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O Brasil precisa de responsabilidade educacional


O mundo parece estar do avesso. Há uma exaltação dos ‘espertos’ e uma desvalorização dos ‘esforçados’. A maior prova disso é a baixa remuneração dos professores. Ora, qual é o estímulo em ser um bom aluno, em estudar, se não há exigências para passar para a próxima série? Neste contexto, quem estuda passa por bobo. O esperto é o que se ocupa em apenas divertir-se. O resultado somente é percebido depois de vários anos, quando, tardiamente, a triagem é feita pelo mercado de trabalho.

Saber assinar o nome não é ser alfabetizado como querem os governantes. É preciso entender que as pessoas que não sabem expressar suas idéias logicamente, com começo, meio e fim, têm limitações críticas para garantir o desenvolvimento. É fácil notar que as empresas não contratam os chamados analfabetos funcionais. E, ao contrário, o pessoal certificado (na área de informática os MCP, MCSE, Cisco, etc.) e formado pelas melhores faculdades, na média é melhor. A pergunta é, o que os diferencia? A resposta é simples: o nível de exigência pessoal, o nível de responsabilidade exigido pelas provas, a coragem de fazê-las, a vontade de estudar para elas, o tempo dedicado ao estudo, ou seja, a responsabilidade educacional.

Ora, todos sabem que a educação é uma questão fundamental para o futuro de qualquer nação. Entretanto, no Brasil, partidos, governos e políticos se sucedem no comando, ignorando tacitamente a questão. O resultado? Há décadas, as escolas, especialmente as públicas, despejam na sociedade pessoas incapazes de desenvolver um raciocínio lógico, de expressar com clareza o seu pensamento, o que certamente vai transformá-las em trabalhadores de segunda classe ou até impedidos de se colocar no mercado de trabalho.

Vejamos outro exemplo: os professores são remunerados igualitariamente quer ensinem, quer não o façam. Então, por que fazer, se não há reconhecimento mesmo? Há, por certo, um cultivo em todas as instâncias da sociedade brasileira, da igualdade generalizada, o nivelamento por baixo, sem que haja a valorização do mérito. Essa prática, infelizmente, perpassa, em cascata, toda a sociedade, das políticas governamentais para as bases.

Além disso, estamos diante de faculdades que fingem que ensinam e de alunos que se enganam e são enganados e, mais tarde, tentam enganar as empresas, com graus variados de sucesso. Quanto dinheiro e tempo foram desperdiçados! Outro problema muito importante no desenvolvimento pessoal, mas pouco abordado na área da educação, é o fato de a população ainda não saber lidar com os longos períodos existentes entre o ato e o resultado, típico da educação. O ‘imediatismo’ e a falta de cultivo do aprendizado como um processo, considerando que a educação é um processo muito longo, já que do primário à universidade são no mínimo 16 anos, as pessoas dificilmente fazem uma crítica entre os baixos salários e a formação educacional deficiente.

De qualquer forma, o pior entrave é o medo, bem brasileiro, de ser comparado, medido, avaliado, principalmente em relação aos outros e isso começa na escola. Começa pela falta de transparência na divulgação da classificação dos alunos na classe, das classes no município, no estado, no Brasil, pela falta de transparência na classificação das escolas no município, dos municípios nos estados, dos estados no Brasil.

Isso, sem dúvida, ocorre devido à baixa responsabilidade educacional, que é um dos principais componentes da baixa qualidade da educação. Portanto, responsabilizar é preciso e conscientizar a sociedade da necessidade de uma educação de bom nível.

O que é “responsabilidade educacional”? Responsabilidade educacional é um conceito que pode causar mais impacto na qualidade do ensino por um custo baixo, aumenta o nível de exigência e responsabilidade para alunos, professores e diretores de escola, reconhecendo e remunerando os que conseguirem os melhores resultados. Nas empresas modernas e bem sucedidas, a Estratégia é a baseada em uma adequada “Política de Méritos”, que permita reconhecer e estimular desempenhos acima da média, de várias formas, principalmente por meio de metas e do pagamento bônus anuais e de promoções na carreira.

No Brasil, ela não existe. O poder público não tem interesse em classificar os alunos, a partir deles os professores, dos professores as escolas. Ninguém é responsabilizado, ninguém é punido, ninguém é premiado. Neste sentido, podemos pensar que um pouco de lógica empresarial pode mudar esse quadro e, o que é melhor, com pouco investimento. A motivação pessoal, tão comum nas empresas, pode ser colocada a serviço do País. Também, é importante frisar que sozinhos podemos muito pouco, mas organizados em comunidade, podemos muito e com pouco dinheiro.

Paralelamente, podemos nos questionar se as técnicas e métodos corporativos podem ajudar a melhorar a educação. Na empresa fazemos tudo para aumentar a qualidade do pessoal, a começar pelo recrutamento. Nos últimos 35 anos tenho recrutado e treinado uma série de colaboradores e a experiência me ensinou que aqueles que passaram por uma série de exigências são os melhores. Quem vem de universidade pública acaba sendo melhor por causa do vestibular, da prova estressante. Quem é certificado Microsoft é melhor pelo mesmo motivo, isto é, a prova, a exigência que aperfeiçoa.

Ora, é evidente que apenas reclamar não resolve. Todos, especialmente a classe empresarial, precisam fazer alguma coisa. Fica claro que falta unir forças e discutir, em comunidades (criadas por afinidade, por ramo de atividade ou qualquer outro motivo), uma vez que o que interessa é a formação de grupos que ajudem a tornar os esforços verdadeiramente eficazes. A experiência nos mostra que uma comunidade, normalmente organizada como ONG ou associações diversas, tem muita força para exercer pressão, propor alternativas, apoiar idéias etc.

Além disso, permite o intercâmbio de idéias; discussões mais francas; visualização de oportunidades, inclusive para ganhar dinheiro; pensar no ambiente empresarial, social e político, que é o garantidor do desenvolvimento. Se o argumento humanitário não for suficiente, vale lembrar que sem desenvolver esses ambientes, corre-se o risco de não haver mão-de-obra capacitada suficiente, o que aumenta o custo desses profissionais; de estagnação; de retrocesso.

Como toda a sociedade sofre com as negligências passadas, é preciso se preocupar com as conseqüências futuras das nossas ações de hoje. E a educação é crucial nesse aspecto. Portanto, a responsabilização educacional, que envolve estímulo, motivação, metas, objetivo, exigências, premiação, feedback etc., pode começar com medidas simples como divulgar as notas das escolas e dos alunos na internet. Garantir transparência, mas governos não gostam de transparência, ou politicamente não é o momento.

Para finalizar, vale destacar que uma entidade civil, sem conotações políticas pode mais, pode criar uma maneira de estimular professores e alunos, de preferência financeiramente, em troca de uma prova anual em algumas escolas de uma região carente, por exemplo.

. Francisco Camargo é presidente da CLM e candidato ao conselho da ABES. Perfil da CLM: A CLM Software, fundada em 1990, é distribuidora especializada em soluções voltadas para Gestão de Riscos, Segurança da Informação, Internet e eBusiness. A empresa representa softwares e appliances líderes deste segmento como a Stellent; SourceFire; WebTrends; SpyDinamics ; Barracuda; Shavlik; WatchGuard; NetIQ e ClearSight. Além disso, presta serviços de consultoria, instalação; suporte e help desk para os produtos por ela representados. | Tel.(0__11-2125-6256) | www.clm.com.br

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