ainda em dúvida. "A Museologia é uma carreira interdisciplinar, que permite ampliar o conhecimento em várias áreas distintas, como a artística, a cultural e a das ciências naturais. Além disso, é um campo mais do que nunca em expansão, não só no Brasil, onde a questão da preservação da memória cultural e do patrimônio nacional – elementos que constituem a riqueza do país – estão em evidência, como no mundo todo. Basta ver os modernos museus virtuais de ciências e as diversas iniciativas de divulgação científica que têm se expandido pelo país", conclui a estudante. | Foto: Fóssil de trilobita (ao centro), animal marinho de corpo mole e carapaça dura insolúvel em água | Por: Vinicius Zepeda /Faperj

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