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CANAIS

25/07/2007 - 09:31

Pinturas Face a Face e Universalismo Construtivo no Instituto Tomie Ohtake

Exposições: Cristina Canale e Sérgio Sister – Pinturas Face a Face [ Universalismo Construtivo – Joaquín Torres García], até 26 de agosto de 2007, de terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca, no Instituto Tomie Ohtake, Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés) - Pinheiros SP | Telefone: (11) 2245-1900. Patrocínio: Porto Seguro

O Instituto Tomie Ohtake já realizou exposições que reuniram pequenos grupos de artistas para apresentar um amplo panorama da produção de cada um. A primeira trouxe obras de Cássio Michalany, Caetano de Almeida e Delson Uchôa, enquanto a mais recente, de Luiz Zerbini, Marco Paulo Rolla e Rafael Assef. Ambas mostravam trabalhos que também dialogavam pelas diferenças.

É neste caminho que o Instituto Tomie Ohtake apresenta agora Pinturas Face a Face, com obras de Cristina Canale e Sérgio Sister, revelando vertentes pictóricas muito distintas. “Apresentar suas pinturas simultaneamente, colocá-las face a face, ao passo em que amplia suas diferenças, potencializa suas qualidades e de quebra demonstra-se ao público dois exemplos de como o suporte mais clássico da expressão artística vem sendo pensado”, explica o curador Agnaldo Farias.

Artista da Geração 80, com estudo na Escola de Artes Visuais do Parque Laje, no Rio de Janeiro, Cristina Canale sempre se manteve na figuração. Sua mudança para Alemanha, onde cursou pós-graduação na Academia de Dusseldorf, em 1993, e, durante três anos, foi orientada pelo artista conceitual holandês, Jan Dibbets, levou-a a acentuar o caráter crítico de seu trabalho. As telas da artista produzem imagens não nítidas, mas reconhecíveis, de paisagens, casas, figuras humanas, animais domésticos. “A trivialidade dos temas abordados sucumbe nas composições complexas nas quais a preponderância de planos inchados é freqüente, na espessura variável das camadas de tintas, que vai de soluções pastosas, nas quais se adivinha a orientação das pinceladas, a outras liquefeitas e escorridas, próprias de aquarelas”, explica o curador, que sublinha ainda o recurso sistemático do desenho na obra da artista.

Já a pintura de Sérgio Sister, segundo Farias, afirmou-se no momento em que ele adotou a abstração, em meados dos anos 80. “Dialogando com uma das mais notáveis contribuições plásticas da história recente da nossa arte, os “objetos ativos” de Willys de Castro, e de outro lado, com os limites da pintura, Sister apresenta-nos pinturas reduzidas às suas bordas, isto é, ripas de grande formato, pintadas e escoradas umas às outras e na parede”, afirma. Ao aproximar dos trabalhos, o espectador pode perceber a variação cromática dessas ripas de madeira, a riqueza de matizes e a diversidade de relações estabelecidas entre elas. “É como se aquilo que estivéssemos acostumados a pensar como sendo pintura houvesse escoado para as laterais, concentrando-se nos limites da pintura, mas sem dissolver-se no mundo”, completa o curador.

Universalismo Construtivo – Torres García: Ambicionando uma integridade comum sob a idéia de homem-universo, Joaquín Torres García (1874 –1949, Montevidéu, Uruguai,) concebeu seu Universalismo Construtivo, propondo uma arte puramente abstrata, concreta e universal, de linguagem compreensível em qualquer tempo, a todos os povos. Foi com este conceito que o pioneiro do construtivismo na América Latina deu título a seu livro, no qual está exposta, generosamente, a densidade de seu processo criativo. Redigido no final de sua vida, a publicação reúne 253 desenhos que acompanham 150, das mais de 500 conferências por ele proferidas.

Com curadoria do Museu Torres García, o Instituto Tomie Ohtake adentra parte da construção desta obra capital na produção latino americana, deste artista que, emblemático, figura também na bem-sucedida exposição Geometria da Esperança, recorte da Coleção Cisneros, recentemente apresentada em Austin, que segue para Nova York, em setembro, com curadoria de Gabriel Pérez-Barreiro, também curador da 6ª Bienal do Mercosul.

A exposição Torres García – Universalismo Construtivo realizada no Instituto Tomie Ohtake, com o patrocínio da Porto Seguro, divide-se em 23 grupos temáticos, como “classicismo moderno, plano espiritual e a forma”, “abstrato e concreto”, “antropomorfismo e estrutura como fundamento da criação artística”, e ainda reserva um exemplar original do livro, escrito em 1944. Percorrendo 98 desenhos, acompanhados de diversos escritos, além de outras obras acabadas, pode-se observar, a convergência entre uma aspiração universal e um vocabulário específico.

O trabalho, que parte das medidas comuns de proporção áurea (regra matemática dos retângulos áureos) presentes, desde a disposição óssea do corpo humano, até em conchas ou no formato das flores, não impede a Torres García formular um vocabulário simbólico peculiar, ora evocando referências de um cotidiano simples – um homem com cachorro –, ora fazendo emergir ícones de culturas ameríndias ou até mesmo pré-históricas. “Eu não vou contra a regra, eu a uso [...] deve ser útil, e nada mais”, escreve o artista.

É principalmente sob este aspecto que transforma a referência neoplasticista que o influenciou. À estática harmônica de Mondrian, organizada a partir de um sistema de opostos (masculino/ feminino, claro/escuro, idéia/matéria), representado por linhas que se cruzam em ângulos retos, Torres García confere dinamismo e tensão. Suas linhas espessas carregam algum tipo de marca sensível e se encontram como tensores que sugerem o princípio de uma construção assimétrica. As cores puras primárias acolhem a influência atmosférica transformando-se em tons (amarelo ocre, azul enérgico), uma relação de instabilidade que transborda para fora do desenho – revelando que a busca por unidade é além de espacial, temporal.

“Sua obra pode ser vista como uma síntese entre as formas puras do pensamento e os aspectos intuitivos do artista, caracterizando-se pelo equilíbrio entre a abstração geométrica inspirada nas grandes tradições matemáticas e o mundo dos ícones e símbolos na invenção de uma linguagem altamente sugestiva”, escreve a consultora da exposição Fernanda Terra.

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