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03/08/2007 - 10:43

Gente como a gente

Alencar Burti, 76 anos, empresário, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e da Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB)

Com o objetivo de despertar a vontade das pessoas para protestar contra tantos desmandos, foi anunciado na última semana o Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros, o Cansei. Liderado pela OAB-SP e apoiado por diversas entidades, o primeiro ato programado será o encontro, no dia 17 de agosto, em frente ao prédio da TAM Express, em São Paulo.

Nossa intenção é, desde o início, que a sociedade brasileira seja ouvida. A data para esta ação foi escolhida por marcar o primeiro mês do maior desastre aéreo do País. Não é um movimento contra este ou aquele governo, como insistem aqueles que em tudo vêem interesses e possíveis vantagens partidárias. Tanto é que não estão previstos discursos. E isso também foi decidido desde as primeiras reuniões.

Na última semana, durante a apresentação das peças publicitárias na OAB-SP, que podem ser vistas no site www.cansei.com.br, vi que todos ficaram sensibilizados, independente de classe social, cor, sexo e idade.

Mas o que fazer para provar que não há interesses políticos num movimento como este? Isso, somente o tempo mostrará. Interesses políticos-partidários não conseguem permanecer ocultos por mais de quatro anos.

A minha indignação, e tenho certeza que também a de milhares de outras pessoas, é contra a inércia na qual a sociedade se encontra. Onde nem a morte de 200 pessoas – gente como a gente, de carne e osso – sensibiliza mais. Mas começo a acreditar naquele ditado que diz “pra que ajudar, se podemos atrapalhar”.

O que queremos é que o cidadão participe. Assuma a sua parcela de responsabilidade e pelo menos cobre seus representantes. Sabemos que o País está sensibilizado neste momento. Talvez por isso mesmo, seja agora a melhor hora para protestar; ainda que em silêncio num ato sem microfones, que não queremos mais ser vítimas do descaso ou da omissão de quem quer que seja.

Este é um momento de despertar. Essa é a razão do “Cansei”. Criticar é um direito dos cidadãos, que estão convidados a sugerir como podemos agir para não partidarizar o debate. E quem sabe corrigir algum desvio no rumo do que pode ser benéfico para o todo e não somente para esta ou aquela parte.

No dia 17 deste mês queremos nos solidarizar. O único pedido é para que as pessoas parem suas atividades por um único minuto, às 13 horas. Não definimos ainda o que será feito depois. Sabemos que a vida continua para os que estão aqui, e não pretendemos, em momento algum, alterar o curso da história. Só queremos mostrar, e pra quem quiser ver, que grande parte da sociedade, de gente como a gente, está indignada.

Percebemos que há um desencanto geral na população. Tenho certeza que os brasileiros não agüentam mais ouvir críticas sobre a violência crescente, a corrupção e a falta de recursos para ações básicas como saúde e educação, apesar de o impostômetro mostrar que a cada dia o brasileiro paga mais impostos.

Continuo a afirmar que o “Cansei” não é um movimento partidário e sim um movimento cívico. A sociedade parece estar anestesiada e sem noção da sua importância. Sabemos que esses sintomas, juntos do cansaço e da fadiga generalizada podem, a qualquer momento, transformar-se em revolta.

Cada brasileiro tem que amar este País. A sociedade precisa organizar-se para fazer valer os seus direitos. Todos têm que entender, principalmente os ocupantes de cargos públicos, que antes de defender seus próprios interesses, devem prevalecer os interesses da maioria.

Não temos que esperar mais um desastre para corrigirmos problemas que vêm por décadas. Precisamos aproveitar o tempo e nos unir para cobrar ações que solucionem este caos atual.

O que queremos deixar claro, de uma vez por todas, é que o “Cansei” tem o único objetivo de mostrar que nós, brasileiros, gente de carne e osso, ricos ou pobres, estamos descontentes, inconformados, tristes, indignados e cansados com o que estamos vendo.

. Por: Alencar Burti, 76 anos, empresário, presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e da Confederação das Associações Comerciais do Brasil (CACB).

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