Bebida com lactobacilo reduz febre causada por gastroenterite aguda decorrente de infecção por norovírus

Deverá evitar a incidência de infecções em massa de gastroenterite em casas de repouso.

Tóquio -O Departamento de Laboratório para Pesquisa Probiótica da Faculdade de Medicina da Universidade de Juntendo (NAGATA Satoru, Yamashiro Yuichiro et al.) estudou a complementação de leite fermentado com probiótico contendo Lactobacillus casei strain Shirota (LcS) em idosos que moram em casas de repouso e confirmou a redução da febre associada à gastroenterite aguda causada por norovírus.

A análise da flora fecal revelou que o consumo diário de leite fermentado com lactobacilo aumentou a bactéria útil (bifiodobactéria, lactobacillus), reduziu a bactéria prejudicial (grupo de coliformes) e aumentou os ácidos graxos de cadeia curta, o que sugere que uma melhoria da flora intestinal e do ambiente contribuiu para o alívio dos sintomas de gastroenterite.

Sabe-se que o norovírus é uma das principais causas da gastroenterite infecciosa aguda, que pode em alguns casos se tornar muito grave, principalmente em idosos cujo sistema imunológico esteja comprometido, e com risco de desenvolver desidratação. Houve recentemente uma epidemia de casos de infecção em massa em instituições para idosos, e a prevenção dessas infecções apresenta vários desafios.

Existem poucos dados disponíveis sobre os efeitos dos probióticos, como o lactobacilo e, ao que se sabe, não existe nenhum relatório disponível sobre o norovírus.

Nossos resultados indicam que a complementação com probiótico pode ser uma forma eficaz de evitar a gastroenterite infecciosa, inclusive as infecções causadas pelo norovírus, nas instituições que abrigam grupos de idosos com sistema imunológico comprometido.

Os resultados foram publicados em 27 de abril de 2011, na versão online do British Journal of Nutrition, uma publicação científica.

1. Antecedentes- Sabe-se que o norovírus é uma das principais causas de gastroenterite infecciosa aguda. A infecção por norovírus é transmitida por via oral através dos dedos e alimentos contaminados, e causa vômito, diarreia e/ou dores abdominais quando se propaga no intestino. Pode ser suave com uma recuperação rápida em pessoas saudáveis, mas pode se tornar grave em bebês ou em idosos com sistema imunológico comprometido, e resultar em morte como decorrência de pneumonia por aspiração após o vômito ou desidratação grave. A administração dos riscos de doenças infecciosas é fundamental principalmente em casas de repouso onde residam idosos com sistema imunológico comprometido. Porém, é muito difícil controlar a infecção completamente, e por isso a redução dos danos da doença é uma tarefa que envolve muitos desafios.

Nosso grupo de pesquisa estudou a eficácia na prevenção da infecção por norovírus por meio da ingestão do lactobacilo (Lactobacillus casei strain Shirota; LcS), o qual, como se sabe, protege contra infecção e possui propriedades para regular a imunidade.

2. Detalhes sobre o estudo- O estudo foi feito com 77 idosos que moravam em uma casa de repouso (idade média, 84). Os idosos foram divididos em dois grupos: um grupo de consumo (39) e outro que não consumia a substância (38). O primeiro grupo recebeu leite fermentado com lactobacilo (uma garrafa de 80 ml com 40 bilhões de lactobacilos) diariamente por um longo período de tempo a partir do início de outubro de 2006. O estado de saúde dos dois grupos foi monitorado com base em relatórios diários sobre sua saúde, e caso houvesse diarreia, colhia-se uma amostra fecal que era examinada usando-se um kit para detecção do norovírus. Vários membros do grupo apresentaram gastroenterite por norovírus em dezembro de 2006. Apesar de a incidência de infecção não diferir significativamente entre os dois grupos, o período com febre de 37 C ou mais foi menor no grupo de consumo do que no que não consumia o lactobacilo.

Dez pessoas que moravam na mesma instituição (idade média, 83) receberam a mesma dose de leite fermentado com lactobacilo diariamente durante dois meses, e a flora fecal foi então comparada com os níveis anteriores ao consumo do leite fermentado com lactobacilo. Os resultados demonstraram que as bifidobactérias úteis e os lactobacilos aumentaram com o consumo do leite fermentado com lactobacilo. Por outro lado, as bactérias coliformes prejudiciais diminuíram e a taxa de detecção de Pseudomonas, que podem causar infecções oportunistas e/ou nosocomiais também diminuiu. Além disso, o consumo de leite fermentado com lactobacilos aumentou a concentração geral de ácidos graxos de cadeia curta fecais (AGCCs).

3. Discussão e Expectativas -O estudo sugere que o consumo de leite fermentado com lactobacilo é eficaz na redução de febre causada pela infecção por norovírus. O consumo de leite fermentado com bacilo aumentou também a bifidobactéria e o lactobacilo, reduziu a bactéria coliforme e as Pseudomonas, e aumentou a concentração de AGCC (principalmente do ácido acético). Os AGCCs intestinais suprimem o crescimento de organismos patogênicos, tais como o grupo coliforme, aumentam a capacidade de absorção de água e eletrólitos e peristalse do intestino, e servem também como fonte de energia para o enterócito. O consumo constante de leite fermentado com lactobacilo é também reconhecido como um fator que contribui para a recuperação da atividade das células destruidoras naturais. Parece, portanto, que o principal fator para aliviar a febre resultante do consumo de leite fermentado com lactobacilo é aumentar a função de defesa do hospedeiro devido a fatores como melhoria da flora intestinal e da função imunomodulatória.

Os resultados deste estudo sugerem que o lactobacilo pode contribuir como uma forma eficaz de proteção contra a gastroenterite infecciosa, inclusive a infecção por norovírus, e em infecções respiratórias e de outro tipo em instituições que abriguem grupos de pessoas idosas com sistema imunológico comprometido. | PR Newswire