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15/04/2011 - 10:59

As liberdades de Hugo Chávez

A situação na Venezuela sob o comando de Hugo Chávez continua chamando a atenção, tanto pelos aspectos econômicos quanto pelos ferimentos causados aos direitos humanos. O presidente, que ocupa mais espaço no noticiário internacional com críticas feitas aos Estados Unidos do que com propostas que realmente tragam benefícios para seu país, segue sendo um personagem que, entre uma decisão e outra, abusa de suas liberdades sem considerar a dos outros.

Na relação entre Chávez e imprensa, o problema ganha proporções maiores que o aproximam de governos claramente ditatoriais. Segundo uma denúncia recente assinada por entidades que representam os jornalistas venezuelanos e entregue à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), em poucos meses foram 159 ataques contra a liberdade de expressão na Venezuela. A situação no país também preocupa porque, segundo o grupo contou à CIDH, a maior parte destes crimes continua impune.

A instabilidade jurídica na Venezuela e dificuldade de estabelecer um diálogo multilateral com o governo levaram estudantes universitários a uma série de protestos que incluem greves de fome e sutura de lábios. A violência destas atitudes não tem sido maior do que a praticada contra os direitos civis no país e mostram a extremidade da situação.

Defender as decisões de Hugo Chávez tem sido uma tarefa difícil até mesmo para aqueles que o apoiavam até pouco tempo atrás. Por este motivo, antigos apoiadores se tornam críticos ao atual governo, abandonaram algumas questões ideológicas para pensar de forma mais focada no social, na garantia de direitos civis e na liberdade de mercado.

No campo econômico, o governo Hugo Chávez tem sido marcado fortemente por nacionalizações e intervenções em empresas. Dados apontam para mais de 200 nacionalizações de empresas produtivas desde 1999, quando chegou ao poder. As ações afetaram grupos de setores diversos, como petrolífero, siderúrgico, alimentício e de telecomunicações.

Membros de sindicatos já denunciaram que a falta de gestão após as estatizações fez com que a produtividade destas companhias despencasse. Com isso, o projeto socialista de Chávez não tem se mostrado, pelo menos até o momento, uma boa alternativa para a Venezuela. Na comparação com países vizinhos de América Latina, os 27,2% de inflação em 2010 são apenas parte do problema, pois estima-se que o índice pode chegar a 32,6%. Na viagem que acabou de fazer pela América Latina, Chávez certamente encontrou posicionamentos diferentes em relação à economia, imprensa e sistema judiciário.

Diante deste cenário, o prêmio Rodolfo Walsh para a Liberdade de Imprensa, que acaba de ser entregue na Argentina para Hugo Chávez precisa ser encarado como uma crítica ao posicionamento do governo. Caso contrário, não faz sentido e a notícia soa estranha, como se estes dados de agressão contra imprensa e decisões que ferem as liberdades civis na Venezuela não fossem de conhecimento público.

. Por: Juliana Bonassa, jornalista e mestranda em Comunicação Estratégica pela Universidade Nova de Lisboa.

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