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29/04/2011 - 12:45

Qual é a hora?

É comum os pais se perguntarem qual é o momento ideal para que os filhos passem a frequentar as baladas e possam sair com os amigos. Cada vez mais os profissionais que acompanham os adolescentes são abordados com este tipo de indagação.

Cabe ressaltar que a criança, o pré-adolescente, o adolescente, o ser humano, enfim, é um indivíduo complexo, que não funciona de forma exata como se a “hora” pudesse ser mensurada analogicamente como um relógio...

Por outro lado, a insegurança dos pais em “oferecer” seu filho para o mundo, despreparado, sem estrutura para enfrentá-lo, causa, no mínimo, o sentimento de impotência na tomada de decisão da “hora certa”.

Neste momento, a participação dos pais na vida de seus filhos é essencial para que estas discussões sejam viabilizadas: acompanhar não significa invadir, pois quando se trata de adolescente, invadir o “seu mundo” torna-se algo ameaçador. Conversar, conhecer seus amigos, debater sobre situações que os rodeiam, escutar suas opiniões, orientar, trocar ideias, tudo isso oferece subsídios para que os pais tenham mais informações acerca de seus filhos e, assim, possam construir esta decisão de forma mais concisa.

O mundo dos condomínios fechados, muitas vezes, impede que o adolescente conheça o “mundo real”; desta forma, vivenciar experiências, juntamente com eles, nos grandes centros urbanos, circulando por apresentações culturais (cinemas, teatros, exposições, mercados...), metrôs etc., amplia e enriquece as conversas entre pais e filhos, viabilizando as possibilidades de análise entre causa e consequências na tomada de decisões. Os adolescentes precisam, constantemente, alimentar este treino: apresentada certa situação, procurar as possibilidades que a cerca, analisá-las, prever a consequência da escolha da alternativa, a fim de ser mais assertivo na opção do caminho a ser percorrido.

Fazendo uma breve analogia com o mundo animal, os insetos, para crescerem, passam por um processo denominado “muda”. Este processo envolve tanto um mecanismo fisiológico, regulado internamente pela ação de hormônios, quanto uma reestruturação externa. O esqueleto destes animais é externo, sendo assim, para que possam crescer, eles precisam trocar esta “casca externa”.

O esqueleto oferece aos seres vivos proteção e estrutura para que possam enfrentar o ambiente em que vivem. Neste caso, o animal somente crescerá se conseguir desprender-se do esqueleto antigo e formar um novo já adaptado às suas novas dimensões.

Portanto, é necessário que o adolescente se sinta fortalecido para que possa crescer. Porém, retomando a analogia com os animais, o esqueleto é do próprio individuo; é ele quem o desenvolve, ou seja, vem de dentro para fora.

Os pais devem participar ativamente deste processo; no entanto, o filho precisa desenvolver sua “casca”. E os pais devem cuidar para não colocarem suas próprias sobre seus filhos; caso contrário, o esqueleto não se fortalecerá, podendo não sustentá-lo a vida toda, principalmente nos momentos em que os pais não estiverem ao lado de seus filhos.

Concluo com as palavras do poeta Gibran Khalil: “Vossos filhos não são vossos filhos, são os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vem através de vós, mas não de vós, e embora vivam convosco, não vos pertencem”.

. Por: Luciana Lauretti, coordenadora do Teens da Escola Internacional de Alphaville

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