Turismo solidário chega a Minas Programa e lança site e prepara oito cidades de Minas para receber visitantes de todo o País

O site do Programa Turismo Solidário foi lançado dia 22 de novembro, durante a 17ª Feira Nacional de Artesanato. O evento foi aberto segunda-feira, no Expominas, em Belo Horizonte, e prossegue até o próximo domingo, com expectativa de atrair 200 mil visitantes e mostrar os trabalhos de 15 mil expositores. Oito municípios e oito distritos de Minas Gerais caracterizados pelo baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foram selecionados e estão sendo preparados para receber turistas dispostos a compartilhar suas experiências e habilidades. Todos estão localizados nos vales do Jequitinhonha e Mucuri e na região Norte do estado, áreas mais carentes de Minas Gerais.

Os interessados já podem se inscrever na Central de Reservas, a partir do site www.turismosolidario.com.br, e escolher entre as opções oferecidas. "O turista solidário se hospedará na casa de algum morador dessas cidades e deverá retribuir de alguma forma. O médico poderá fazer exames clínicos, o dentista poderá orientar sobre escovação e o arquiteto poderá dar noções de construção, por exemplo", diz Grazielle Seabra Durães, coordenadora de Projetos de Estruturação do Turismo em Áreas Priorizadas do Ministério do Turismo. Segundo ela, foi feito um diagnóstico para identificar as necessidades desses municípios e de seus moradores. "Tudo isso está descrito no site", diz.

A experiência do Programa Turismo Solidário foi copiada de outros países e adaptada à realidade brasileira. Guarda semelhança com o antigo Projeto Rondon, que enviava grupos de estudantes de diversas profissões para regiões pobres do país. "É uma via de mão dupla. Além de contribuir para a melhoria das condições de vida, o turista poderá conhecer grutas, cachoeiras, rios, montanhas, vales e veredas e ter contato direto com um folclore peculiar, um artesanato mundialmente reconhecido e uma das mais saborosas culinárias do país", diz Grazielle.

Como atesta Naiara Santos, 19 anos, nascida e criada em São Gonçalo do Rio das Pedras, no Vale do Jequitinhonha. "A gente pensa que o turista não tem nada o que ver com a vida que a gente leva, mas quando percebe que pode ser interessante, passa a valorizar também", afirma. Incluída na lista do programa, a cidade promoveu, no feriado de Finados, entre os dias 2 e 5 de novembro, o Festival de Galinha Caipira. Naquele período, cada restaurante da cidade ficou encarregado de preparar um prato diferente com o mesmo ingrediente básico. O sucesso foi enorme.

O festival de São Gonçalo do Rio das Pedras foi uma das primeiras ações práticas do Turismo Solidário. "Queremos combinar o interesse do visitante com o voluntariado e promover uma interação mais profunda entre o turista e a população local", observa o coordenador do projeto Turismo Solidário, Maurício Figueiredo. Para isso, empresários, líderes comunitários e trabalhadores do setor de turismo têm sido capacitados para atender a este novo nicho de mercado.

Cursos de gerenciamento de negócios, preparação de famílias para a hospedagem familiar e formação de guias ambientais têm contribuído para isso. "Nunca tinha ido a várias trilhas e cachoeiras que indicava para os visitantes. Agora sei o quanto são bonitas", conta Naiara.

Para Celeste Cunha, proprietária de uma pizzaria em São Gonçalo do Rio das Pedras, a descoberta veio da cozinha de casa. "As coisas caseiras como queijo e rapadura, eu não sabia que podiam despertar interesse. Agora estamos recuperando essas tradições para que não se percam", conta. Em sua pizzaria ela vende doces em calda e diz que os compradores são sempre turistas. "Para o povo daqui não tem nada de diferente, muitos fazem em casa", diz.

"A riqueza da própria natureza e da diversidade cultural da população é inigualável e singular. Mas a verdadeira riqueza do Vale do Jequitinhonha são as pessoas, o cidadão que soube preservar suas tradições e seu jeito simples e hospitaleiro", afirma Maurício Figueiredo.

Compromissos do turista solidário: "Participar do processo de transformação sócio-econômico do país | "Possibilitar a participação de turistas em ações solidárias | "Valorizar a identidade cultural e a preservação dos atrativos culturais e naturais nas regiões | "Contribuir para a geração de novas oportunidades de trabalho e negócios e a melhoria da renda nas comunidades locais | "Criar um banco de dados de informação regional que possibilite aos turistas interessados a conhecer as realidades locais e suas potencialidades naturais e culturais | "Promover ações de sensibilização para o turismo na região | "Divulgar os destinos turísticos e promover os produtos no país e no exterior.

Quem pode participar - Todos podem e devem ser turistas solidários. Trata-se de unir o prazer de conhecer novos lugares à alegria de participar do cotidiano, do dia-a-dia das pessoas, da comunidade, contribuindo e convivendo da forma participativa e solidária. Para ser um turista solidário, portanto, basta se abrir para compartilhar e querer um pouco mais que um simples e divertido passeio de férias. O turista solidário vai encontrar sempre muitas maneiras de contribuir com as comunidades nas quais passar, basta conhecê-las um pouco, conhecer os projetos solidários relativos às localidades e optar por hospedar-se nos receptivos familiares. Além disso, pode aproveitar-se também da boa comida caseira, da hospitalidade mineira e da convivência saudável e distinta de um povo, que antes de tudo é digno e nobre em sua alma.

As cidades: "Chapada do Norte | "Couto Magalhães | "Diamantina | "Grão-Mogol | "Minas Novas | "São Gonçalo do Rio Preto | "Serro | "Turmalina. Distritos: "Mendanha (distrito de Diamantina) | "São João da Chapada (distrito de Diamantina) | "Santa Rita do Araçuaí (distrito de Chapada do Norte) | "Cachoeira do Norte (distrito de Chapada do Norte) | "Bonfim (distrito de São Gonçalo do Rio Preto) | "Milho Verde (distrito do Serro) | "São Gonçalo do Rio das Pedras (distrito do Serro) | "Capivari (distrito do Serro). | Po: AE