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09/04/2011 - 11:08

Estudo inédito internacional aponta situação mundial do voluntariado empresarial

Panorama qualitativo aponta novidades e tendências de ações voluntárias baseado na experiência de 49 empresas globais.

São Paulo – Com o objetivo de criar novos conhecimentos sobre voluntariado empresarial e fortalecer a atuação em todo o mundo, o GCVC (Conselho Global de Voluntariado Empresarial), com o apoio do Instituto C&A e outras dez empresas, realizou uma pesquisa qualitativa inédita com 49 empresas globais. Chamada de “Estudo sobre Voluntariado Corporativo de Empresas Globais – O Estado da Arte do Voluntariado Empresarial”, a análise coincide com a comemoração do 10º aniversário do Ano Internacional do Voluntariado, instituído pelas Nações Unidas em 2001, e aponta novas diretrizes para o tema, trazendo informações significativas sobre a América Latina e, em especial, sobre o Brasil.

Participaram do estudo empresas de atuação global, ou seja, que atuam em pelo menos três continentes do planeta e que também desenvolvem programas de voluntariado nessas regiões. Entre os entrevistados estão a C&A, Telefônica, Camargo Correa, UPS, The Walt Disney Company, The Coca-Cola Company, Microsoft, Vale, GE, Kraft Foods Inc, Monsanto, Nike, Starbucks entre outras.

Os dados analisados indicam que o voluntariado empresarial global, desenvolvido há mais de 30 anos, é uma força dinâmica e crescente e que se encontra em processo de evolução. Não pode ser considerado ainda um movimento consolidado, à medida que as empresas desenvolvem, em cada região em que atuam, trabalhos diferentes em níveis diferentes.

A pesquisa revela também que existe um movimento para a profissionalização do setor: da mesma forma que as companhias têm se engajado para a globalização dos negócios, é possível perceber este mesmo interesse na atuação voluntária.

Na análise, foram identificados quatro modelos diferentes de programas de voluntariado empresarial: .Comercial: Alinhado com os objetivos de negócios, que agrega valor para a empresa |.Assistência social: Voltado a ajudar pessoas em condição de vulnerabilidade social |.Desenvolvimento social: Inclinado a transformar sistemas ineficientes;

.Desenvolvimento humano: Direcionado a criar voluntários engajados, comprometidos e cidadãos e a fortalecer as comunidades atendidas.

Na América Latina, por exemplo, está surgindo um modelo diferenciado de voluntariado empresarial centrado no exercício do direito da participação cidadã, ao invés de apenas “fazer o bem”. A grande diferença da América Latina em relação às outras regiões do mundo é a forma como aumentou o nível de clareza sobre a ação voluntária. Além disso, ao longo do tempo, as ações deixaram de ser paliativas e passaram a ser transformadoras, com o objetivo de mudar profundamente a sociedade.

De acordo com a pesquisadora responsável pelas entrevistas na América Latina, Mónica Beatriz Galiano, o perfil da América Latina tem influenciado principalmente o Brasil. “Nestes 30 anos, o voluntariado teve um avanço significativo no mundo e o Brasil pode ser considerado uma das nações com maior destaque, pois muitos trabalhos desenvolvidos por empresas do país têm como objetivo maior a transformação profunda na sociedade”, diz Mónica. “Ao invés de dar apenas comida, os voluntários de empresas brasileiras ensinam a população a desenvolver tecnologias que criem novos métodos de trabalho e os ajudem a ganhar dinheiro e comprar a comida. Esses voluntários também divulgam para essas pessoas qual a maneira certa de questionar os governos sobre seus direitos em ter uma cesta básica e construir políticas públicas que garantam que o alimento chegue até a mesa de sua família”, exemplifica a especialista.

Lideranças, estratégia e tecnologia- O estudo detectou também que o trabalho voluntário está sendo aplicado nas empresas como um recurso estratégico para ajudar a cumprir metas de negócios. Ou seja, ao invés de basear-se somente no relacionamento com a comunidade, o trabalho voluntário empresarial transformou-se em ferramenta de gestão da cultura corporativa, do engajamento de empregados, da gestão de marcas e nas relações externas. A partir disso, programas de voluntários estão construindo equipes de trabalho fortes e eficazes, oferecendo aos empregados a oportunidade de crescimento pessoal e ajudando a desenvolver habilidades de liderança e competências profissionais.

Outro perfil mapeado diz respeito à liderança das ações voluntárias empresariais. As atividades, em sua maioria, são geridas por funcionários cada vez mais jovens. Eles têm trazido energia e inovações para as empresas em que atuam, como, por exemplo, a ampliação e novas formas de uso da tecnologia em favor dos trabalhos voluntários. Existem exemplos de empresas que têm desenvolvido novas ferramentas on-line para apoiar seus empregados por meio de portais, que disponibilizam materiais e redes sociais para que os empregados possam trocar experiências e ideias.

Mas, apesar dos exemplos recentes de utilização inovadora da tecnologia para apoiar a prática do voluntariado empresarial, o uso dessa ferramenta ainda é rotineira e limitada, já que muitos funcionários não têm acesso a computadores no local de trabalho e as ferramentas on-line, em sua maioria, são projetadas para atender apenas às necessidades das empresas e não dos usuários. O estudo detecta que este é um dos principais problemas enfrentados pelas empresas.

Outras dificuldades apontadas dizem respeito ao monitoramento de ações e impactos e às avaliações periódicas sobre as atividades realizadas longe da sede, em regiões espalhadas pelo globo. O documento revela que, ao se depararem com uma nova realidade social, os problemas passam a ser as diferenças culturais, fator este que causa maior impacto na gestão dos trabalhos voluntários.

“As empresas globais ainda têm dificuldade para estender o seu trabalho a outros países. O perfil do voluntariado é ainda pautado, em muitos casos, pela holding e pode não ser apropriado para outras regiões do mundo”, explica Mónica Galiano. “Até mesmo o uso de cores, imagens ou elementos gráficos pode ter implicações negativas dependendo da comunidade. Por isso, ainda é preciso conhecer mais de perto e aprender a lidar com essas múltiplas realidades, para que seja possível desenvolver programas voluntários totalmente adequados em cada região”, complementa. [www.institutocea.org.br].

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