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04/08/2007 - 10:48

Lançamento do CD “Noturnos”

Walter Asvolinsque, piano,Prefeitura do Rio | Culturas - Sala Municipal Baden Powell | Pequenas formas, grande música.

A era romântica abriu novos horizontes para o pensamento musical. Mais preocupados com a linguagem e menos com a forma, os compositores deram asas à imaginação e lançaram-se aos vôos poéticos. Se não abandonaram totalmente os padrões clássicos, deixaram-nos, de certa maneira, um pouco em segundo plano. Estruturas consagradas como a Fuga, o Tema com Variações, o Rondó e, principalmente, a Forma Sonata continuaram a ser cultivadas no Romantismo, mas já não se constituíam no objetivo principal dos criadores musicais. Estes começaram a pensar literariamente e a transformar seus sonhos numa realidade sonora mais concreta.

Em oposição aos arquétipos extensos e abstratos, proliferaram as pequenas formas, consubstanciadas em peças isoladas ou como parte de uma coletânea mais ampla. Assim, o Prelúdio desgarrou-se da Fuga e ganhou autonomia, enquanto a Valsa passou do salão à sala de concerto. Constatou-se também o aparecimento maciço (ou a independência sonora) de uma série preciosa de miniaturas para o teclado : noturnos, intermezzos, mazurkas, polonaises, bagatelas, arabescas, estudos, momentos musicais, improvisos, canções sem palavras, enfim, os mais variados exemplares de klavierstücke.

O atual CD de Walter Asvolinsque, constitui-se numa bela amostragem desse repertório de pequenas peças, que floresceram a partir do Romantismo. Abrem o disco dois significativos Noturnos de Frédéric Chopin (1810-1849) – si bemol menor e ré bemol maior – que se inscrevem, sem dúvida, entre os mais expressivos da série de 20 exemplares compostos pelo autor. A linha melódica é o princípio gerador da estética chopiniana e sua rica ornamentação contribui para o requinte sonoro do enunciado temático, sempre nos limites do refinamento e da justa medida. Do sentimento apaixonado de sua Polônia natal à vivência cosmopolita do meio musical parisiense, Chopin traduziu em sua música o nacional e o universal, sabendo dosar magistralmente rigor formal com liberdade poética.

Figura emblemática do romantismo alemão, Robert Schumann (1810-1856) refletiu sua profunda cultura literária numa produção musical singular, em que polifonia e homofonia se equilibram com perfeição apolínea, numa linguagem melódico-harmônica de envolvimento dionisíaco. Suas famosas coletâneas – Cenas Infantis, Kreisleriana, Peças de Fantasia – tornaram-se ícones do piano romântico. Entre elas, se inscrevem Papillons e o Carnaval de Viena (com seu belíssimo Intermezzo), composto por Schumann na cidade que lhe deu o título, no ano de 1839.

Com seu nome eternamente ligado à cidade onde nasceu e morreu, o vienense Franz Schubert (1797-1828) foi talvez o mais clássico dos compositores românticos, como Beethoven talvez tenha sido o mais romântico dos clássicos. Não é contudo o Schubert das sonatinas, dos trios e das sonatas, aquele que encontramos no atual CD. Aqui ele se faz representar apenas como o autor de uma bela linha melódica, no caso a célebre Serenata, transcrita por Franz Liszt para o teclado.

Orgulho da Hungria, o portentoso Liszt (1811-1886) foi um soberbo representante do romantismo em música, celebrizando-se por ter composto um número considerável de obras pianísticas incrivelmente virtuosísticas. A Sonata em Si Menor, os Estudos Transcendentais e os Estudos de Paganini são exemplos desse vigoroso legado lisztiano para o repertório de piano solo, assim como a monumental Valsa Mefisto, que desafia os intérpretes do teclado até os dias de hoje. Mais amena, porém não menos expressiva, a Valsa “Oubliée” tem marcantes características do estilo do autor, chamando a atenção por sua transparência e delicadeza sonora.

