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30/03/2011 - 09:35

Inflação e falta de investimentos ameaçam indústria, diz Otto Nogami

Economista alerta para possibilidade de PIB menor que 4% em 2011.

O professor Otto Nogami, economista com extenso currículo acadêmico e consultor de variadas empresas e organizações, não está confiante no crescimento de 4,5% projetado pelo Governo para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2011. “Só se forem feitos investimentos da ordem de 18% do PIB atual, senão vamos crescer 3,5% no máximo”, afirmou durante a palestra “2011 – Perspectivas para o setor importador de máquinas e equipamentos industriais”, realizada aos associados da ABIMEI (Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais), na quinta-feira, 24.

A volta da inflação é um fantasma permanente, segundo ele, e a inflação, por sua vez, é um termômetro da economia: sinaliza o descompasso entre o desejo do consumidor e a capacidade de produzir de uma nação; ou, em outras palavras, é o resultado de um desequilíbrio entre oferta e demanda. “O Brasil atual não tem capacidade de fazer a oferta aumentar, então ou o governo mexe no consumo das famílias ou dá condições para a indústria produzir mais”, alerta.

O caminho apontado pelo Governo, até o momento, segue na primeira direção: o aumento da taxa de juros. A medida, porém, está criando uma ciranda perversa, que só colabora para o retorno da inflação. “Nunca entrou tanto capital estrangeiro no país, em tão pouco tempo. E a taxa de crescimento do setor produtivo não está proporcional ao registro do investimento do direto de capital, ou seja, o dinheiro está parado no sistema financeiro, que é mais lucrativo”. Com mais dinheiro em caixa, os bancos tornam-se mais generosos com o crédito ao consumidor, aumentando a demanda e a pressão inflacionária. Para o economista, o Governo precisaria investir 20% do PIB no aumento da produção, para atender o crescimento da demanda, mas desde 1990 tem apresentado uma média de 18,1%. “Ainda vamos conviver muitos anos com a perspectiva da volta da inflação”, alerta Nogami.

Importações de bens de capital estão estagnadas- A indústria brasileira já é importadora e em cifras consideráveis, principalmente em produtos de consumo: alimentos, bebidas, artigos de higiene, roupas, quase tudo o que se compra no Brasil é produzido fora. “A presença do capital estrangeiro no setor produtivo é predominante”, diz o economista. A falta de cultura de poupança do povo brasileiro e, sobretudo, do Governo, “que gasta mais do que arrecada e não investe em setores essenciais, como educação, saúde, segurança e transportes”, cria o ambiente favorável para o aumento da inflação, com a continuidade dos problemas estruturais. “O Brasil sofre o mal dos 5 C: Custo Brasil, China, Câmbio, Contrabando e Corrupção”, diz.

Para os importadores de bens de capital, o cenário é de estímulo ao aumento das importações, o que está longe de significar a “desindustrialização” do parque produtivo brasileiro. “A importação de máquinas e equipamentos bateu o recorde em relação ao PIB em 2001 (pouco mais de 2,5%), mas vem estagnada em 1,5% e 2% desde 2003. O que está crescendo é a importação de manufaturados, inclusive peças para a indústria, ou seja, não é a importação de máquinas que ameaça a indústria nacional, até porque ela não consegue produzir as máquinas e equipamentos que necessita para competir no mundo globalizado”. Para Otto Nogami, o cenário apontado pelos analistas do mercado financeiro é de inflação de 5,88% medida pelo IPCA, taxa Selic em 12,5%, PIB de 4,03% e aumento da produção industrial de 4%. Quem viver, verá.

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