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18/03/2011 - 10:36

A corrida do ouro que forjou uma nação

Em Boa Ventura!, O jornalista Lucas Figueiredo mostra como a ganância e a procura de riquezas ajudou a moldar o Brasil como nós conhecemos.

“A maldição das Minas eram duas. Seu povo: “homens brutos e facínoras (...), cheios de todo o gênero de maldades, luxúrias, cobiças, dolos, invejas, homicídios, contendas, enganos, malícias e murmurações; (...) execrandos, ignominiosos, soberbos, arrogantes, inventores de todos os males e desobedientes; sem juízo, sem ordem, sem amizade, sem fidelidade e sem compaixão”. Em segundo lugar na lista de infelicidades das Minas, o conde apontava a riqueza metálica escondida debaixo da terra. “O ouro encerra e oculta em si muitas fezes...”, definiu, desta vez com poucas palavras.

Fevereiro de 1876, o falido rei D. Luís I vasculha os cofres portugueses à procura de jóias e itens de valor que possam ser vendidos. Abandonada por décadas, longe do olhar de todos, uma pepita de ouro com aproximadamente 20 quilos chama a atenção. Último remanescente de uma época de riqueza incalculável para o velho império lusitano. Retirada de solo brasileiro, a pepita é prova viva de um dos momentos decisivos da história do Brasil Colônia e que deixaria marcas também na metrópole: a corrida do ouro. Depois da descoberta do El Dorado tupiniquim, os portugueses deixaram suas indústrias definharem, acreditando que poderiam comprar tudo o que quisessem. Donos de uma terra de que o dinheiro brotava do chão. Os detalhes da febre do ouro no Brasil e em Portugal ganham contornos de aventura sob a pena de Lucas Figueiredo. Das tentativas infrutíferas, até a descoberta — primeiro em Minas Gerais, depois Bahia e Goiás —, Lucas traça um painel inestimável do início da colonização brasileira. O livro acaba de sair da gráfica da Editora Record [www.record.com.br] e chega às livrarias nesta semana.

. Boa Ventura, de Lucas Figueiredo | Grupo Editorial Record/Editora Record| 368 páginas | Preço: R$ 39,90.

Chuva na cabeça, sol na nuca, peste, fome, feras, canibais. Traições, intriga e corrupção. Esses são os ingredientes dessa aventura. A história da primeira loucura a varrer o solo brasileiro: a corrida do ouro que ajudou a forjar nossa nação. Quando a esquadra de Pedro Álvares Cabral se desviou à direita do continente africano, era a cobiça sua bússola. Cravo e canela podiam render um bom dinheiro no Velho Mundo, mas eram as esperanças de ouro e prata que incendiavam o coração lusitano. E as cortes europeias.

Desde Manuel I, o venturoso, e sua improvável ascensão ao trono dos Avis, a obsessão lusitana por enriquecimento fácil tinha fincado suas raízes. E deitado ao mar milhares de homens pouco afeitos ao trabalho duro na terra. Mas afoitos pelo El Dorado. A sorte da Espanha em seu quinhão de América só servia para aquecer os delírios de nossa metrópole. Incontáveis expedições se aventuraram — e pereceram — nos sertões brasileiros em busca de qualquer coisa que reluzisse. Nosso próprio Sabarabuçu, versão tupiniquim da boa ventura espanhola.

Aqui, Lucas Figueiredo traz à vida, pela primeira vez, a trajetória dura e demorada em direção à descoberta de nossas riquezas minerais — e suas consequências. A América Portuguesa estava entre as noves províncias gemológicas do mundo. Com um solo impregnado de pedras preciosas, sobretudo, diamantes. Mas foram mais de dois séculos até a Coroa ver algum sinal de riqueza. E apenas a metade do tempo para dilapidar esses recursos. Em cem anos, Portugal torrara mais de metade do metal precioso produzido no mundo naquele período.

Uma sucessão de monarcas perdulários, administradores corruptos e sonegadores de impostos desfilam nas páginas de Boa Ventura! com a familiaridade nascida da boa pesquisa. Lucas, com vários Prêmios Esso na bagagem, segue as pegadas fincadas nas picadas da mata por gerações de aventureiros. E traça um painel da grande transformação brasileira: estimulada pela corrida do ouro, a imigração contribuiu para transformar uma colônia esquálida de 300 mil habitantes em robusta colônia de 3,6 milhões. A busca pelo metal ajudou a ocupar e proteger as fronteiras do Brasil, a desenvolver a agricultura e até mesmo as artes.

Só uma coisa não restou desse período... Seu principal protagonista: o ouro brasileiro. Pulverizado por toda Europa.

Jornalista e escritor, Lucas Figueiredo nasceu em Belo Horizonte em 1968. Recebeu os prêmios Esso (2007, 2005 e 2004), Jabuti (2010), Vladimir Herzog (2009 e 2005), Imprensa Embratel (2005) e Folha (1997), entre outros. Agraciado pelo site Jornalistas & Cia com o mérito Grandes Jornalistas (2010) por estar entre os quinze jornalistas brasileiros mais premiados no período 1995-2010. São de autoria de Figueiredo os livros-reportagem Morcegos negros (2000), Ministério do silêncio (2005), O operador (2006) e Olho por olho (2009), todos publicados pela Record. Atualmente, Figueiredo é repórter especial e colunista da revista GQ.

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