Mieloma múltiplo será tema de palestras em dois eventos médicos: em Belém e Rio de Janeiro

Especialistas falam sobre desafios no diagnóstico e tratamento do segundo tumor hematológico (do sangue) mais comum no mundo.

São Paulo - Especialistas em diagnóstico e tratamento de doenças do sangue - hematologistas e hemoterapeutas - estarão reunidos no dia 27 de maio (sexta-feira), em Belém (PA) e no Rio de Janeiro (RJ) para discutir tratamentos e avanços na área. Em Belém, o evento é o III Congresso Pan-Amazônico de Hematologia e Hemoterapia. No Rio de Janeiro, trata-se da Semana de Hematologia do Hospital Marcílio Dias. Entre os temas que serão abordados estão a importância do diagnóstico e tratamento do mieloma múltiplo (MM), segunda doença onco-hematológica (do sangue) mais comum no mundo, representando cerca de 1% de todos os casos de neoplasia (câncer maligno).

A palestrante Dra. Vânia Hungria, professora de hematologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, apresentará amanhã (27/5) o status atual da doença no Brasil e no mundo. De acordo com estudo realizado pela Santa Casa de São Paulo sobre a doença, os pacientes recebem o diagnóstico muito tardiamente e atingem condições clínicas muito complicadas. “Cerca de 10% dos pacientes vieram a óbito em seis meses, prazo em que nem deu tempo de tratar a doença. Isso mostra a importância de ampliar a divulgação sobre Mieloma Múltiplo entre profissionais da saúde e população.”, explica a especialista. Segundo ela, 80% dos pacientes passam cerca de dois anos procurando tratamento para os sintomas mais comuns – anemia e dores nas costas – o que acaba atrasando muito o diagnóstico.

A boa notícia é que nos últimos anos houve a disseminação do uso de novos medicamentos e da realização de transplantes autólogos (da própria pessoa) de medula óssea, proporcionando um aumento médio na sobrevida em mais de 30%. Na década de 90, havia poucas opções terapêuticas e a sobrevida média era de no máximo três anos. Hoje, com o avanço das novas drogas, ela passou para mais de 5 anos, podendo se tornar uma doença crônica nas próximas décadas.

A doença- O mieloma múltiplo (MM) é o segundo câncer hematológico (do sangue) mais comum no mundo, representando cerca de 1% de todos os casos de neoplasia (câncer maligno). Ele ocorre devido ao crescimento descontrolado de células plasmáticas – produzidas na medula óssea – que se acumulam na medula óssea e causam problemas nos ossos e rins, anemia, fraturas e infecções. É mais predominante em pessoas com mais de 60 anos.

Segundo a Fundação Internacional do Mieloma, há mais de 700 mil novos casos por ano. No Brasil não há dados estatísticos, porém o especialista, estima que ocorram anualmente 12 mil casos, 80% dos pacientes acima dos 60 anos. Nos EUA, são registrados 19 mil novos casos anualmente.

A doença pode ser controlada em mais de 80% dos casos, desde que o tratamento seja feito corretamente e principalmente desde sua fase inicial. Com a melhora do paciente, os ossos se regeneram e é possível até mesmo voltar a praticar atividade física normal.

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