Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

30/04/2011 - 12:09

Engenharia automotiva enaltece 25 anos do Proconve

E analisa as próximas etapas do programa de prevenção ambiental, por poluentes veiculares, de maior sucesso no Brasil.

A edição deste ano do Seminário de Emissões, realizada ontem no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo, com a presença de cerca de 280 técnicos e especialistas do setor automotivo, tratou do tema “Proconve: os 25 anos de atuação na indústria automotiva brasileira e suas metas futuras” e, sem dúvida, foi a maisimportante das últimas duas décadas.

Intitulada “25 anos de sucesso do Proconve”, a palestra de abertura foi conduzida por Franco Ciranni, presidente da AEA – Associação Brasileira de Engenharia Automotiva, promotora e organizadora do Seminário de Emissões, por Márcio Beraldo Veloso, analista ambiental do Ibama (representando o presidente do instituto, Curt Trennepohl) e por Otávio Okano, presidente da Cetesb.

Depois de manifestar solidariedade ao povo e à indústria japonesa de veículos automotores, por sérias consequências sofridas devido ao terremoto e tsunami de março último, Franco Ciranni fez um completo diagnóstico sobre os primeiros 25 anos do Proconve. Em trechos de seu discurso, Ciranni mencionou, por exemplo, estudos da Universidade de São Paulo que atribuem ao Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores como uma “vacina ambiental” para a população brasileira.

Em outro trecho, o presidente da AEA discorreu sobre ainiciativa da indústria brasileira que, junto com os órgãos ambientais, antecipou-se ao futuro das próprias montadoras de veículos, hoje em alternância com a Alemanha na 4ª posição do ranking mundial. Ciranni falou sobre a importância de o Brasil ter uma matriz energética diferenciada do restante do mundo, com a introdução do veículos flex fuel e até mesmo na mistura de etanol com Diesel para veículos pesados.Abordou ainda sobre o Euro 5/P-7 para pesados, com início marcado para janeiro de 2012.

Na parte final de seu pronunciamento de abertura, Franco Ciranni dedicou-se a discorrer sobre os objetivos de atuação da AEA junto à sociedade brasileira, por meio de estreito relacionamento com o Governo, indústria e universidades, em favor da população.

Vidas poupadas – A intervenção de Márcio Beraldo Veloso, analista ambiental do Ibama, fez considerações sobre os desafios do instituto em relação às necessidades da sociedade e à convergência das legislações ambientais.

O presidente da Cetesb, Otávio Okano, por sua vez, fez a retrospectiva completa do Proconve/Promot. E um pouco mais. Na realidade, ele falou sobres os primeiros desafios ambientais na época do Milagre Econômicobrasileiro, ainda na década de 70, que, aliás, foi uma fase preparatória doProálcool, programa que possibilitou aos engenheiros automotivos brasileiros dedicarem-se efetivamente como referências na criação de centros de desenvolvimentos nacionais.

Assim, depois de oferecer um amplo espectro do programa, Okano enfatizou que “a melhora obtida na qualidade do ar devida ao Proconve poupou cerca de 1.400 vidas humanas por ano, pessoas quefaleceriam devido à complicações de saúde relacionadas à poluição do ar”.

“O Proconve ajudou direta ou indiretamente a alavancar o desenvolvimento e crescimento do parque industrial automobilístico brasileiro, o qual produz atualmente veículos leves e pesados e motocicletas, do ponto de vista de qualidade de controle de emissões, bastante próximos aos Estados Unidos e à Europa. Ampliaram-se os mercados de exportação, somos atualmente o 4º maior produtor automotivo do mundo, tendo ultrapassado países fabricantes tradicionais como a Alemanha, França, Itália e o Reino Unido. Exportamos tecnologias como a dos veículos ambicombustíveis ou flex fuel para o mundo e temos o Proconve conhecido e reconhecido por muitosoutros países além do Mercosul e da América do Sul”, sentenciou o presidente da Cetesb.

Proconve, o futuro – Três palestras compuseram o Bloco I do Seminário de Emissões 2011, que trouxe o tema “Metas do Proconve para o futuro”. A primeira, conduzida por André Luís Ferreira, presidente do Instituto de Energia e Meio Ambiente, discorreu sobre o “1º Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários”, na qual fez comentários sobre o desenvolvimento do inventário e explanou sobre os resultados desde 1990 e projeções até 2020, em relação às emissões de CO, MP, NOx, NMHC, RCHO, CO2 e CO2 fóssil, por categoria de veículos.

Na sequência, o gerente de Desenvolvimento de Motores e ATS da Mercedes-Benz, Gilberto Leal, além de abordar sobre as fases do Euro e do Proconve, mostrou “A resposta da Mercedes-Benz para atender ao Proconve P-7”, exemplifica com a tecnologia BlueTec 5, nova geração de motores cujo conceito básico é sua operação em alta rotação, o que emite menos poluentes ao meio ambiente.

