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25/07/2007 - 09:45

Administração do tempo ou administração de vida?

Na realidade não se administra o tempo, mas sim nossos pensamentos, bem como as ações que fazemos no nosso dia-a-dia.

Nos meus mais de 20 anos de experiência em treinamento já ouvi, não poucas vezes, a expressão: “fiz um curso de administração do tempo que não serviu para nada”. Assim sendo, a questão que se coloca é saber por que isto acontece ou pode acontecer e o que fazer a respeito.

Para começar, é importante que se entre na essência da questão da administração do tempo, para evitar uma série de confusões e distorções, inclusive de natureza semântica, que são feitas muito usualmente. Administrar importa em poder controlar, ou pelo menos, ter um certo nível de controle. Caso não se possa ter um certo nível de controle não se pode administrar e, quer você queira ou não, o dia tem 24 horas, a semana sete dias e o ano 365 ou 366 dias. E isso você não pode mudar. Logo, você não pode administrar. Na realidade não se administra o tempo, mas sim nossos pensamentos, bem como as ações que fazemos no nosso dia-a-dia. Em outras palavras, o que podemos administramos é a nossa vida.

Portanto, administração do tempo deve ser entendida como alguma coisa que nos ajude a identificar nossos objetivos e o destino que queremos ter, e aquilo que tem que ser pensado e feito para que possamos alcançá-los. Como conseqüência, daqui por diante, quando mencionar administração do tempo, estou fazendo dentro do seguinte significado: administração do tempo é um recurso, uma espécie de mecanismo a prova de bobeira, que nos ajuda a explicitar quais devem ser os nossos pensamentos dominantes e a manter o foco naquilo que deve ser feito. Deve implicar em aspectos estratégicos e operacionais. Os aspectos estratégicos têm a haver com os objetivos de vida. Os operacionais com a agenda. De nada adiante ter uma agenda da melhor qualidade se os seus objetivos de vida estiverem mal formulados. São os nossos objetivos de vida e os nossos valores que vão indicar aquilo que é ou não importante e prioritário para nós.

Além dessas relevantes distinções de ordem conceitual, devemos ter em conta que um curso de administração do tempo, que se materializa na elaboração de uma agenda, tem pouca ou nenhuma utilidade se não importar em mudanças comportamentais que ajudem a superar hábitos e padrões improdutivos ou nocivos. E isso é, na realidade, o X da questão, já que como se sabe, o papel ou a agenda, aceita tudo. Ter um bocado de boas intenções. Colocar essas intenções em prática é outra completamente diferente. Portanto, o problema é: como identificar e mudar comportamentos, transformando hábitos negativos, como a procrastinação, em hábitos de alta efetividade? Como sair do círculo vicioso para entrar no círculo virtuoso?

Cabe também ressaltar que a matriz urgência/importância, um dos principais recursos utilizados em administração de tempo, tem uma miopia conceitual que considero bastante grave. Na figura ao lado está essa matriz. Tudo o que se faz pode ser classificado e analisado segundo quatro categorias: (1) Pouca Importância e Urgência - PIU, (2) Pouca Importância e Muita Urgência - PIMU, (3) Muita Importância e Urgência - MIU e (4) Muita

Importância e Pouca Urgência - MIPU. E onde está o equívoco conceitual? É na postura bastante angelical, que considera que aquilo que se faz pode ser, na pior das hipóteses, apenas pouco importante. E esse é o ponto: o que se faz também pode ser destrutivo e, diga-se de passagem, muito destrutivo. Tanto em relação a sim mesmo, como no caso da auto-sabotagem, em que uma pessoa falha exatamente quanto o sucesso parecia iminente.

Isso porque no inconsciente, aquela pessoa não se considerava merecedora, e assim, não poderia ter sucesso. Mas também pode ser destrutivo em relação aos outros, não apenas como fruto de avaliações equivocadas, mas também do VOA – vaidade, orgulho e arrogância e outros tantos fenômenos humanos, como a inveja e o ciúme.

Um outro ponto, extremamente importante, é que de nada adianta fazer uma agenda perfeita se a pessoa não souber como trabalhar com adversidades. E, como constatou o consultor americano Paul Stoltz, que nós enfrentamos, pelo menos, 23 adversidades por dia, na vida familiar, no tráfego, na empresa e na vida social. E se a sua reação for como a do Zidane, violência física, ou como a do prefeito Kassab, destempero verbal, você pode complicar muito as coisas.

Assim, se não se considerar todas essas dimensões e questões, é bastante provável que você também diga: “fiz um curso de administração do tempo que não serviu para nada”. Devemos, portanto, entender a administração do tempo, como um recurso dentro da administração de vida. E para tanto é preciso que, entre outras coisas, se encontrem outros significado para aquilo que é dito usualmente. Por exemplo, quando alguém diz: “você está perdendo tempo”, a tradução deve ser: “você não está sabendo focar ou fazer aquilo que deve ser feito”.

Portanto vamos tratar de administrar as nossas vidas, que importa em nossos pensamentos, emoções, ações, padrões comportamentais e destino/sonhos. E esta é a única forma de não se ficar na janela esperando para ver a banda passar. Ou de então, sair por aí, sem eira nem beira.

. Por: José Augusto Wanderley, master practitioner em programação neurolingüística e formação em Coaching pessoal e executivo. Consultor e palestrante em Negociação, Processo Decisório e Excelência Pessoal. Autor do livro Negociação Total: Encontrando Soluções, Vencendo Resistências, Obtendo Resultados (11ª edição), Editora Gente - (www.jawanderley.pro.br)

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