Medidas abrangentes e criatividade no combate à obesidade infantil

A obesidade infanto-juvenil cresce de forma alarmante em todo o mundo. Até recentemente não se dava muita importância ao excesso de peso nesta fase da vida, até que se começou a demonstrar que ele coloca em risco a saúde física e mental da criança e predispõe à obesidade na vida adulta.

Combater a obesidade infantil exige ações a médio e longo prazos, várias ações a nível governamental e, inclusive, o convencimento dos pais da importância deste assunto. Mas, como combater a obesidade infantil se, muitas vezes, até os próprios pais não conseguem combater a sua própria obesidade.

A diminuição do gasto energético dos adolescentes nos últimos anos parece desempenhar um papel importante no crescimento da obesidade. No Reino Unido, a distância média caminhada por um menino de 14 anos diminuiu em cerca de 20% entre 1985 e 1992, enquanto a distância percorrida em automóvel aumentou em até 40%.

Já foi comprovado que o hábito de assistir televisão também constitui um risco isolado para o excesso de peso. Engorda mais do que assistir a um filme em videocassete ou jogar “videogames", já que a criança fica exposta a inúmeras propagandas com os mais recentes lançamentos de guloseimas hipercalóricas.

Somente através de medidas preventivas abrangentes, alterando os ambientes escolar, urbano e doméstico destes jovens, pode ser combatida de forma eficaz a epidemia de obesidade infantil.

Um dos temas a serem tratados durante o XII Congresso Brasileiro de Obesidade e Síndrome Metabólica, que se realiza no Hotel Transamérica, de 16 a 19 de agosto, em São Paulo, é o “Tratamento da Obesidade Infanto-Juvenil”. Com palestras sobre “Tratamento Nutricional” por Mauro Fisberg da Unifesp, “Atividade Física: Conselho ou Prescrição” por Vitor Matsudo, do “Agita SP” e “Tratamento Farmacológico em Crianças e Adolescentes” por Lúcia Carraro do IEDE.

O médico Mauro Fisberg é o coordenador do GENAF, Grupo de Estudos em Nutrição e Atividade Física, que reúne mensalmente profissionais da saúde para discussão de temas de nutrição, congregando nutricionistas, médicos, professores de educação física, psicólogos e outros profissionais da área da saúde com interesse em nutrição e atividade física e que não tem tempo para desenvolver programas ou cursos em sua cidade ou local para a discussão de temas de nutrição e atividade física. Além disto, traz também convidados, docentes das universidades brasileiras, que participam de chats e de fórum.

Os participantes do grupo virtual, sem qualquer ônus, participam de bate papos informais com professores e entre o grupo, sobre os mais variados temas da nutrição e esporte. Além disto, podem acessar trabalhos científicos, programas de apoio, teses, projetos, e recebem suporte para discussão de trabalhos científicos, via site. Mauro Fisberg é coordenador clínico e professor adjunto IV do Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente, departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo, coordenador do Centro de Pesquisas Aplicadas a Saúde da Universidade São Marcos, coordenador científico da Força Tarefa de Controle de Peso e Atividade Física, ILSI Brasil.

O presidente do Congresso, o endocrinologista Marcio Mancini prevê a inscrição de mais de 1800 participantes, que participarão de mais de 20 simpósios sobre as várias manifestações da doença e do seu tratamento. Na opinião do Dr. Mancini, que também é Supervisor do Ambulatório de Obesidade Infantil do HC-FMUSP, é muito importante ressaltar o trabalho dos pesquisadores nacionais, “os mais recentes avanços relacionados à prevenção, fisiopatologia e tratamento da Obesidade e Síndrome Metabólica, no Brasil, são muito importantes e devem ser trazidos para os demais profissionais de saúde”.