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18/03/2011 - 09:21

Obama usará discurso na Cinelândia para passar valores dos EUA, diz especialistas


São Paulo- No discurso inusitado que fará no domingo em praça pública no Rio de Janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deve se dirigir mais à sociedade brasileira e menos ao governo do país, segundo especialistas em relações internacionais.

O gesto, acreditam, é simbólico, mas com força suficiente para buscar atrair a população aos valores norte-americanos. Segundo a embaixada dos EUA, o discurso "é direcionado a todos os brasileiros".

"As sociedades têm muitos valores em comum, mais do que a relação governamental", disse à Reuters o professor Reginaldo Nasser, da PUC-SP.

O palco será a Cinelândia, local histórico no centro do Rio de Janeiro, que deve ter telões onde serão projetadas legendas em português das falas de Obama, em sua primeira visita ao Brasil. É possível transmissão ao vivo pela TV.

A Cinelândia recebeu a famosa passeata dos 100 mil contra a ditadura militar em 1968 e também manifestações da campanha das Diretas Já, pelo voto direto para presidente, em 1984.

"Em praça pública, é o chamado tocar corações e mentes. Ele tem tudo para conseguir. E se puder trocar uns três passos de samba então...", disse à Reuters o professor e pesquisador da USP José Augusto Guilhon Albuquerque, que destaca a facilidade do contato popular do norte-americano.

Obama, que no sábado tem encontro com a presidente Dilma Rousseff em Brasília, estaria tentando conquistar os brasileiros tendo em mente aperfeiçoar as relações entre os dois países, que tiveram atritos durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como a questão dos direitos humanos no Irã.

"A presidente Dilma Rousseff está querendo mudar essa relação, mas isso não se faz só do encontro de dois chefes de Estado. Para melhorar esta situação é preciso conquistar o povo", argumentou Guilhon Albuquerque.

Na opinião de Nasser, mesmo com esta suposta diferença em relação aos direitos humanos, Obama não vai se furtar ao tema. "Ele é sutil, vai falar", acredita.

O estilo é característico não apenas de Obama, mas de muitos presidentes do Partido Democrata norte-americano. Já em 2007, na visita de George W. Bush ao Brasil, o ex-presidente republicano se deteve ao protocolo.

Seguindo a trilha das preocupações dos líderes norte-americanos, Obama deve explorar em sua fala uma série de valores caros ao seu país. Os analistas apontam como temas certeiros no pronunciamento a defesa da democracia, dos direitos humanos e da participação popular nos assuntos importantes da política.

Questões mais complexas presentes nos dois países também devem ser mencionadas, como a racial, na qual Obama deve se mostrar com um exemplo de superação.

Nesta linha de preocupações, ele deve defender ainda a necessidade da ascensão social, cara aos norte-americanos e que foi vivenciada recentemente no Brasil com 20 milhões de brasileiros que ingressaram na classe C.

Há a possibilidade de ele mencionar questões da atualidade, que tocam a todos, como a nuclear e a solidariedade, ambas relacionadas à tragédia japonesa. Já assuntos bilaterais que exijam a sutileza da linguagem diplomática, como a demanda do Brasil por um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, deverão ser evitados.

Obama viveu situações semelhantes no Cairo, quando discursou em uma universidade local, e em uma praça de Praga, ambas em 2009.

No Brasil, não se tem memória de outro presidente estrangeiro discursando diretamente ao público. Em 1943, o então presidente dos EUA, Franklin Delano Roosevelt, em visita ao país circulou em carro aberto ao lado do presidente Getúlio Vargas em Natal (RN).

Para ajudar a atrair o público à Cinelândia, a embaixada norte-americana criou páginas no facebook e no twitter. No local, o público passará por checagem de segurança e não será permitido entrar com bolsas, mochilas, objetos cortantes e cartazes. Já câmeras fotográficas e celulares serão permitidos. |Por Carmen Munari/Reuters.

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