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23/06/2011 - 16:04

Rússia Numa Nova Dimensão


Convidado pela AEB – Association of European Business, Russian Federation, palestrei em Moscou em 19.05.11 sobre Liderança para um grupo de uns 200 executivos, representantes de países diversos na Europa. Não poderia me furtar de transferir para outras pessoas esta experiência única. A Rússia é o maior país do mundo, com uma extensão territorial aproximada de 17 milhões de km2. Moscou é a maior capital da Europa com seus 10,5 milhões de habitantes, onde está concentrada a maior quantidade de bilionários do planeta. A população total russa alcança 142 milhões de pessoas. Superpotência energética, dona da maior reserva de gás natural do mundo, exportadora de óleo e gás, além de metais e madeira, aparece ainda como a quarta maior produtora de grãos do planeta com uma área cultivável de 1,2 milhões de km2. De 1999 a 2009 sua agricultura evoluiu de tal sorte que o país saiu do posto de importador de grãos para transformar-se no terceiro maior exportador do mundo, atrás apenas da União Européia e EUA.

Com uma economia já altamente interconectada no planeta, é uma nação que caminha celeremente para a globalização de sua economia, tendo adotado, a partir do início da década de 1990, princípios liberais de economia de mercado, estando agora já colhendo os frutos oriundos de tais medidas. É o maior exemplo de que o sistema comunista é falho e fadado ao fracasso. Contrariamente ao governo brasileiro, que sente impulsos incríveis estatizantes, a Rússia continua privatizando sua economia, mantendo um sistema de respeito absoluto e total à propriedade privada, com uma polícia que faz com as suas duras leis sejam respeitadas. Então sob o aspecto de gestão política do país eles estão mais adiantados do que o Brasil. Lá paga-se apenas 13% de imposto de renda, pessoa física, enquanto aqui pagamos, pobres de nós, 27%. Cerca de 40% da riqueza construída no Brasil vão para nosso governo enquanto na Rússia apenas 23%. Será que com apenas 20 anos como capitalistas eles aprenderam a lição muito melhor do que nós brasileiros?

A continuar com pensamentos estatizantes e subindo nossa carga tributária, sem entrar no mérito dos movimentos dos sem terra ou teto, com total desrespeito à constituição vigente e às nossas leis, que faz da nossa polícia algo inoperante, muito em breve, nós seremos os comunistas, iniciando um processo absurdo de destruição de riqueza para nossas futuras gerações. Que o bom senso prevaleça e nos livremos deste caminho já tão surrado, desgastado e desacreditado, sob pena de países como a Rússia começarem a nos ver pelo retrovisor, cada vez mais longes. Eles seguirão crescendo e evoluindo economicamente e nós ficaremos por aqui vendo a caravana passar, de braços dados aos nossos partidos políticos que parecem existir apenas para se engalfinhar na disputa por benesses governamentais. Essa é a grande constatação que se pode fazer comparando o modelo de governo e a política econômica da Rússia moderna com os nossos no Brasil.

Corremos o risco de entrar tardiamente (porque o mundo já se livrou disso, o comunismo) para a contramão da história e reverter essas tendências vai nos custar muito caro num futuro breve.

Saindo da esfera político econômica, sempre mais ácida, menos simpática, podemos falar do povo russo comum, seus gestores e líderes do mundo corporativo. O povo é bom e amistoso, amigo, dono de uma cultura diversificada, herdada na forma de artes e ciências, com seus teatros e corpos de balés, vivendo uma história rica de enfrentamentos militares, conquistas e lutas para defesa de seu território contra Estados invasores em todas as suas fronteiras, Europa ou Ásia, fatos e condições que fazem do russo um povo orgulhoso da sua forma de ser. Nota-se claramente que os gestores começam a entender que a batalha maior a enfrentar com a globalização e interdependência econômica entre os povos não se ganhará com bombas, mas com uma economia livre, de mercado, incentivada para tal, equilibrada e centrada na base do conhecimento e uso de tecnologias modernas, seja nos planos operacional, tático ou estratégico, valendo-se de gestores de cabeça aberta e prontos para adotar princípios saudáveis de gestão, movendo-se rapidamente do modelo tradicional burocrático Weberiano (Max Weber), com sua impessoalidade e concentração dos meios da administração, “manda quem pode, obedece quem tem juízo”, para um modelo contingencial, “estar para servir”, onde não existe uma única e melhor maneira predeterminada para se fazer “a coisa”, mas outra, onde “tudo depende” (it depends), em que todo o capital humano instalado participa e serve na sua totalidade ao mundo corporativo.

Essa é a Rússia que conheci, onde existe uma grande certeza sobre a dependência absoluta dos meios de produção para com o talento disponível. Lá também, como aqui, se vive um apagão de talentos. Então, sabem, ser mister educar o povo e mudar a forma de gerir para conquistar o melhor talento, com objetivos claros de construção de bons ambientes organizacionais para atrair, reter e motivar o melhor talento. É assim que as empresas multinacionais lá se instalando e as locais ganharão as novas batalhas de mercado. O Brasil, seja no governo ou meio empresarial, que comece a pensar e agir desta forma para conseguir competir em iguais condições nesta arena global.

.Por: Alfredo José Assumpção, CEO & Partner da Fesa Global Executive Search Transforming Leadership,Chairman do Conselho Corporativo da Asap | Autor de nove livros – www.alfredoassumpcao.com.br

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