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09/08/2007 - 11:36

Presidente da Nestlé defende segurança dos alimentos transgênicos em relação aos orgânicos e condena obscurantismo

Peter Brabeck-Letmathe, presidente mundial da Nestlé, surpreendeu leitores de todo o mundo ao afirmar, na primeira semana de agosto, que "ninguém morreu devido a alimentos transgênicos até agora, mas devido a alimentos orgânicos, sim". A entrevista foi dada à revista de negócios alemã Capital, edição 17/2007 de 02.08.07, intitulada "The German Romanticism"), onde foram abordadas as vantagens das novas tecnologias baseadas no DNA recombinante (transgênicos).

"Há pouco tempo ainda temíamos as forças da natureza. Se nós deixarmos tudo sob a responsabilidade da natureza não duraremos muito”, afirmou o executivo, que acredita ser errado condenar a tecnologia devido a percepção de que cause algum risco. “O consumidor ainda aprenderá a apreciar as vantagens da engenharia genética”. Para Brabeck-Letmathe, essa tecnologia foi inventada na Europa, mas que, “ao invés de nos orgulharmos disso, nós rechaçamos e entregamos a tecnologia aos americanos, chineses e brasileiros”.

A pesquisadora Leila Oda, presidente da Associação Nacional de Biossegurança (Anbio), diz que não se surpreendeu com a informação do presidente da Nestlé, sobre mortes causadas por alimentos orgânicos. Comenta que o FDA, agência regulatória americana responsável por medicamentos e alimentos, registrou há menos de um ano (setembro/2006) um óbito e 160 casos de internação devido ao consumo de espinafre orgânico contaminado. De acordo com o registro do FDA, o espinafre estava contaminado com a bactéria Escherichia coli 157 (E. coli) e, por isto, ordenou a retirada dos lotes do produto produzido na região contaminada (http://www.fda.gov/bbs/topics/NEWS/2006/NEW01462.html).

Acrescentou ainda a pesquisadora da Fiocruz que “não existe risco zero para qualquer que seja o processo de produção de alimentos e que satanizar uma tecnologia é desconhecer qual é a importância da biotecnologia para solucionar os problemas da humanidade tais como a escassez de água, de energia renovável, a degradação do solo e a qualidade dos alimentos”. Aqueles que estão contra a tecnologia e colocam barreiras ao seu desenvolvimento devem se perguntar “qual é o risco para a humanidade de não se usar a tecnologia para os desafios do milênio para nosso planeta”.

Sobre o obscurantismo que o presidente mundial da Nestlé vê no público alemão com relação ao ingresso das novas tecnologias, Leila Oda acha que, infelizmente, também no Brasil ainda se pode constatar essa resistência às inovações científicas em algumas alas. "Basta ver os entraves que esses obscurantistas têm causado aos processos de avaliação de novos transgênicos na CTNBio e mesmo a dificuldade de reconhecer que, se esse órgão é especializado em biossegurança, ele está apto a decidir sobre questões de biossegurança", acrescenta a presidente da Associação Nacional de Biossegurança.

As questões de segurança alimentar estarão entre os temas a serem abordados no V Congresso Nacional de Biossegurança, que a ANBio – Associação Nacional de Biossegurança promoverá em Ouro Preto-MG, de 18 a 21 de setembro, no Centro de Convenções da Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP.

Perfil da ANBio - A Associação Nacional de Biossegurança (ANBio) foi criada em 1999, com o objetivo de difundir informações a respeito dos avanços da biotecnologia moderna e seus mecanismos de controle. No seu escopo de trabalho estão a promoção do conhecimento relativo à biossegurança e de suas práticas, como disciplina científica, além da capacitação e orientação de profissionais que implementam a biossegurança em instituições de pesquisa e ensino da área biomédica.

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