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20/05/2011 - 08:40

D. João VI e o Oitocentismo


Mais um livro sobre Dom João VI... – dirá o leitor diante do título da presente obra, levando-se em conta o contexto das inúmeras celebrações ocorridas em 2008 a respeito dos duzentos anos da transferência da Corte Portuguesa para o Brasil.

Contudo, essa coletânea de ensaios resulta de compromissos que o PPRLB–Polo de Pesquisa sobre Relações Luso-Brasileiras precisava cumprir: o de não silenciar diante de efemérides, dando sua contribuição à reavaliação crítica do tempo joanino; o de atender às expectativas, ou mesmo exigências, do público cada vez mais numeroso que vem prestigiando as atividades que o Polo coordena desde sua criação em 2001, no Real Gabinete Português de Leitura. Por isso, promoveu, de 17 a 19 de setembro de 2008, o 4o Colóquio Internacional, sob o título “Relações Luso-Brasileiras: D. João VI e o Oitocentismo”. Essa iniciativa, de cunho interdisciplinar, reuniu expressivo número de pesquisadores brasileiros e portugueses, contando com o apoio da Faperj. As quinze intervenções publicadas representam um resumo do corpo de cerca de cem apresentações feitas no evento.

Na virada do século XVII para o XVIII, os desdobramentos da Revolução Francesa agitavam a sustentação do poder na Europa, redefinindo fronteiras. O filósofo alemão Hegel afirmou ver “o espírito da história montado a cavalo”, cruzando as ruas de um vilarejo do que então viria a ser a Alemanha: Napoleão Bonaparte. Na península Ibérica, acossado pelo exército francês, o imperador de Portugal Dom João VI toma a decisão de partir e reinar nos trópicos. Uma outra história se inicia e o Brasil passa por inaudito processo de modernização, o que posteriormente culminou, entre outras coisas, com a independência.

Ora, se a historiografia é mais do que o monótono girar de ampulhetas, cabe ao estudioso esmiuçar o termo “entre outras coisas”. É justamente nesse espaço vivo que se encontram as vivências dos povos, com suas contradições, sensibilidades e hábitos. No intuito de mapear o período joanino, sem esquecer antecedentes e desdobramentos, os ensaios alinham-se em seis grandes eixos: “Vida Econômica e Imprensa Oitocentista”, “Letras, Leituras e Ciências do Oitocentos”; “Cultura, Sociedade e Interpretações do Brasil”, “Arte no Reino do Brasil”, “Vozes femininas no Brasil joanino”, “As faces do Rei”. Dentre as contribuições para o presente volume, destacamos os seguintes artigos:

O ensaísta, professor e romancista Silviano Santiago aponta a fina ironia destilada por Machado em seu Brás Cubas como fio interpretativo do período joanino: as expectativas de cosmopolitismo se viram frustradas pela “comédia de costumes locais”; da parte lusa, se inicia desenfreada distribuição de títulos de nobreza. O antropólogo e professor da PUC-Rio Roberto Veiga, investiga a alteridade ensejada pela presença da corte portuguesa na formação da identidade nacional; no quesito “consumo de luxo” ou, numa visão retrospectiva, simplesmente “arte”, se verificaria antes uma continuidade do que uma ruptura em relação à metrópole – posto que produção, circulação e apropriação de tais bens exige outra mobilidade no trânsito internacional, quer seja econômico, quer seja simbólico. O comunicólogo e historiador Júlio Bandeira examina a vinda da missão francesa ao Brasil, em 1816. Comandados por Lebreton, o pintor Debret, o arquiteto Grandjean de Montigny e outros recebem a incumbência de dar ares de Corte ao Rio de Janeiro, propiciando clima favorável tanto às artes quanto à migração qualificada europeia.

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