Delicadeza também é o que não falta ao Estudo em Fá Sustenido Maior de Scriabin (1872-1915). Preciosa miniatura do compositor russo, ao ocaso do período romântico, essa obra ressalta em doses generosas o refinamento harmônico do autor, figura importante na engrenagem de um mundo sonoro em época de profunda transformação.

Autor destacado da música chinesa dos nossos dias, o octogenário Wang Jianzhong foi Professor de Composição do Conservatório de Xangai, destacando-se especialmente por sua produção para o teclado. Bordando uma Bandeira com Fios de Ouro reveste-se de textura cristalina e fluente musicalidade, em sua linguagem nitidamente modal, enquanto O Desabrochar dos Botões Vermelhos nas Montanhas alterna atmosferas e andamentos diversos, mantendo o modalismo como denominador comum do discurso sonoro.

Dois gigantes da música espanhola fecham o CD de Walter Asvolinsque, que percorre o eclético repertório com toque transparente e refinamento musical. São eles Isaac Albeniz (1860-1909) e Enrique Granados (1867-1916). Do primeiro, o pianista interpreta o Tango em Ré Maior (com o perfume sedutor de uma envolvente Habanera) e, do segundo, o cintilante Allegro de Concerto em Dó Sustenido Maior, obra em que a densidade do conteúdo sonoro se alia ao virtuosismo da escrita para o teclado. Ronaldo Miranda

Walter Asvolinsque - É mestre em piano performance pela Universidade de Notre Dame (Belmont, Califórnia). De origem Ucraniana, nascido em Cuiabá, no Estado de Mato Grosso, Brasil. Iniciou seus estudos de piano aos oito anos no Conservatório Musical de Mato Grosso com Dalva Lúcia Silva Duarte e também com as professoras Rosangela Thomenn e Maria Scaff Bumlai e Dunga Rodrigues. Criado na técnica didática da escola russa de Heinrich Neuhaus, sua trajetória profissional fora do Brasil, com 20 anos de duração, compreende também aperfeiçoamentos na Inglaterra, Polônia e Espanha.

Foi discípulo de Anna Marie Poklewski (Califórnia, EUA) a quem atribui a maior parte de seu conhecimento, técnica e interpretação pianística. Estudou também com nomes consagrados como Ryzard Bakst (Royal Northern School of Music, Inglaterra), Halina Czerny-Stefanska (Polônia) e teve Master Classes com Joaquim Soriano (Espanha), entre outros.

É vencedor de vários prêmios incluindo “ Melhor Intérprete de Villa-Lobos” (Califórnia, EUA), “Músico do Ano (1993)” pela Peninsula Symphony Guild (Califórnia, EUA), “Melhor Intérprete de Chopin” (Califórnia, EUA).

Realizou recitais e concertos em vários países destacando-se as apresentações no Festival Internacional de Música no Alaska (Alaska, EUA), na Sala de Concerto do Conservatório Central de Música de Pequim (CHINA), com a Orquestra Sinfônica de Matanzas (CUBA), entre outras. Participou do Festival de Música e Cultura em Pequim (CHINA) e do Festival Internacional de Música Chinesa Contemporânea em Chengdu (CHINA), entre outros. Há nove anos vem se apresentando regularmente na China em diversas cidades inclusive Pequim, no Conservatório Central, onde ministra Master Classes em interpretação pianística, a convite da eminente Professora Zhou Guangren.

Na ocasião da visita do presidente da China ao Brasil (São Paulo) em 2004, teve a oportunidade de homenagea-lo com um recital com obras de compositores chineses.

Walter Asvolinsque recebeu o título de Embaixador da Cultura da China em Mato Grosso, outorgado pelo adido cultural Sr. Zen Mao da Embaixada da China no Brasil. Preço do CD : R$20,00.

Concerto de Lançamento do CD Noturno, Walter Asvolinque, piano, dia 6 de setembro, quinta-feira, às 19h, Sala Municipal Baden Powell – Av.N.Sra.Copacabana, 360 - Copacaban a– Rio de Janeiro (RJ). Telefone: (21) 25480421 – 25480492. Censura Livre | Lotação -500 lugares | Acesso a deficientes. Ingressos: R$10,00 e R$ 5,00

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