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07/06/2011 - 11:56

O caso de realengo e a importância do psicopedagogo nas escolas

Na primeira semana do mês de abril, um acontecimento trágico abalou a todos os brasileiros. Um jovem, com um diagnóstico ainda pouco preciso, mas que aponta a existência de problemas mentais, protagonizou cenas que, inclusive, nas palavras da presidenta Dilma Rousseff, não são comuns no Brasil e consistem em um caso isolado. Tais cenas consistem no feito do Atirador de Realengo, no Rio de Janeiro.

Nesse sentido, fica uma questão: esses acontecimentos seriam mesmo incomuns ou acontecem com uma freqüência ainda não determinada, pois precisamos da mídia para que venham ao conhecimento público? Sinceramente, fico em dúvida, pois quando penso em cenas com atiradores, logo me lembro de duas: a da escola e a do cinema. Para quem não se recorda, trago à discussão a passagem do ex-estudante de medicina que entrou no cinema de um shopping de São Paulo e atirou nos expectadores.

Bom, a essa altura da narrativa, tais fatos já não são tão isolados assim. E tomando essa análise como premissa, vale uma reflexão. Afinal, é possível identificar esse tipo de comportamento ou indivíduo que, quando exposto a uma determinada situação pode desenvolver esse comportamento? Em minha opinião, tomada com base em discussões com especialistas no assunto, a resposta é sim. Um dos caminhos, que por sinal representa uma iniciativa simples, é voltar ao debate a necessidade de se ter uma assistência psicopedagógica nas escolas da rede estadual, municipal e por que não, de ensino particular. Isso porque, o caso do assassino de Realengo foi apenas mais um que passou despercebido até aos olhares mais atentos dos professores.

Para tornar a necessidade de um psicopedagogo nas escolas uma realidade, existe um Projeto de Lei, do ano de 2005, que foi apresentado na Câmara Municipal. A ideia tramitou rapidamente entre as comissões e em 2006 foi aprovado em 1ª discussão. No entanto, ele ainda aguarda a 2ª votação em plenário.

Tal propositura prevê que a assistência deverá ser prestada por profissional habilitado e ocorrer nas dependências da instituição de ensino, no período escolar. A matéria encontra amparo e vai de encontro ao que dispõe a Constituição Federal, a Lei Orgânica do Município, a Lei de Diretrizes e Bases e toda legislação vigente relacionada com a aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Isso porque a criança e o adolescente vão eventualmente ao posto de saúde, talvez com maior frequência visitem os equipamentos públicos de esporte e lazer, mas diariamente e, desde que matriculados, frequentam a escola. Então, é nesse ambiente, onde se dá a vivência entre professores, família e alunos, que os obstáculos para a real inclusão social se tornam evidentes.

E mais ainda, dentre os obstáculos relatados pelas instituições de ensino (públicas e particulares), os maiores são a falta de desempenho, o desempenho sofrível, a indisciplina, o comportamento antissocial, a repetência e a evasão. Aliás, leitor, se nesse ponto do texto você identificou algum comportamento semelhante com o do protagonista de Realengo saiba que não é mera coincidência, é lógica pura.

Note que em nenhum momento precisei falar de falta de segurança ou desarmamento para apresentar soluções para casos como o do Rio de Janeiro. Pra mim, esses fatores são essenciais, mas não decisivos em casos como esse. Lembre-se que o caso do cinema em São Paulo foi em um shopping repleto de seguranças. Isso demonstra que o debate não deve ser guiado por essas diretrizes, muitas vezes recheadas de matizes ideológicos.

Fica claro, então, que a morte desse jovem de maneira alguma pode ser considerada um alívio para a sociedade, mas sim motivo de tristeza, pois perdemos mais uma batalha na prevenção e tratamento de uma pessoa certamente doente. Isso porque, aparentemente, ele sofreu com humilhações e desprezo de seus colegas de escola e, um dia, pensou, ao seu modo, em compensar isso tudo.

Por fim, a propositura que descrevo não é inédita e já vigora em outros municípios. Ela está amparada no conhecimento de especialistas em educação, como é o caso da Dra. Elena Etsuko Shirahige, que defende que a escola só será sinônimo de inclusão social se, de fato, cumprir a sua função que é a de educar, ou seja, fazer com que o educando finalize, com real sucesso, o processo de desenvolvimento de sua capacidade física, intelectual e moral, o que lhe propiciará integração e inserção social.

Em poucas palavras, o aprendizado deve ser o único desafio dos nossos jovens e não o convívio com seus colegas de classe. A convivência deve ser simplesmente prazerosa. O psicopedagogo nas escolas não seria a salvação do mundo, mas certamente poderia ter sido o diferencial entre acontecer ou não episódios como esses.

. Por: Antonio Goulart, Vice-Presidente da Câmara Municipal e atual Vereador mais votado na Cidade de São Paulo. Já presidiu CPIs como meio ambiente, foi membro da comissão de Trânsito, Transporte, Turismo Lazer e Gastronomia e proponente de uma subcomissão exclusiva para Turismo, Lazer e Gastronomia

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