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04/03/2011 - 11:43

O novo Brasil e seus executivos

As empresas brasileiras entram em nova fase após galgar outro patamar de desenvolvimento, fruto de um longo período de expansão. São alguns anos que vão desde o Plano Real em 1994, que finalmente dá uma nova cara ao país trazendo sua inflação para níveis civilizados, até o final do governo Lula. Sendo que este, especialmente, no seu primeiro mandato, teve o privilégio de ter sido apanhado por excelentes ventos de popa e também a capacidade de bem posicionar o barco Brasil para aproveitar-se dessas boas aragens. Destacam-se as políticas assistenciais que, apesar de merecerem diversos retoques, inegavelmente tiveram a capacidade de impulsionar a renda e o consumo de uma classe at é então apartada do mercado. Estes ventos favoráveis foram fortemente influenciados pela elevação dos preços das commodities f ruto, em grande parte, do crescimento da economia mundial com destaque para o da China.

Entramos numa nova fase. O Brasil é outro país. Passou bem pela crise mundial de 2008 e, apesar de não ir lá muito bem das pernas no âmbito fiscal, tem novo governo, aparentemente bem focado na superação destes percalços, e uma economia turbinada por uma combinação de mais emprego, mais renda e mais crédito. Vivemos hoje uma realidade onde uma enorme massa populacional passa a ter acesso, não somente à tecnologia que o mundo moderno nos oferece, mas também a bens básicos que vão desde alimentação, passando por moradia, assistência à saúde, educação e lazer. Em resumo, tudo indica que teremos ainda um bom período de prosperidade, pela frente.

Este movimento, ascendente, da economia brasileira propiciou e foi suportado pelo crescimento do setor produtivo, não somente nos grandes centros mas, em especial, fora deles numa verdadeira interiorização da economia brasileira.

Em paralelo a tudo isso, intensificam-se os problemas de gestão. É evidente o descompasso entre o crescimento recente da economia e a melhoria nos níveis de qualificação da mão de obra requerida para sustentar este novo Brasil. Não somente problemas relativos à carência de recursos humanos mas, principalmente, à sua qualidade. É o que alguns chamam de “apagão da mão de obra”. Este fenômeno não ocorre apenas no “chão de fábrica”. Dá-se também nos níveis mais elevados da pirâmide desde o escalão das gerências até ao nível dos principais executivos das empresas. Estes estão tendo que de adaptar-se, rapidamente, aos novos tempos.

Quem respira os ambientes intramuros das organizações, percebe que este novo titular de empresa, seja ele contratado seja ele o seu “dono”, não mais pode administrar essa nova corporação segundo os moldes centralizadores que até pouco tempo atrás, funcionavam. O fenômeno conhecido com “solidão do poder” é identificado e passa a ser combatido. O modelo onde o chefe se encastela numa torre de marfim ouvindo de seus subordinados diretos apenas as boas notícias, tudo indica ficaram para trás. Aquele presidente ou diretor que só se cerca de profissionais especialistas em dizer sim para tudo qu e ele entende correto, chegou ao fim. A luta para combater o “isolamento do poder” precisa ser uma constante deste novo gestor. Sair de sua sala, visitar todas as áreas, rotineiramente, especializar-se em sa ber perguntar e em saber ouvir mais do que falar é fundamental e precisa ser aprimorado. O exercício da indagação requer humildade mas é de suma importância para um líder. Ouvir o que tem a dizer toda a cadeia de produção sem se esquecer, claro, do agente mais importante desta engrenagem, o consumidor, parece ser um exercício diário da maior relevância para o sucesso das organizações.

O número um da empresa moderna, não deve estar sentado naquela cadeira porque é o principal acionista ou porque é o que mais sabe em relação a todos os demais. As empresas cresceram e se modernizaram. São várias áreas dentro de uma mesma organização. É impossível que o principal gestor saiba tudo melhor que todos. O seu sucesso deve ser uma decorrência de outro saber, muitas vezes intangível. É a sua percepção acurada, senso de oportunidade, equilíbrio emocional, capacidade de negociação, de motivar pessoas e, principalmente de saber perguntar e de saber ouvir.

O primeiro momento foi o da busca por atualização, capacitação. Foi o “boom” dos cursos de educação continuada. Os MBA’s, as pós- graduações, os cursos de especialização, etc. Mais recentemente, existe uma nova onda entre executivos de ponta que passam a perceber a necessidade de trocar experiências junto a outros números “1”, outros iguais. Nestes ambientes onde predomina a máxima de que a sabedoria coletiva é maior que a individual, troca-se experiências, desafios, obstáculos e alternativ as de superação. É, sem substituir a educação continuada, um ambiente muito rico para se enfrentar esta nova fase da economia brasileira que requer mais sabedoria de gestão, especialmente aque la que não se aprende nos livros e sim no dia a dia, no troca-troca de experiências com quem já viveu algo semelhante.

. Por: Cláudio da Rocha Miranda – economista e coordenador da organização internacional Vistage no Rio de Janeiro

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