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01/04/2011 - 12:22

Preenchedores cutâneos e os efeitos colaterais

Reação tardia em preenchimentos pode ter origem no excesso de material, diluição incorreta e, até, por causa da cápsula contaminada.

As técnicas de preenchimento representam um avanço nos tratamentos de rejuvenescimento: rugas e cicatrizes deprimidas podem ser atenuadas; lábios, região malar e mento podem ser aumentados, propiciando naturalidade às características de beleza da face. A busca por materiais seguros, duradouros e de efeitos previsíveis é contínua. No entanto, alguns problemas podem ocorrer após o tratamento.

“As complicações dos preenchimentos podem ser decorrentes da técnica ou do tipo do preenchedor, além de sensibilidade individual”, relata a dermatologista Solange Pistori Teixeira (CRM-SP 42565), dermatologista da Escola Paulista de Medicina/Unifesp e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).

Por se tratar de um assunto pouco debatido, ele será tema de uma das palestras que acontece durante o XXIII Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica, no Estação Convention Center, na cidade de Curitiba (PR), entre os dias 06 e 09 de abril, promovido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).

Processo inflamatório- De acordo com a dermatologista é preciso lembrar que existem vário tipos de preenchedores e que eles podem ser divididos em absorvíveis (temporários ou biodegradáveis) e não-absorvíveis (definitivos ou não-biodegradáveis). “As complicações de técnica podem ser decorrentes de erro no nível de preenchimento, excesso de material, diluição incorreta. As falhas no procedimento podem levar a alterações de revelo, nódulos, cordões e excesso de volume”, completa Dra. Solange.

A médica, que é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica, alerta ainda que há possibilidades de ocorrer também complicações vasculares, decorrentes da injeção acidental em vasos que pode evoluir para necrose de tecido e cicatriz. “Uma área particularmente sujeita a esse tipo de complicação é a glabela, região entre as sobrancelhas. Por isso, nessa área dá-se preferência na aplicação de toxina botulínica ao invés do preenchimento, uma vez que já foi relatada embolização do preenchedor aplicado nesse espaço na literatura científica, que levou à oclusãode vasos e artérias, levando à cegueira”.

A médica explica que as reações decorrentes do preenchedor podem ser eritematosas (inflamatórias, alérgicas) transitórias ou prolongadas; edema endurecido, urticária, reação acneiforme, formação de granulomas (nódulos) e abscesso. “Estudos demonstram que a presença de proteínas que não conseguem ser totalmente eliminadas durante o processo de fabricação do produto seriam as causas do processo inflamatório, formação de granulomas, produção de anticorpos e reações de hipersensibilidade”, relata a dermatologista. “As reações mais graves, prolongadas e de difícil tratamento são decorrentes de preenchedores definitivos, como o PMMA, e essas podem surgir tardiamente, sendo descritas reações até 20 anos após preenchimento com silicones”.

Conforme os esclarecimentos da especialista, doenças do tecido conjuntivo, como artrite reumatóide, lúpus, polimiosite, dermatomiosite após injeção de colágeno bovino em pacientes sem história prévia dessas doenças, também podem ser desenvolvidos. “Pessoas com história pessoal dessas doenças e a colagenoses também estão mais sujeitas a reações”.

Implicações tardias x lesões reversíveis-É importante saber que, quando um preenchedor é injetado na pele, sempre ocorre uma reação inflamatória decorrente do trauma da injeção (trauma mecânico) e/ou da resposta do organismo à substância. Essa reação inflamatória provoca edema, eritema, calor e dor no local de aplicação.

As infecções tardias de um preenchimento, geralmente, são reações granulomatosas, no formato de nódulos e abscesso, com saída de material não-infectado. As mais graves aparecem por causa do uso de substâncias definitivas, já que as temporárias serão absorvidas pelo organismo. Nos procedimentos que usam substâncias definitivas, as reações desse tipo podem persistir, necessitando de tratamento, “muitas vezes utiliza-se doses altas de corticóides sistêmicos e, às vezes, é necessário um procedimento cirúrgico. O resultado final pode ser o aparecimento de deformações e cicatrizes”.

Segundo relato da Dra. Solange Teixeira, as infecções podem ocorrer por material contaminado, de procedência duvidosa, manipulado, armazenado de maneira inadequada ou por contaminação do diluente, no caso de alguns tipos de produtos. “Dependendo do microorganismo, a infecção pode ser de tratamento difícil e prolongado, como nas micobacterioses atípicas”.

Com o uso cada vez maior de preenchimento e de diferentes substâncias, tem-se observado uma incidência maior desse tipo de problema. “Quando se usa um material permanente, as lesões serão imutáveis, diferente do que ocorre quando se aplica um preenchedor temporário, que gera danos reversíveis”, esclarece a doutora.

Aspectos relevantes- O preenchimento cutâneo é uma técnica utilizada para a correção de sulcos, rugas e cicatrizes. Consiste na injeção de substâncias sob a área a ser tratada, elevando-a e diminuindo a sua profundidade, com consequente melhora do aspecto estético. Para que o resultado seja satisfatório e não ocorra nenhuma consequência desagradável, é necessário ter cuidados na escolha e na aplicação dos produtos.

Com o objetivo de evitar problemas de saúde, a Dra. Solange Teixeira cita pontos importantes que devem ser avaliados, antes de realizar o procedimento. Veja quais são: Preferir preenchimentos absorvíveis | Escolher material de laboratórios reconhecidos Checar a embalagem para saber o que está sendo aplicado - é importante para não misturar produtos | Evitar fazer um preenchimento com um profissional e repeti-lo com outro sem saber o que foi colocado, ou mesmo se submeter a aplicação de laser e outros procedimentos sobre os preenchimentos desconhecidos | Procurar dermatologista ou cirurgião plástico que sejam treinados para esse tipo de procedimento | Ter cuidado com preços muito mais baixos dos procedimentos.

“Para bons resultados, sem complicações graves, é importante que o médico saiba indicar o procedimento, selecione bem o paciente, conheça o produto escolhido e domine a técnica de aplicação, além de conhecer as possíveis complicações, saber reconhecê-las e tratá-las o mais precoce e efetivamente possível”, finaliza Dra. Solange.

Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD)- Fundada em 1988, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD) atua nas áreas de Cirurgia Dermatológica e procedimentos relacionados, por meio da promoção do ensino, pesquisa, realização de congressos e eventos científicos.

A Cirurgia Dermatológica é uma área da Dermatologia que engloba todos os procedimentos realizados na pele e tecido celular subcutâneo, sejam eles diagnósticos, cirúrgicos, cosmiátricos ou oncológicos.

A SBCD atua somente segundo normas éticas e padrões técnicos rigorosamente aprovados pela comunidade científica mundial. Com 1500 associados, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica está entre as maiores sociedades de Dermatologia do mundo.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica é formada apenas por associados altamente qualificados, detentores de título de especialista e aprovados por rigoroso concurso e prova realizada e certificada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e Associação Médica Brasileira (AMB).

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