Receita para ter um coração saudável

Manter a pressão em níveis próximos a 12 por 8 é a melhor receita para um coração saudável. Um hipertenso que não segue o tratamento adequado tem uma expectativa de vida reduzida em média 16 anos e meio. No Brasil, há 30 milhões de hipertensos, mais de 30% da população adulta. A hipertensão arterial é a principal causa de infartos e dos derrames cerebrais, as doenças que mais vitimam em todo o mundo, incluindo o Brasil. Uma em cada 3 mortes é devida às doenças cardiovasculares. No país, são 315 mil óbitos, um a cada 2 minutos. Mais da metade das vítimas têm entre 45 e 69 anos. A grande maioria dessas mortes prematuras poderia ser evitada ou postergada, com medidas preventivas simples.

A maioria das pessoas que sofre de hipertensão sequer sabe que é portador e muitos negam o diagnóstico expondo-se aos riscos da doença não tratada. A pressão alta não controlada causa, além de infartos e derrames, insuficiências do coração e dos rins, demência, cegueira, gangrena e muitas outras graves consequências. A hipertensão vitima 2 vezes mais que o câncer de todos os tipos, 3 vezes mais que os acidentes e a violência, 6 vezes mais que as infecções, incluindo a AIDS. Mas, apesar de tudo isso, apenas cerca de 10% do total dos hipertensos fazem o tratamento adequado e têm a pressão controlada.

São muitas as causas dos baixos índices de controle da hipertensão no Brasil. A doença é, na maioria das vezes assintomática, o que faz com que muitos não a percebam, alguns se neguem a aceitá-la, enquanto outros não percebam os benefícios do seu tratamento, que não são imediatos. Há também muitas crendices que dificultam a manutenção do tratamento. Alguns acreditam que, finda uma fase de estresse, a pressão deverá se controlar, enquanto as principais causas da doença são a genética e o estilo de vida.

O receio de efeitos colaterais é também um grande entrave ao tratamento. Mulheres temem principalmente o aumento de peso com o uso de remédios, enquanto os homens fogem dos medicamentos pelo medo da impotência sexual. Na verdade, poucos são os remédios que podem causar tais efeitos colaterais, mas todos acabam levando a má fama. Pelo contrário, a hipertensão não controlada figura entre as principais causas de disfunção sexual em homens e mulheres. O custo dos remédios, o desconforto de ter de tomá-los diariamente, a necessidade de ingerí-los várias vezes ao dia, a correria da vida moderna e a não priorização dos cuidados com a própria saúde, são alguns dos muitos entraves à adesão ao tratamento.

"Eu sou 12 por 8” é o tema da Campanha do Departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia para prevenção, diagnóstico e controle da hipertensão. Mais que diagnosticar e indicar o tratamento, médicos e profissionais de saúde se unem às empresas e representantes da sociedade, de todos os setores, em uma ação humanitária e de grande impacto social, para a busca de soluções para o problema. Muitos ”embaixadores” – Carolina Ferraz, Lázaro Ramos, Ney Matogrosso, Samuel Rosa, Ronaldo “Fenômeno” Nazário, Lucas Mendes, Ricardo Amorim, Guilhermina Guinle, Sarah Oliveira, MV Bill, Natália Guimarães e outros – já vestiram a camisa e têm emprestando seu carisma e seu prestígio para alertar a população sobre os benefícios do controle da hipertensão. A difusão da mensagem “Eu sou 12 por 8”, vem sendo feita por meio das redes sociais e pelo site www.eusou12por8.com.br. Materiais da Campanha estão nos consultórios, nas drogarias, nas publicações, nos corações e mentes, em todos os lugares.

É hora de todos nos unirmos em prol de um objetivo comum para que daqui para frente todos possam dizer “Eu sou 12 por 8”!

. Por: Marcus Vinícius Bolívar Malachias, médico cardiologista e presidente do Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia