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14/04/2011 - 11:07

Hora de resgatar o poder dos engenheiros

À medida que a execução das políticas públicas brasileiras perdeu a sua vinculação com o suor da produção e o dia-a-dia da construção de indústrias, estradas e prédios os engenheiros, das mais variadas funções, perderam também a participação no poder político.

O processo da presença dos engenheiros junto ao Estado deu-se a partir de três momentos, que a grosso modo, relacionam-se a formação do grupo social dos engenheiros no Estado Imperial brasileiro, a formulação de um projeto de sociedade durante a Primeira República e a consolidação do projeto dos engenheiros ocorrido no pós-30, como relata Maro Lara Martins, mestre em sociologia pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj).

Mas a partir de 1964, oito entre dez ministros da Fazenda foram economistas, segundo Maria Rita Loureiro, cientista social, doutora pela USP.

“Basta lembrar que em outros países a ampliação das funções econômicas do Estado, em sua etapa contemporânea, não implicou a atribuição de postos políticos a economistas, enquanto tais”, lembra Maria Rita Loureiro.

Na França, por exemplo, o recrutamento da classe dirigente, inclusive para as novas funções de planejamento e controle da economia, foi efetuado não entre economistas, mas entre os diplomados pelas “Grandes Escolas”, como a Escola Nacional de Administração (ENA), a Escola Livre de Ciências Políticas e a Escola Politécnica. Também nos Estados Unidos, a atuação reguladora do Estado na economia não implicou a transformação do economista em dirigente político, diz a pesquisadora.

Ou seja, vivemos no Brasil, desde 1964, uma “tomada do poder” pelos economistas, que coincide com a implantação de um Estado sustentado por uma classe dominante que impôs um controle social rigoroso. Primeiro, por uma ditadura militar até 1985. Depois, por uma subordinação extremada ao sistema financeiro internacional.

Um ambiente político que, ao longo de décadas deixou de fora diversos quadros dirigentes entre eles, Mário Covas, que graduou-se em engenharia civil pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (POLI-USP). Ou seu colega de turma Paulo Maluf.

Os dois, adversários políticos, criaram seus próprios caminhos para o poder. Mário Covas, que foi cassado, retorna pelo voto direto, após a anistia. Maluf desafiou os militares e derrotou Laudo Natel para o governo do Estado de São Paulo, e em seguida, após tentar e perder a eleição indireta para a presidência da República se elegeu pelo voto direto para deputado federal e prefeito de São Paulo.

Temos estes dois exemplos que se destacam num cenário em que o poder dos engenheiros, gradativa e consistentemente, é esvaziado. Reforçado pela timidez política adotada pelas principais entidades representativas dos engenheiros, que abandonam os engenheiros à própria sorte deixando que as nossas atividades sejam descaracterizadas.

Ao contrário da Ordem dos Advogados do Brasil que amplia seus espaços políticos continuamente e consolida sua posição durante a Constituinte de 88, os engenheiros brasileiros estão sem poder político, muitos em sub-emprego e o que é lamentável sem respeito social pelas suas funções.

A oportunidade de resgate é agora.

Junto com o crescimento econômico do Brasil, com as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com a inclusão de centenas de milhares de novos trabalhadores na construção civil, na produção agrícola e industrial que voltam a ter nos engenheiros a grande referência para a implantação das obras públicas, da infra-estrutura e da geração de riqueza do Brasil.

. Por: Jomázio Avelar , engenheiro | www.blogodojomazio.blogspot.com

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