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28/04/2011 - 12:07

Desafio real

Um dos assuntos mais recorrentes na mídia mundial é o casamento do príncipe William, segundo na linha de sucessão ao trono inglês, com Kate Middleton. Contudo, além do megaevento que está sendo preparado, há outras questões em jogo, como os rumos sucessórios na monarquia inglesa e sua capacidade de contribuir para a recuperação econômica. O Reino Unido está passando por uma da piores crises de sua história. Desde meados de 2008, quando ocorreu o crash mundial, não conseguiu sair da recessão. Seu PIB, no último trimestre de 2010, teve queda de 0,5%, suscitando o maior corte orçamentário desde a Segunda Guerra.

É nesse cenário que se realiza a cerimônia nupcial, com toda a pompa e circunstância, cujo custo não foi revelado. Estima-se, porém, que o valor ultrapasse cinco milhões de libras (aproximadamente R$ 13 milhões). Apenas como comparação, em setembro do ano passado, o Reino Unido gastou dois milhões de libras (cerca de R$ 5 milhões) com a visita do papa Bento XVI.

O glamour da celebração, que conta com 1.900 convidados, não implica apenas gastos para a monarquia e os contribuintes. Aos descontentes com o fato contrapõe-se a consistente contrapartida da venda de produtos alusivos ao casamento e aos noivos, desde chaveiros e xícaras com as fotos dos nubentes, até livros sobre a dinastia real britânica. Há, ainda, um estímulo aos ramos de negócios ligados aos casamentos e ao turismo, que está movimentando a indústria e o comércio do país. A expectativa é a de que 600 mil pessoas – britânicos e estrangeiros – vão até Londres para assistirem ao casamento ao vivo.

A festa não terá a mesma pompa que a dos pais de William, príncipe Charles e Diana. Em 1981, a monarquia inglesa gastou algo em torno 75 milhões de libras (R$ 194 milhões em valores atuais). Era uma época de “vacas gordas” da realeza e do próprio Reino Unido. O “investimento” obteve retorno de 1,7 bilhão de libras (R$ 4,4 bilhões). Mesmo com um gasto muito menor, a expectativa é que o casamento de William e Kate gere movimento em torno de 1,4 bilhão de libras (R$ 3,6 bilhões).

Além da economia, há uma questão política importante permeando o casamento: após a separação de Charles e Diana e todos os fatos, rumores e sensacionalismo correlatos, a expectativa é que o enlace matrimonial de William e Kate seja duradouro, tirando a família real das manchetes dos tablóides ingleses. Recente pesquisa realizada pela revista Prospect apresentou dados surpreendentes: 45% dos britânicos preferem que Charles, o primeiro na linha sucessória, seja o próximo rei, ou seja, recebendo a coroa de sua mãe, rainha Elizabeth II, ao invés de William (37%). Ou seja, houve uma “virada”, pois este sempre apareceu nas pesquisas como o preferido da população.

Depois de toda a depreciação da imagem pública de Charles, na esteira da morte e reverência nacional e mundial à princesa Diana, a pesquisa indica que, mais uma vez, a monarquia mostra-se uma instituição forte, sempre capaz de resgatar e manter seu papel de fiadora da soberania, da estabilidade política e da força do Reino Unido. É com essa tradição que a realeza enfrenta um crucial desafio para o país e a sua própria reafirmação plena: contribuir para reerguer a economia britânica. A tarefa transcende ao casamento e aos dois grandes eventos de 2012 (os 60 anos de reinado da rainha Elizabeth II e a Olimpíada de Londres). Implica, sobretudo, a retomada de uma participação mais ativa da família real nos esforços relativos ao comércio exterior e na diplomacia econômica, ajudando a incrementar exportações e a atração de investimentos.

. Por: Olavo Henrique Furtado, coordenador de pós-graduação e MBA e professor de Relações Internacionais da Trevisan Escola de Negócios ([email protected]).

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