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16/03/2011 - 15:51

DPOC: tratamento para o pulmão também protege o coração

Mais da metade das comorbidades que acometem os portadores da doença são relacionadas a problemas cardiovasculares. Cardiopatias respondem por 50% dos óbitos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 210 milhões de pessoas no mundo lutam contra a DPOC – Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – e cerca de três milhões morrem todos os anos em decorrência da doença. Muitos desses óbitos resultam de complicações ocasionadas por doenças relacionadas à DPOC (comorbidades), como os problemas cardiovasculares, responsáveis por 56% das enfermidades que ocorrem em conjunto com a doença.

Além de ser uma das comorbidades mais frequentes, as cardiopatias são responsáveis por grande número de óbitos entre os pacientes de DPOC, mesmo em estágios iniciais. “Estudos comprovam que 27% a 51% dos óbitos em DPOC são devidos a causas cardiovasculares. A chance de algum evento cardíaco ocorrer na evolução da DPOC durante três anos é maior que 20%”, explica o pneumologista Adalberto Sperb Rubin, diretor da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

Entre os fatores responsáveis pela associação da DPOC com as cardiopatias está o mau funcionamento do pulmão, principal órgão afetado pela doença. Portadores de DPOC têm diminuição no diâmetro das vias aéreas, prejudicando a passagem de ar. Quando o pulmão não funciona direito, não consegue transportar o oxigênio para outros órgãos, como cérebro, rins e coração. Além disso, há a hipótese de que a hiperinsuflação pulmonar (aumento do tamanho do pulmão causado pela DPOC) causa uma redução do diâmetro das cavidades cardíacas.

As exacerbações – crises fortes de falta de ar e tosse comum em pacientes com a doença – aceleram o coração e demandam grande esforço do paciente, aumentando a ocorrência de eventos cardíacos e concomitante mortalidade. Um estudo com pacientes que foram a óbito durante exacerbações de DPOC demonstrou que 37% das mortes foram causadas por doença cardiovascular. Outro fator para o alto risco é o sedentarismo. Por afetar diretamente as atividades rotineiras, portadores de DPOC tendem a fazer menos atividade física, o que pode causar sobrepeso e sobrecarregar o coração, além de contribuir para a má circulação de veias e artérias.

“Por todas as complicações que a DPOC acarreta, os portadores da doença têm mais chances de desenvolver insuficiência cardíaca, isquemia, hipertensão pulmonar, doença cardíaca coronária, angina, infarto, arritmia e má circulação”, alerta o Dr. Rubin.

A DPOC pode ter relação com outras doenças crônicas, como diabetes, osteoporose, ansiedade, depressão e distúrbios do sono. Estudo publicado em 2009 com 1.003 pacientes demonstrou que 55% também apresentavam hipertensão; 52%, colesterol alto; 37%, depressão; 31%, catarata; e 28%, osteoporose. As principais causas estão associadas a sedentarismo, falta de ar e reclusão, entre outras. Boa parte desses pacientes já estava utilizando alguma medicação para controle e tratamento das doenças associadas, o que, em conjunto com o tratamento da DPOC, contribuiria para a prevenção da evolução dessas patologias.

Já a Pesquisa Revelar, realizada pelos laboratórios Boehringer Ingelheim e Pfizer, mapeou o comportamento de 229 pessoas diagnosticadas há sete anos, em média, com DPOC, em quatro capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre). Segundo a pesquisa, 44% dos pacientes disseram sofrer de hipertensão arterial; 17%, de problemas no coração; 13%, de depressão; 10%, de gastrite ou diabetes; 7%, de artrite; e 4%, de problemas na coluna.

Tratamento correto pode evitar complicações - Apesar de a DPOC ser uma doença progressiva e pouco reversível, seus sintomas podem e devem ser tratados. Quanto antes for feito o diagnóstico, melhor será a reposta ao tratamento e menos complicações e comorbidades associadas à doença serão manifestadas.

Dentre os tratamentos recomendados pelo Consenso Brasileiro de DPOC, estão os broncodilatadores inaláveis de longa ação, como o brometo de tiotrópio, no Brasil comercializado com o nome Spiriva. O medicamento aumenta o diâmetro das vias aéreas e proporciona melhora dos sintomas, aumentando a resistência às atividades diárias e aos exercícios, e reduzindo as exarcebações.

O estudo UPLIFT, iniciado em 2002, comprovou a eficácia e a segurança do brometo de tiotrópio no tratamento da doença. O medicamento proporcionou melhora sustentada da função pulmonar dos pacientes ao longo de quatro anos. Durante o estudo, em que 5.993 pacientes foram randomizados para receber tiotrópio ou placebo uma vez ao dia, foi constatado que o medicamento prolonga em mais de quatro meses o tempo para a primeira exacerbação e reduz em 14% o número desses eventos por paciente/ano.

Um dos fatores essenciais para a melhora da função pulmonar é a ação anticolinérgica do medicamento Spiriva, responsável por inibir a atuação da acetilcolina. O aumento exagerado da acetilcolina pode provocar broncoespasmo, hipersecreção do muco e hiperinsuflação pulmonar, principal mecanismo patológico da dispneia e limitação a exercícios em pacientes com DPOC. Comprovou-se que 2/3 da variação diária do fluxo aéreo está associada à ação anticolinérgica e que o tônus colinérgico das vias áreas é o principal componente reversível da DPOC.

A ação do Spiriva diminuindo o número de exacerbações somada à melhora significativa da função pulmonar também contribuiu para reduzir o risco cardiovascular dos pacientes. O uso do Spiriva reduziu a incidência das doenças cardíacas e respiratórias, o que confirma o perfil favorável de segurança do medicamento, que proporciona benefícios importantes para os pacientes, desde a fase moderada até a grave. Houve ainda uma diminuição significativa de 16% na mortalidade durante o período em que os pacientes receberam o medicamento e esse efeito foi mantido durante os quatro anos do estudo.

“O reconhecimento do risco cardíaco elevado em pacientes de DPOC torna o tratamento e o manejo da doença ainda mais complexo dentro do atendimento global do paciente. Além de buscar alívio dos sintomas através do emprego da terapia medicamentosa e reabilitação pulmonar, o médico deve ficar atento para a coexistência dessas outras doenças e agir na prevenção dos eventos cardíacos”, completa o pneumologista.

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