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28/07/2007 - 11:39

Economia do meio ambiente e os recursos naturais escassos: uma questão que nunca esteve fora de moda

1. O surgimento das auditorias ambientais - A partir do início da década de 70, a pressão de muitos países industrializados, órgãos diversos e comunidade fez com que a preocupação das organizações se estendesse além da rentabilidade, bem como o impacto ambiental das organizações na comunidade e meio ambiente. O surgimento das auditorias leva as empresas a adotar posturas de conformidade às leis, adotando diversos parâmetros financeiros e mais tarde não-financeiros, buscando alavancar sua imagem perante a sociedade em que atuam.

Mas essa postura reativa não é suficiente para solucionar todos os impactos causados pelas organizações que passam a buscar metodologias diferenciadas como, por exemplo, a contabilidade ecológica, visando se ter um leque de parâmetros mais amplo. O Objetivo é buscar novas alternativas onde as empresas tenham como foco a sustentabilidade ecológica, em vez de somente a rentabilidade.

Essa mudança de percepção é fundamental para se minimizar impactos ambientais que a antiga percepção não vislumbrava. O Homem vem aprendendo com seus erros e acidentes, adotando medidas reativas na sua maioria em relação ao meio ambiente. No início dos anos 70, o termo "Environmental Audit" (Auditoria ambiental), começou a ser usado nos países anglo-saxônicos, tendo-se difundido, em seguida, pela Europa a partir dos anos 80, em particular na Holanda e na Alemanha.

Em 1980, nos Estados Unidos, com a lei "Comprehensive Environmental Response, Compensation and Liability Act (CERCLA)", proposta pelo Vice-Presidente Al Gore, introduziu-se pela primeira vez, a noção de responsabilidade global perante o ambiente. Uma análise de índole ambiental, não podia cingir-se a apenas um aspecto (técnico ou jurídico / normativo) ou setor (água, ar, resíduos, ruído). Teria de abranger todos os aspectos e setores do Ambiente de uma forma integrada e toda a globalidade da empresa, nos seus componentes internos e externos.

Desde aí várias instituições internacionais publicaram documentos dedicados à realização de auditorias ambientais. Em Junho de 1989 a Câmara Internacional de Comércio (CIC) publicou um documento intitulado "Auditoria Ambiental", com vista a sensibilizar as indústrias para os problemas ambientais e fornecer as linhas diretrizes que permitem a execução de uma auditoria ambiental. Nesse documento, o termo auditoria foi definido como "um utensílio documentado, periódico e objetivo sobre o funcionamento de uma organização e do sistema de gestão destinado a assegurar a proteção do ambiente".

Um relatório publicado dentro do programa das Nações Unidas para o Ambiente, em 1990, sob a forma de um guia técnico apresentando as experiências de empresas multinacionais, concluiu que uma auditoria deve ser um utensílio complementar, não legislativo, adaptado às exigências locais de cada país. De acordo com o EcoManagement - Guia do Instituto Elmwood de Auditoria Ecológica e Negócios Sustentáveis - algumas empresas norte-americanas também criaram políticas internas para questões ambientais, mais rigorosas ainda que as regulamentações governamentais.

Contudo, o método fundamental da auditoria ambiental americana envolve a comparação entre os procedimentos da empresa e o que é permitido por um conjunto de leis e regulamentos, tais leis abrangem o Ar Puro, Água Pura, Recuperação e Conservação de Recursos, Abrangente Ambiental de Responsabilidade, Limpeza e Responsabilização, Água potável segura, Controle de Substâncias Tóxicas, Federal Sobre Inseticidas, Fungicidas e Rodenticidas, Mineração e Recuperação do Solo e Lei do Direito da Comunidade à Informação, Leis de Segurança e Saúde Ocupacional também têm relação com fatores ambientais, além da comissão de valores imobiliários que tem demonstrado forte interesse pela auditoria ambiental, já que esta pode afetar a cotação de empresas com ações negociadas em bolsa.

2. Auditoria levada além dos dados financeiros - A falta de consciência ambiental e social por parte dos diversos órgãos governamentais era uma realidade nos anos 60, o isolamento das empresas, em relação ao mundo real, no final dos anos 60, foi criticado por países industrializados. Começava-se a exigir destas empresas soluções com relação à poluição, responsabilidade pela comunidade, etc. Começa-se a vislumbrar que uma empresa "não" é somente seus acionistas, diretores e empregados, mas toda a comunidade, que de alguma forma se relaciona com essa organização.

