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04/05/2011 - 11:23

Verba volant, scripta manent

A frase em latim do título (“Palavras voam, a escrita permanece”) sintetiza, com absoluta precisão e coerência, as respostas àqueles que continuam céticos com relação à sobrevivência e ao crescimento da indústria gráfica ante o advento das mídias digitais. Ambas não são concorrentes, mas meios complementares destinados a prover informação, conhecimento, educação, cultura, emoção e entretenimento.

A comunicação impressa, contudo, desfruta do consenso mundial quanto à confiança depositada nos conteúdos. Afinal, a cultura da presente civilização foi construída com tinta sobre o papel. As pessoas tendem a acreditar mais no que leem, veem e tateiam nos impressos. No livro “Interactivity by design - Creating & Communicating with New Media”, de Ray Kristof e Amy Satran, os autores observam: “Por causa de sua idade e maturidade, o impresso tem o poder de atribuir credibilidade às informações. Qualquer conteúdo pertencente a um material impresso é rapidamente aceito como verídico. O impresso é um meio de expressão extremamente rico. Livros, revistas ou catálogos apresentam conteúdo organizado para o leitor, através simplesmente de tamanho, formato e layout”.

De fato, neste momento de grandes transformações no Planeta, com produção compulsiva de conteúdos e multiplicação de mídias, incluindo a internet, a confiabilidade no impresso confere peculiar diferencial mercadológico à indústria gráfica. Esta, felizmente, tem conseguido responder à demanda e expectativa, com o aporte de novas tecnologias, mesclando o digital e o analógico, enriquecidas com novos acabamentos, texturas, formatos e cheiros, de modo a atender às crescentes exigências mercadológicas.

O setor parece ter cada vez mais consciência estratégica sobre a importância do serviço que presta, num processo de reconhecimento tácito ao valor de seu produto e trabalho. Isto, porém, amplia as exigências! Significa priorizar qualidade, atendimento e capacidade de oferecer soluções amplas e criativas aos clientes. Sobretudo, implica a imensa responsabilidade de quem produz informação para a posteridade!

Sim, o papel é perene, como testemunham livros muito antigos, dentre eles alguns exemplares da Bíblia remanescentes da primeira impressão feita pelo germânico Johannes Gutenberg, inventor da prensa com tipos móveis, que democratizou o acesso à leitura em meados do Século 15. Uma dessas obras de arte encontra-se na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, em ótimo estado de conservação. Os impressos também apresentam baixo custo de arquivamento, são recicláveis e têm matéria-prima renovável (no Brasil, 100% do papel destinado à indústria gráfica advêm de árvores provenientes de florestas cultivadas).

Não é sem razão que o ensaísta e escritor italiano Umberto Eco, com a autoridade que lhe confere sua biblioteca de 50 mil volumes, referenda de modo enfático a frase latina sobre a longevidade da tinta sobre o papel: “Eletrônicos duram 10 anos; livros, cinco séculos”. Tal crença, aliás, lhe valeu convite do colega francês Jean-Phillippe de Tonac, para analisar o estimulante tema com outro irredutível e aficionado bibliófilo, o escritor e roteirista Jean-Claude Carrière. O resultado do feliz encontro foi uma interessante obra, cujo título não deixa qualquer dúvida: “Não contem com o fim do livro”. É ler pra crer!

. Por: Fabio Arruda Mortara, M.A., MSc., empresário, é presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf Nacional) e do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo (Sindigraf-SP).

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