Terêncio Porto lança o romance Só, Atrás do Ouro

Escritor e produtor audiovisual, o autor estreia no gênero com obra publicada pela Editora Flâneur.

Em Só, Atrás do Ouro, o personagem principal - Artur - viaja para Mirantão, Minas Gerais, numa busca por definições e respostas que nem mesmo ele sabe se existem. O resultado é o encontro dos mesmos personagens que habitam o seu dia a dia, num ambiente menor e que habilita o autor a traçar um perfil curioso e intenso do grupo. Numa prosa sagaz e inteligente, Terêncio desnuda cada indivíduo de forma diferente e permite ao leitor participar deste exercício quando se utiliza de estereótipos da cidade grande. Principalmente, estimula identificação naqueles que trabalham com cultura ou estão ligados de alguma forma ao universo cultural. Os mesmos personagens do Rio de Janeiro encontram-se, num feriado prolongado, numa cidade do interior, onde aflora com muito mais intensidade a natureza de cada um deles e que, na maioria das vezes, camufla-se quando inseridos num grande centro urbano.

“Emprestei algumas coisas muito íntimas da minha biografia ao personagem, mas isto é só. Você empresta e subverte, amplifica, destrói, inverte, trai, abandona. Ele é ele, eu sou eu. Ele faz coisas que eu não faço e vice-versa. O livro é resultado de fugas interiores; uma para fora do centro, direcionada para uma espécie de periferia geográfica, onde o personagem encontra mais do mesmo, tanto dentro de si quanto fora. A outra é uma fuga para dentro de si, com o intuito de observar e refletir toda a sua desordem interna”, explica Terêncio.

O Ouro do título fica por conta da busca do autor por descobertas sobre o pensar e agir de cada um. “É uma obra escrita com base em tudo que eu vivia, pensava e sentia. Eu acordava e passava para o papel. Era a forma de preencher a solidão de quem acorda sistematicamente cedo e agitado”, complementa.

Terêncio Porto dirigiu os vídeos "Transferência" e “Nove segundos e vinte e sete frames”, premiados no Festival Internacional de Cinema de Arquivo – Recine - nas categorias Melhor Contribuição à Linguagem Cinematográfica e Prêmio Especial do Juri, respectivamente. Dirigiu também o curta de ficção "A Última do Amigo da Onça" e atualmente é o responsável pela criação e produção executiva do programa "Larica Total".

Com textos de apresentação de André Dahmer e Arnaldo Branco, na contracapa e na orelha, Só, Atrás do Ouro acrescenta ao cenário da literatura carioca um romance que lida com emoções e comportamentos contemporâneos narrados de uma forma que se assemelha à velocidade da imagem. Nada mais natural, uma vez que o autor e o personagem central trabalham no mercado audiovisual. Este estilo, tão presente em obras de autores estrangeiros, seduziu Terêncio a utilizar o papel e não a imagem na elaboração de uma história que acolhe pessoas, sentimentos e atitudes tão à vontade e dispostos a ceder diante do olhar de um escritor.

“A capa já oferece uma pista sutil sobre o que esperar. Solidão, o vira-lata que sobreviveu dois anos sozinho no Hotel Fazenda Mata do Céu, bebendo água do açude e comendo calango, sem nunca abandonar o terreno. E depois ainda tomou uma mordida de cascavel, à qual também sobreviveu", conclui.

O lançamento acontece no dia 27 de abril, às 19h30m, no Boteco Salvação, Rua Henrique de Novaes, 55, em Botafogo, Rio de Janeiro. | Telefones (21) 2226 9691 / 2539 0216.

Perfil-A Editora Flâneur foi criada em 2010 por Guilherme Tolomei e Renato Amado, interessados em investir em propostas inovadoras de produção editorial. Formada por uma equipe jovem e atenta à linguagem contemporânea, a Flâneur aposta em criadores com perfis diversos. Prosa, romance, poesia, HQ, cartum e audiovisual fazem parte de um mesmo universo criativo artístico.

“O fato de estarmos antenados com toda esta linguagem não nos impede, por exemplo, de recriar autores clássicos, como fizemos em Escritores Escritos. Essa antologia tem tido um uma ótima receptividade: os leitores querem ver seus autores prediletos transformados em personagens”, explica Renato Amado.

O objetivo da editora é inovar na divulgação, no suporte, na proposta, meios e linguagens. Ano passado, lançou o livro Ninguém Muda Ninguém, de André Dahmer, com todas as capas diferentes, pintadas à mão. "O público quer diferencial. É pensando nisso que estamos sempre buscando o novo, não podemos ficar parados”, acrescenta André Calazans, um dos editores da Flâneur.

.[Só, Atrás do Ouro, de Terêncio Porto | 14 cm x 21 cm | 144 páginas | R$ 32,00].