No início da década de 70, os dados financeiros deixam de ser o único foco de atenção das empresas, e começa-se a buscar uma forma de “contabilidade social” onde não se baseiam apenas em dados financeiros, todas essas mudanças de ponto de vista, onde a exigência pela melhoria da qualidade de vida e novos enfoques contábeis, levaram a uma mudança de atitude nos americanos. Nesse período de início da década de 70, desenvolve-se um processo de mudança na atitude dos americanos com relação às normas ambientais federais, onde são promulgadas novas leis, estabelecendo políticas ambientais de âmbito nacional, tornando comum às avaliações quantitativas de impacto no ambiente, onde esses fatos combinados levaram a “auditoria ambiental”.

Essas novas leis dão novo rumo às empresas que agora precisam se adequar a essas normas, porém aquelas ainda adotam uma postura reativa, de se estar cumprindo a lei, para se evitar a responsabilidade legal, relata que com o surgimento das “Auditorias Ambientais” que se baseiam em leis como a lei do ar puro e lei da água pura, levaram as empresas a demonstrar forte interesse por essas auditorias, visto que estas afetavam a cotação das empresas na bolsa de valores. Porém, a maioria dessas auditorias ambientais reflete ainda uma atitude reativa, ou uma “auditoria de cumprimento”, onde se busca somente o cumprimento das leis, para se evitar multas e processos, ou para se manter uma boa postura ambiental na mídia.

A adoção de posturas pró-ativas pode evitar danos ambientais, segundo CAPRA (1993:43), “a abordagem pró-ativa incorporada aos programas de auditoria diminui a probabilidade de ocorrência de desastres ambientais”. Um fator que reforça a idéia de “auditoria de cumprimento” é com relação à exposição dos objetivos ambientais das empresas à mídia. Muitas empresas adotam uma postura defensiva, onde estas preferem manter sigilo sobre suas ações ambientais, algumas auditorias ambientais são executadas de modo sigiloso, para impedir que deixe essas empresas expostas a processos legais e estes venham a conhecimento público, denegrindo a imagem daquelas.

As empresas temem o fato de tornar público um compromisso ambiental que as colocariam à mercê de uma fiscalização mais rigorosa da mídia. As metodologias inovadoras são de suma importância para se avaliar os impactos ambientais das organizações, para que estas busquem novas formas de administração visando minimizar ao máximo os impactos negativos que por ventura vierem a causar. É o caso da “Contabilidade Ecológica”, CAPRA (1993: 46), cita algumas formas de criar sistemas de “Contabilidade Ecológica”, estabelecendo relações numéricas entre os impactos ecológicos positivos e negativos, proporcionando um novo “resultado final”, para se avaliar as empresas. Vem-se tentando mensurar danos ao meio ambiente que muitas vezes foge dos padrões quantificáveis e qualificáveis existentes na atualidade. Questões relacionadas com o meio ambiente em muitos países ainda são deixadas de lado em função do crescimento deste. Muitas atitudes ecológicas que se tomam no meio organizacional vêm em função de interesses econômicos e da sustentabilidade em longo prazo, então, vemos que só haverá interesse por questões ambientais quando as organizações adotarem uma postura ecológica, priorizando a educação ambiental dentro e fora da empresa.

Métodos de auditoria ambiental e ecológica - O Homem enquanto ser social vem despertando para uma realidade onde poucos vêem com clareza o que a própria natureza aponta, dentre os liminares do primeiro acidente ambiental da era Industrial ocorrido na Bélgica em 1930, onde uma espessa névoa cobriu uma zona industrial e cerca de sessenta pessoas haviam morrido e centenas de outras pessoas ficaram enfermas, as conseqüências locais e regionais do acidente foram evidentes, porém suas repercussões só seriam percebidas anos mais tarde, e junto a elas uma série de outros acidentes vem sendo divulgado pela mídia até os dias de hoje.

As pessoas que trabalham com auditoria às vezes mencionam o objetivo de aumentar o conforto da administração, o que é feito confirmando que sistemas para monitorar e controlar impactos ambientais definidos estão implementados e funcionam a contento. Segundo o manual americano (Cahill 1987), os objetivos típicos de uma empresa norte-americana em termos de auditoria ambiental são: Assegurar o cumprimento; Definir possibilidades de responsabilização legal; Proteger os altos executivos da empresa de responsabilização legal; Levantar dados para aquisições e fusões; Acompanhar e relatar os custos de cumprimento; Transferir informações entre unidades operacionais; Definir responsabilidades dos gerentes.

