Aliança Brasil-Venezuela pode levar Mercosul à autossuficiência em fertilizantes, aponta Ipea

Estudo do órgão brasileiro cria plano para dar força ao Eixo Amazonas-Orinoco e aponta caminhos de investimento aos setores público e privado

O primeiro relatório da missão venezuelana do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), instalada em Caracas para aprofundar a integração entre o Norte do Brasil e o Sul da Venezuela, aponta que o redirecionamento do comércio hoje feito com países de fora da América Latina, investimentos conjuntos em produção de fertilizantes e melhoria da infraestrutura de transportes poderia levar à autossuficiência regional.

De acordo com o pré-planejamento traçado pelo instituto, o Brasil comprou, em 2010, US$ 4,9 bilhões em fertilizantes, dos quais apenas US$ 8 milhões foram da Venezuela, que tem grandes reservas de fosfato. A sugestão do Ipea é que se estude a possibilidade de que o Brasil compre a matéria prima da Venezuela, ou mesmo o produto final processado no estado de Bolívar –por dentro do Brasil, investindo especialmente no transporte hidroviário, o produto chegaria à região Centro-Oeste mais barato do que os provenientes do Sudeste.

O estudo do Ipea tem como objetivo fomentar os estudos sobre a integração do Norte do Brasil e do Sul da Venezuela, regiões que tem relações comerciais intensas e importantes para ambos os países.

“A aliança estratégica entre Brasil e Venezuela é essencial para concretizar os esforços que ambos os países têm realizado pelo desenvolvimento econômico com distribuição de renda e inclusão social. Caracas é mais próxima de Belém, Manaus e Boa vista do que o Eixo Rio-São Paulo, por exemplo, assim como estados venezuelanos como Bolívar e Amazonas têm acesso mais fácil ao mercado do Norte brasileiro do que aos de Caracas e Caribe. A possibilidade de crescimento conjunto é enorme”, destaca o embaixador da Venezuela no Brasil, Maximilien Arvelaiz.