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28/04/2011 - 12:07

O Luxo e o novo dinheiro

Com o aumento do poder de compra do brasileiro nos últimos anos e os financiamentos a perder de vista adotados de maneira inédita pelas grifes internacionais instaladas no Brasil, o luxo está acessível a uma parcela cada vez maior da população.

Mas… as pessoas estão preparadas para o luxo? Ou ele terá que se adaptar a elas?

Luxo para uns é a primeira viagem para a Europa, enquanto para outros, é chegar à cidade-luz a bordo de seu avião particular. Luxo pode ser sentar-se no mais estrelado restaurante e brindar em taças de cristal – como também sujar as mãos caçando trufas no Piemonte e cozinhar em um fogão a lenha no interior da Itália.

Isso falando em viagens - se formos entrar pelo setor de moda, cosméticos ou automobilístico, a coisa vai mais longe.

O fato é que a classe C que só viajava de ônibus agora é figurinha carimbada em vôos por todo o país. Da mesma forma, aqueles que já conheciam e desfrutavam dos prazeres do poder aquisitivo, estão refinando seu estilo de consumo. E daqui a alguns anos, a classe C dará espaço a uma nova, que irá efrentar filas por uma bolsa Luis Vouitton.

O brasileiro C está cada vez mais sujeito à melancolia dos primeiros burgueses que viviam o drama de que dinheiro sem título, sem status, não é nada. E busca este status principalmente através do consumo de produtos considerados de elite – lamentavelmente sem a contrapartida cultural, que no passado também diferenciava uma elite.

Um jogador de futebol que mal sabe falar corretamente sua lingua materna, não consegue viver enquanto não compra uma Ferrari. Uma estrela de reality show que não tem idéia de quem seja Coco coleciona modelitos Chanel da última temporada. Políticos endinheirados que não leram sequer um livro no último ano, precisam estar onde circula gente fina, elegante e sincera, para sentirem-se bem.

Novos ricos compram roupas e jóias de marcas renomadas parcelando em dez vezes ou pagando com dois e três cartões de crédito. Viajam entre o eixo Rio-São Paulo-Nova Iorque-Paris-Milão e voltam com pelo menos um “falsier” por que é preciso estar acompanhado de boas marcas, mesmo piratas - ignorando conceitos de qualidade, exclusividade e sofisticação.

Por que a vida sem status não é nada. Com muito dinheiro ou pagando em dez vezes.

Uma boa parcela das pessoas que mais consomem luxo, está apenas alimentando sua auto estima com status. Educação, sofisticação intelectual e finesse porém, não são atributos obrigatórios. Não coadjuva a noção do hedonismo que há por trás do consumo de produtos especiais - há apenas o aspecto material.

Mas será que as marcas de luxo, que investiram tão pesadamente no Brasil após as crises americana e européia estão satisfeitas com todos os aspectos desta… revolução social do luxo? Estavam preparadas para o tipo de cliente que teriam com este dinheiro novo? Ou: a Hermès que fica um charme na Carla Bruni, produz o mesmo efeito numa estrela de reality show?

Desconsiderando por agora a afronta da pirataria, Madame Chanel ficaria feliz ao ver uma Mulher-Jabuticaba – ou seja lá como se chame – vestindo suas peças de pret-à-porter? Um Jaguar é mesmo para ser dirigido por jovens que aceleram irresponsavelmente, colocando em risco a vida dos transeuntes? Um hotel de luxo ou restaurante estrelado Michelin, estarão dispostos a receber pós adolescentes que falam alto, bebem demais e se envolvem em situações que podem constranger outros clientes?

O up grade está disponível – há vagas na primeira classe e os brasileiros estão podendo pagar. Mas eles estão prontos para o luxo? Ou o luxo terá que adaptar-se a eles? Com certeza sim, por que o dinheiro está aí com esse pessoal.

E eis a oportunidade para os que se atentam: é claro que é mais gostoso atender aos que tem o luxo em seu espírito, aqueles a quem o diamante realmente adorna e não se choca - porém, estar pronto para oferecer o suporte que inclui as classes emergentes no luxo, sem constrangimentos, será muito proveitoso.

E ainda mais - irá conduzir estas pessoas para a etapa seguinte, quando então irão desejar não apenas o luxo material, mas sim pela qualidade de vida, experiências de prazer, viagens enriquecedoras, aprendizado. Este sim, o verdadeiro luxo!

. Por: Flávia Ribeiro - profissional de turismo

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