Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

Ásia: o novo motor da economia mundial

Um recente levantamento publicado pela revista britânica “The Economist” mostra que, apesar do desaquecimento da economia norte-americana, o crescimento da economia mundial deve continuar vigoroso graças à consolidação do crescimento econômico asiático.

Durante os últimos anos o forte nível de consumo da população americana tem sido o principal motor que manteve o crescimento econômico mundial no seu melhor nível desde a crise do petróleo nos anos 70. O alto consumo nos EUA foi sustentado pelas reduzidas taxas de juros e pelo boom do mercado imobiliário. No entanto, após contínuos aumentos na taxa básica de juros, a bolha imobiliária americana já dá sinais de esvaziamento. Os preços dos imóveis novos e usados caíram vertiginosamente e o volume de vendas estacionou. Os principais analistas econômicos acreditam que a economia americana deve entrar num período de estagnação, ou pelo menos de fraco crescimento nos próximos anos. A redução do consumo e a necessária correção dos déficits fiscal e comercial sustentam a previsão dos analistas.

A grande preocupação dos países em desenvolvimento é o efeito negativo que a desaceleração da economia americana pode causar em seus mercados. A bonança vivida pela economia dos países emergentes foi proporcionada pelo aumento de suas exportações. Em razão do alto nível de consumo, o mercado americano tem sido o tradicional destino dessas exportações. Diz o ditado que “quando os EUA pegam um resfriado, o mundo pega uma pneumonia”.

O levantamento publicado na “The Economist”, no entanto, indica que não há motivos para os países emergentes entrarem em pânico. Atualmente a economia americana, em termos de paridade do poder de compra, responde por menos de 15% do crescimento da economia mundial. O real motor da economia no mundo tem sido a Ásia, que responde por mais de 50% do crescimento do PIB global.

É bem verdade que a economia asiática também exporta muito para os EUA e conseqüentemente também seria prejudicada pela queda do consumo americano. Porém, os recursos oriundos do forte crescimento das exportações dos países asiáticos têm sido direcionados para investimentos em infra-estrutura interna e fortalecimento das reservas. Hoje o mercado doméstico asiático já cresceu o suficiente para alimentar a economia de seus países. Na China, na Índia, no Japão e na Indonésia, principais economias asiáticas, o consumo interno responde por mais de 80% do crescimento do PIB. Apenas países menores, como Cingapura e Taiwan têm forte dependência das exportações.

A importância das exportações na composição do PIB chinês, por exemplo, é grande. Mas a importância das importações também. A China agrega internamente apenas 25% do valor exportado. Uma queda das exportações chinesas prejudicaria muito mais os pequenos países asiáticos, fornecedores chineses do que a própria China. Nos últimos anos o consumo interno na China tem crescido à média anual de 9%, valor próximo ao do crescimento do PIB.

A idéia de que a população asiática, ao contrário da americana, prefere poupar a gastar, também não corresponde totalmente à verdade. Nos últimos anos o nível de poupança vem caindo, de um índice de 15% da renda familiar para menos de 8%. O volume de poupança tem crescido em valores absolutos em razão da expansão da renda e não devido ao aumento do esforço poupador. O gosto pelo consumo tem contagiado os asiáticos nesse início do século XXI.

Se, em termos reais, a Ásia pode compensar o esfriamento da economia americana, o mesmo pode não acontecer no âmbito do mercado financeiro. Neste setor, uma queda brusca dos ativos nas bolsas americanas pode contaminar outros mercados ao redor do mundo. Embora as ferramentas de controle para atenuar choques externos estejam muito mais desenvolvidas do que em períodos anteriores, as autoridades monetárias devem ficar atentas para proteger seus países de um forte abalo no mercado financeiro.

Para o Brasil, a situação é relativamente cômoda. A eliminação da dívida pública externa líquida, os resultados positivos na balança de pagamentos, o cenário de queda das taxas de juros e o esforço do governo para eliminar o déficit fiscal nominal dão suporte para que a economia nacional possa crescer de forma sustentada nos próximos anos. O aumento do ritmo de crescimento, entretanto, ainda depende de mudanças estruturais. Desburocratização, redução da carga tributária, melhoria dos serviços públicos, aumento da formalização da economia e equacionamento das contas da previdência são condições necessárias para criação de um ambiente virtuoso de negócios no País. Esperamos que o Brasil, assim como ocorre atualmente com a Ásia, possa vir a ser no futuro um dos motores da economia mundial. Sonhar não é proibido!

. Alcides Leite é professor do Centro de Conhecimento Equifax e especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira