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28/07/2007 - 10:47

Paraíba realiza I Encontro Regional das Rendas Renascença

Renascença, bordado de origem européia difundido no Nordeste, vai reunir em Monteiro, no Cariri Paraibano, 500 rendeiras da Paraíba e de Pernambuco.

Brasília - Um encontro inédito vai ocorrer no município de Monteiro, na Paraíba, no dia 2 de agosto. Cerca de 500 rendeiras do estilo renascença chegarão à cidade em caravanas, apoiadas por algumas prefeituras da Paraíba e de Pernambuco. Elas vão participar do I Encontro Regional das Rendas em Renascença, que será realizado no ginásio O Batingão. O evento é uma iniciativa do Sebrae na Paraíba em parceria com os governos da Paraíba e de Pernambuco.

As primeiras-damas dos dois estados estarão presentes e também serão palestrantes. Elas tiveram papel fundamental na idealização e realização do encontro das mulheres rendeiras. Silvia Cunha Lima, esposa do governador paraibano Cássio Cunha Lima, é coordenadora do programa 'A Paraíba em suas mãos', do qual o Sebrae/PB é parceiro. Desde 2005, as ações desse programa no Arranjo Produtivo Local Renda Renascença do Cariri Paraibano, integrado por cinco municípios, estão beneficiando cerca de 400 rendeiras.

Devido aos bons resultados, Renata Campos, primeira-dama de Pernambuco, planeja replicar em seu Estado a metodologia, ações e parcerias desenvolvidas na Paraíba. As rendeiras especializadas em renascença da região de divisa com a Paraíba deverão ser as primeiras beneficiadas. As rendeiras pernambucanas vão participar do encontro em Monteiro para conhecer o que foi feito no Estado vizinho em prol da sua arte.

"O objetivo do encontro é justamente colocar as rendeiras paraibanas e pernambucanas para conversar, trocar experiências e informações, visando à replicação do aprendizado naquele Estado", explica Marielza Araújo, coordenadora do Programa de Artesanato do Sebrae/PB.

Origem na clausura - A origem da produção de rendas renascença no Brasil é uma das boas heranças que colonizadores europeus deixaram no País ou, mais especificamente, no Nordeste. Contam alguns historiadores que freiras católicas, enclausuradas no convento de Olinda, em Pernambuco, teriam sido as responsáveis pela introdução do estilo renascença no País.

Elas bordavam na clausura, onde poucas pessoas eram autorizadas a entrar. Havia apenas uma senhora que tinha acesso livre ao local, pois era serviçal do convento. Dona Lála era seu nome, teria aprendido a fazer renda renascença com as freiras e, mais tarde, teria ensinado a outras mulheres. Mas isso só ocorreria anos mais tarde, quando ela deixou de prestar serviços ao convento de Olinda e retornou à sua cidade natal, Poção (PE). Era proibido repassar a arte das freiras para outras pessoas.

Contam que Dona Lála era clara, loura e de olhos azuis, como a maioria dos moradores do Cariri pernambucano, descendentes de holandeses. Ela ensinou a muitas mulheres da região de Poção a fazer renda renascença. Mitificada, é considerada a grande responsável pela disseminação dessa arte feminina em Pernambuco e no Nordeste.

As rendas do tipo renascença têm estilo próprio de bordado, feito exclusivamente à mão, com traços marcantes, onde se destacam os nós, pontos e entrelaçados. Essa técnica artística foi passada entre gerações, durante séculos, por intermédio de avós, mães e tias. Roupas de cama e mesa tornaram-se famosas em todo o País e são produtos muito procurados, hoje, no Nordeste. "É um equívoco pensar que a renda em Renascença é típica do Ceará", alerta a coordenadora do Sebrae/PB.

Hoje, as rendas estão presentes em peças de vestuário e acessórios, graças às consultorias fornecidas por designers e estilistas de moda levados aos pólos de produção de Renascença pelo Sebrae e instituições parceiras.

No Cariri - Uma das aprendizes de Dona Lála, que aprendera a arte da renda renascença em Poção, era paraibana. Essa rendeira retornou a Monteiro (PB), sua terra natal, e também ensinou a técnica a diferentes gerações de mulheres.

Atualmente dezenas de descendentes e alunas dessas primeiras rendeiras paraibanas são responsáveis pela qualidade e sucesso da renda na Paraíba. Grande parte delas integra o APL Renda Renascença do Cariri, que abrange os municípios de Monteiro, Camalaú, Zabelê, São Sebastião do Umbuzeiro e São João do Tigre. Essa região fica a 319 km de João Pessoa e faz divisa com Pernambuco.

O Sebrae na Paraíba apóia o artesanato do Cariri há mais de dez anos. Em 2005, o arranjo produtivo foi criado, consolidando a parceria do Sebrae/PB com o Programa 'A Paraíba em Suas Mãos'.

Cinco associações de rendeiras em Renascença foram fundadas nessa região. O Banco Mundial (BIRD) construiu as sedes dessas entidades. Nos últimos três anos, o Sebrae/PB e o programa 'A Paraíba em suas mãos' levam o designer Renato Imbroisi a Monteiro e municípios vizinhos integrantes do APL Renda Renascença do Cariri. Ele cria coleções junto com as rendeiras, inovando e agregando design e valor às peças.

Nesse período, três belas coleções de roupas de acessórios com rendas renascença produzidas no Cariri paraibano foram lançadas com grande sucesso em feiras e eventos de moda no Sudeste. A Cavalera, famosa grife paulista, fez quatro desfiles de coleções cujo tema foram as rendas do Cariri paraibano nas últimas edições do SP Fashion Week.

O APL Renda Renascença do Cariri conquistou clientes nos Estados Unidos e na Europa. A qualidade de vida das rendeiras dessa região melhorou nos últimos anos. Durante o I Encontro Regional de Rendeiras em Renascença, em Monteiro, elas vão falar sobre a experiência e vantagens de participar do APL. O projeto-piloto para a replicação das ações desenvolvidas no APL Renda Renascença do Cariri em Pernambuco já está sendo elaborado.

I Encontro Regional de Rendeiras em Renascença, dia 2 de agosto de 2007, a partir das 9h30, Ginásio O Batingão, em Monteiro (PB) - a 319 km de João Pessoa | Sebrae na Paraíba - (83) 3218-1057| Por: Vanessa Brito.

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