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09/08/2007 - 12:01

Paulo Bruscky apresenta exposição “De homens, máquinas e sonhos" na Amparo 60


Considerado um dos maiores renovadores da cena artística contemporânea do Recife e possuidor de um importante arquivo de arte conceitual e multimídia, o artista Paulo Bruscky apresenta, na Amparo 60 Galeria de Arte, no Pina, a exposição “De homens, máquinas e sonhos”. Trata-se de uma coletânea inédita que reúne as experimentações com máquinas que concretizam em linhas as ondas cerebrais, iniciadas na década de 1970, e todos os filmes e intervenções urbanas já realizados por Bruscky ao longo de sua carreira. A exposição, que tem curadoria de Cristiana Tejo, pode ser conferida de 23 de agosto a 29 de setembro.

Os trabalhos têm em comum uma referência ao universo das invenções das máquinas e suas subversões. Algo que nasce de sonhos e que ao serem concretizados podem tanto ser usados para o bem como para a destruição. As duas pontas da exposição são uma instalação com escadas de aviões, que não levam a lugar nenhum, e um conjunto de desenhos feitos a partir de encefalogramas, intitulado “Meu Cérebro desenha assim”. O primeiro trabalho, criado especialmente para esta mostra, foi pensado antes da tragédia envolvendo o avião da TAM. “Mas depois dela, adquiriu um sentido de melancolia, pesar e fracasso”, salienta Cristiana.

A instalação traz escadas de aviões que chegam ao teto, mas no vão onde deveria ser a aeronave, na verdade há um vazio, e nele uma foto de Bruscky em tamanho natural, vestindo paletó e gravata e segurando um grande gelo baiano com alças, como se fosse uma mala. Uma referência direta ao momento político brasileiro, arrematando o sentido de desvio de função da tecnologia que, para o artista, também têm tudo a ver com as conseqüências e o desmembramento do acidente. O trabalho é complementado por uma série de livros chamada Intersignes (que fazem referência à aerofotogrametria, datados de 1993), formando um aglomerado de cidades vistas do alto, como se olhadas da janela de um avião no ar.

Por outro lado, Meu Cérebro Desenha Assim assinala a capacidade do artista de desviar a funcionalidade para criar poesia, esgarçar ainda mais a fronteira entre arte e o mundo /ciência. “Faço eletroencefalogramas em mim mesmo desde a década de 1970 e venho trabalhando em cima deles. Fico pensando em coisas terríveis, alegres, intermediárias, e isso afeta o traçado. Desenho com o cérebro, com o pensamento”, afirma Bruscky. Ao todo são dez trabalhos ampliados para as dimensões de 1m x 0,80m, com intervenções coloridas e em preto e branco, com xérox, que dão idéia de movimento.

Os desenhos recebem o complemento de recortes de jornal que dão conta dos avanços da tecnologia. No final dos anos 1970, Paulo Bruscky fez uma série de proposições para colocar a ciência a serviço da poesia. Em uma delas, anuncia o interesse de construir uma máquina de filmar sonhos - os que sonhamos de noite, pequenos filmes produzidos pelo inconsciente. A máxima de Santos Dumont "Tudo o que um homem sonhar outro pode realizar" é importante referência para o artista. O criador do avião, aquela máquina que nos dá asas e que falha na mão dos homens, condensa o posicionamento de Paulo Bruscky diante da arte.

“De homens, máquinas e sonhos" traz, por fim, a projeção de 30 filmes de artistas e 10 intervenções urbanas de Bruscky, reunidos pela primeira vez em uma mostra. Destaque para a que retrata o fechamento da Ponte Maurício de Nassau, no centro do Recife, com uma fita e um laço, na faixa de pedestres, no auge da ditadura, em 1973.

Paulo Bruscky – As experiências de Bruscky com áudio-arte, vídeo arte, artdoor e xerografia são apontadas como pioneiras dentro das discussões acerca da utilização de novos meios na arte brasileira. Entre as décadas de 1970 e 1980, realizou 30 filmes de artista/videoarte. Em 1980, inventou os "xerofilmes", que são filmes feitos a partir de imagens xerográficas, abrindo um novo campo para o desenho animado e o cinema experimental. A partir de 1983 iniciou as vídeo-instalações. Já participou de 60 mostras realizadas no Brasil em países como Canadá, Estados Unidos, Venezuela, Dinamarca, Suécia, Finlândia, Portugal, Itália e Espanha.

Título da exposição: “De homens, máquinas e sonhos", de 23 de agosto a 27 de setembro, de segunda a sexta-feira, 9h às 18h, e aos sábados com agendamento, na Amparo 60 Galeria de Arte – Av. Domingos Ferreira, 92A, Pina – Recife (PE). Informações: (81) 3325-4728. Entrada gratuita.

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