E, para finalizar o bloco, Rui de Abrantes, gerente do Setor de Laboratório e Emissão Veicular da Cetesb, falou sobre “Próximas abrangências para o controle de emissão de veículos e máquinas automotoras”, tema por meio da qual fez uma análise completa do que vem pela frente: Proconve L6 (veículos leves), Pomot 4 (motocicletas) e Proconve MAR-1 (máquinas agrícolas e rodoviárias).

Este bloco foi mediado pelo jornalista Fernando Calmon. Antes do encerramento, Henry Joseph Jr., em nome da AEA, fez homenagem a Gabriel Branco, um dos criadores do Proconve.

O segundo período do Seminário de Emissões teve início com a apresentação de Stephan Blunrich, vice-presidente e diretor geral da Divisão de Catalisadores Automotivos da Umicore para a América do Sul, que fez a retrospectiva desse importante componente veicular no controle de poluentes.

Diretor da AEA, mas na qualidade de presidente da Comissão de Energia e Meio Ambiente da Anfavea – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, Henry Joseph Jr. discorreu sobre “O significado do Proconve para a indústria automotiva”. Depois de elucidativa explanação sobre todas as fases do Proconve para veículos leves e pesados, Joseph Jr. disse que “o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores é a solução”, argumentou, “pois nos possibilita sabermos onde estamos e o que ainda falta fazermos”.

Efeito estufa – Três palestras compuseram o Bloco II, que tratou do tema “O consumo de combustível e o efeito estufa”: Alfred Szwarc, assessor da Presidência da Unica – União da Indústria de Cana de Açúcar, Frederico Kremer, gerente de Soluções Comerciais da Petrobras e Angela Martins de Souza, gerente de Emissão Atmosféricas e Mudanças Climáticas da Petrobras.

Depois de fazer considerações sobre o aquecimento global e fatores genéricos de mudanças climáticas, Szwarc lembrou que somente de 2003, ano que em foi lançado o carro flex fuel, a fevereiro de 2011, o uso de biocombustível no Brasil evitou a emissão de mais de 122 milhões de CO2, um dos gases responsáveis pelo efeito estufa.

Frederico Kremer, por sua vez, analisou a atuação da Petrobras nos últimos 25 anos do Proconve até chegar ao fornecimento do Diesel S50 que, a partir do próximo ano, com a obrigatoriedade paulatina de produção de motores Euro 5 e com o Arla-32 (Agente Redutor Líquido Automotivo), enquanto em “A gestão das emissões de gases de efeito estufa na indústria de petróleo e gás”, Angela Martins de Souza fez análise da matriz energética brasileira e do mundo desde 2008 e com projeções até 2030. Falouainda sobre as ações do governo brasileiro para a mitigação de emissões até2020.

A penúltima parte do seminário contou com as palestras de Henry Joseph Jr., que desta vez voltou para falar sobre “O que a tecnologia automotiva pode amenizar no efeito estufa”, e do professor doutor Paulo Saldiva, do Departamento de Infectologia da Universidade de São Paulo.

Um dos mais renomados especialistas em saúde pública do Brasil e do mundo, Paulo Saldiva destacou a importância da Ciência ao lado das políticas públicas e da economia. Segundo ele, a convergência das três áreas pode minimizar as mortes por consequências respiratórias. Segundo Saldiva, cerca de 4 mil pessoas morrem anualmente em São Paulo em consequência de problemas causados pela poluição do ar. Esse panorama nos mostra que o custo da poluição para a saúde – internações, mortalidade de redução da expectativa de vida, chega a US$ 1,5 bilhão.

Nesse cenário, de acordo com Saldiva, “as ilhas de vulnerabilidade ambiental estão associadas às ilhas de pobreza”, ao mencionar – por exemplo – a periferia da cidade, onde o cidadão sofre mais com os efeitos dos poluentes veiculares.

As duas apresentações tiveram a mediação da jornalista Marli Olmos, repórter especial do jornal Valor Econômico.

O Seminário de Emissões 2011 foi encerrado com a apresentação do consultor Fabio Feldmann, que reforçou durante sua palestra a importância da integração entre as instituições governamentais, associações, montadoras e a saúde pública.

Sob o tema “Transporte e Meio Ambiente”, Feldmann lembrou a importância do programa de restrição à circulação de veículos (Operação Rodízio) que reduziu a circulação 20% da frota da região metropolitana de São Paulo e, consequentemente, a poluição do ar. “Muitos desconhecem, mas o projeto foi criado inicialmente para resolver um problema de saúde pública diagnosticado por estudos de comissões governamentais”, explicou Feldmann .

Argumentou ainda que é preciso investir em novas formas de transporte alternativo, “como investimentos em uma política nacional de recursos hídricos. Foi constatado, por exemplo, que 20% da frota de pesados circulante na cidade de São Paulo anda vazia. Um dado que poderia ser evitado com uma conscientização e uma fiscalização dos órgãos públicos”, enfatizou o consultor.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira