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13/04/2011 - 12:16

O alerta da FAO e o agronegócio brasileiro

Merece particular atenção o fato de o índice mensal de preços dos alimentos calculado pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) ter aumentado pela sexta vez consecutiva em dezembro de 2010, ultrapassando o nível observado durante a recente crise mundial e atingindo seu recorde histórico. O indicador mede a variação dos valores globais de uma cesta de commodities. Sua exacerbada alta deve-se à majoração de todos os itens monitorados, incluindo cereais, açúcar, carnes, óleos e produtos lácteos.

Ao fazer o anúncio, a FAO salientou que os números não se constituem no prenúncio de uma nova crise, mas advertiu sobre o risco de os preços continuarem subindo, o que agravaria a situação de insegurança alimentar em várias regiões do Planeta, suscitando tensões e nervosismo nos mercados. Nesse contexto, O Brasil tem posição privilegiada, graças ao avanço de seu agronegócio, que deverá continuar crescendo em 2011. Em 2010, a exportação do setor foi recorde, com vendas de US$ 76,4 bilhões, 18% maiores do que em 2009 (US$ 64,7 bilhões).

As importações aumentaram 35,2%, passando de US$ 9,9 bilhões, em 2009, para US$ 13,4 bilhões, em 2010. Com isso, o comércio exterior de nosso agronegócio teve superávit de R$ 63 bilhões no ano passado, maior do que o do País como um todo (cerca de R$ 20 bilhões). Ou seja, o setor sustentou o saldo positivo da balança comercial brasileira em 2010.

Consolida-se, assim, a posição de uma atividade que representa 27% do PIB do Brasil, 37% dos empregos e 42% das exportações, que conquistou 215 mercados internacionais, que é o terceiro exportador mundial, que obteve 84% de ganho de produtividade na soja desde 1990 e 122% no milho e registrou 950% de crescimento das vendas externas de carne de frango. Além disso, com a produção de biocombustíveis, em especial o etanol, o setor, por meio dos carros flex, retira 80 milhões de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera.

Tais conquistas não são casuais. Decorrem de imenso trabalho, pesquisa e superação ante alguns obstáculos persistentes, como a dificuldade de crédito/juros altos, o câmbio sobrevalorizado, que prejudica exportações, e a precariedade da infraestrutura e da logística, que encarece os produtos e causa perdas. Apesar de tudo isso, o setor conseguiu agregar qualidade crescente e inegáveis atributos socioambientais aos seus produtos, mantendo preços competitivos, mesmo num momento de alta, como aponta a FAO. Ademais, o Brasil é reconhecido, com absoluta justiça, como o país mais eficiente em etanol e na queima de bagaço de cana-de-açúcar para geração de energia.

Todos esses atributos colocam o agronegócio brasileiro no epicentro das soluções viáveis para o equacionamento do maior desafio contemporâneo, que é conciliar crescimento econômico, segurança alimentar, oferta de energia e reversão das mudanças climáticas. Assim, é pertinente maior apoio à nossa agropecuária, com a solução de seus gargalos.

. Por: João Guilherme Sabino Ometto, Engenheiro (EESC/USP), é vice-presidente do Grupo São Martinho, vice-presidente da Fiesp e coordenador do Comitê de Mudanças Climáticas da entidade.

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