Com base neste manual que tem aval da Agência de Proteção Ambiental (EPA) dos Estados Unidos, as empresas norte-americanas e empresas do mundo todo vêm executando auditorias de forma até bem-intencionadas de atenuar os impactos ambientais e estar em cumprimento a Legislação Ambiental. Porém a difícil tarefa de análise de dados ambientais requer um sistema confiável de informações para manter os dados ecológicos pertinentes, a começar por um registro dos custos e impactos ambientais gerados pelas operações da empresa, porém, até então, o que se pode afirmar é que a maioria dos impactos ecológicos não é passível de quantificação exata, visto que eles afetam a qualidade de vida - humana e não-humana - que é basicamente determinada por juízos de valor, embora seja útil recorrer a medições para avaliá-la.

Na economia convencional os preços são quantidades mensuráveis e podem ser tratados como algo "objetivo". No entanto, não são explicitados os critérios usados para atribuir preços aos valores, pois esta é, em essência, uma decisão política, então, como chegar aos "coeficientes de equivalência” baseada na escassez ecológica como único critério ignorando assim, outros impactos ecológicos, privilegiando o status quo ecológico e não a necessidade de regeneração ecológica.

Métodos de Auditoria Ambiental - Em geral as empresas possuem licenças por escrito especificando quantidades máximas de descarga, e os auditores começam seu trabalho reunindo e verificando essas licenças, comparam registros existentes de monitoramento com os atuais e comparam com os níveis permitidos pela legislação, inspecionam pessoalmente fábricas e investigam procedimentos de registro e relatório para averiguar se as informações ali fornecidas são confiáveis.

Nas auditorias é utilizado protocolo ou lista de verificação detalhadas, previamente adaptada aos problemas de uma determinada fábrica, com o intuito de assegurar o “cobrimento” por completo de possíveis áreas problemáticas da fábrica, às vezes são elaborados fluxogramas dos processos da fábrica, com o intuito de avaliar se o controle exercido pela administração é o mais adequado, no decorrer da auditoria, são transmitidos à administração relatórios provisórios, para comentários e discussão, eles constituem a base para o relatório final, apresentado na conclusão da auditoria, que fornece uma avaliação da observância da empresa às regulamentações pertinentes, e também indica áreas problemáticas que exigem atenção.

3. Metodologia de Auditoria Ecológica - Abaixo relatamos a existência de alguns métodos de auditoria ecológica que já são usados nas práticas de negócios, e existem há muito tempo, alguns da auditoria social das décadas de 60 e 70, outros foram adaptados da auditoria ambiental e, outros ainda, foram criados principalmente na Alemanha e na Suíça durante o final da década de 70 e na década de 80. A auditoria ecológica, vai muito além das regulamentações governamentais. A tarefa não se limita a confirmar o cumprimento de normas estabelecidas, mas consiste também em minimizar o impacto ambiental.

Incluí-se aí a proteção dos funcionários e da comunidade, o oferecimento de um local de trabalho ecologicamente saudável e fabricação de bens "eco-favoráveis", mas o êxito na utilização de procedimentos de eco-auditoria dependerá da medida em que eles capacitarem o auditor a superar a tensão entre economia e ecologia, integrando abordagens qualitativas, tais como: Indicadores ambientais; Contabilidade ambiental; Avaliação do impacto ambiental; Cálculos de viabilidade econômica; Avaliações tecnológicas; Auditoria de energia e materiais; Pesquisa de mercado; Análise custo-benefício; Balanço patrimonial social; Bancos de dados Ambientais; Listas de verificação; Método de hierarquia das decisões; Dinâmica de sistemas; Construção de cenários.

A esperança aqui é de que a auditoria ecológica seja vista e aplicada no mundo todo, que na realidade é um estilo de administração com consciência ecológica, onde este estilo atinge os processos, subprocessos, atividades e tarefas executadas na empresa, é uma mudança de comportamento convencional para um comportamento ecológico.

4. Conclusão - Vem-se tentando mensurar danos ao meio ambiente que muitas vezes foge dos padrões quantificáveis e qualificáveis existentes na atualidade, questões relacionadas com o meio ambiente em muitos países ainda são deixadas de lado em função do crescimento deste, muitas atitudes ecológicas que se toma no meio organizacional vem em função de interesses econômicos e da sustentabilidade em longo prazo.

Então, vemos que só haverá interesse por questões ambientais quando as organizações adotarem uma postura ecológica, priorizando a educação ambiental dentro e fora da empresa. O Objetivo é buscar novas alternativas onde as empresas tenham como foco a sustentabilidade ecológica, em vez de somente a rentabilidade. Essa mudança de percepção é fundamental para se minimizar impactos ambientais que a antiga percepção não vislumbrava.

. Por: Marco Antonio Gonçalves de Aragão, Economista, Professor da Faculdade de Ciências Aplicadas de Cascavel e profissional técnico da Associação Cascavelense de Amigos de Surdos.| Cofecon.

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