Simpósio da AEA debate futuro dos combustíveis

A AEA- Associação Brasileira de Engenharia Automotiva promoveu no dia 30 de junho (quinta-feira), durante o IV Simpósio Internacional de Combustíveis, o tema “A importância dos combustíveis para atendimento das novas legislações de veículos leves e pesados”, mas centrado no futuro da matriz energética brasileira e mundial. O evento aconteceu no Milenium Centro de Convenções, em São Paulo, com a participação de mais de 220 profissionais do setor automotivo brasileiro e internacional.

O simpósio teve como eixo principal de discussão a matriz de combustíveis nacional e internacional, as opções de tecnologia veiculares e o consequente nível de emissões e a consolidação da utilização de combustíveis renováveis.

Na abertura do IV Simpósio Internacional de Combustíveis, Antonio Megale, vice-presidente da AEA, ressaltou a importância do setor automotivo para a economia brasileira, por significar – em toda a cadeia – algo em torno de 25% do PIB nacional. Lembrou ainda que a AEA presta serviços ao setor e ao País há mais de 25 anos e que, neste momento, a indústria passa por momento de transição de tecnologias. “Por isso, eventos como esse são fundamentais para o processo evolutivo da indústria e também ao atendimento às novas legislações, desafios que contribuem para com a sociedade”, enfatizou.

O conselheiro do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Bicombustíveis (IBP), Armando Guedes Coelho, iniciou o simpósio debatendo sobre a situação atual no País e as perspectivas para os próximos 20, 30 anos. Os combustíveis mais utilizados, a evolução de nossa matriz energética e a demanda do Brasil, incluindo fontes alternativas foram apontadas na palestra.

Muito aplaudido no encerramento de sua palestra, Guedes Coelho concluiu sua apresentação com a demonstração de que o Brasil é e será um país privilegiado, diante de população mundial que poderá chegar a 9,5 bilhões de habitantes em 2030/2050, enquanto o Brasil terá 230 milhões e será o quarto maior produtor de petróleo e gás do mundo, sem levar em conta as alternativas hidroelétricas e de energias renováveis.

Dando início ao painel Ciclo Diesel com a palestra “Os efeitos do enxofre no Diesel no catalisador”, o gerente sênior de Tecnologia Aplicada da Umicore, Alan Van Arnhen, apresentou o cenário de tipos de óleo Diesel por teor de enxofre no Brasil e a influência do enxofre nos sistemas de pós-tratamento, utilizados ou a serem utilizados a partir de janeiro de 2012 com o início do Euro 5/Proconve P7.

Em “Formação de depósitos em motores com Common Rail”, Jorge Vicente, diretor da Innospec , abordou sobre a ocorrência de um problema inesperado nos motores Diesel de alta pressão. “Trata-se de um entupimento na parte superior dos injetores e nos filtros de combustíveis”, diz o diretor. Em sua apresentação, Vicente relatou sua experiência sobre a tecnologia Common Rail em motores Diesel, baseado no mercado norte-americano.

Na palestra sobre a “Qualidade do Biodiesel”, Rosângela Moreira de Araújo, superintendente de Biocombustíveis e Qualidade de Produtos da ANP - Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustível, apontou as ações de qualidade do biodiesel que são colocadas em prática. “Trata-se de um programa de monitoramento de qualidade do combustível que coleta mais de 200 mil amostras por ano, analisadas em 22 laboratórios licenciados”, explicou Rosângela. “Um dos principais pontos das ações é apontar a qualidade final do biodiesel, ou seja, a qualidade que consideramos dentro dos padrões e normas”, ressaltou.

O gerente de Produtos da Scania, André Oliveira, finalizou as palestras do painel Ciclo Diesel com a apresentação “Tecnologia do Etanol”. Além mostrar que a tecnologia existente dentro da Scania pode reduzir a emissão com o etanol, Oliveira deixou claro que o combustível pode ser usado em larga escala em operações comerciais.

O encerramento do painel Ciclo Diesel ocorreu após um debate mediado por Sérgio Viscardi, gerente técnico de Combustíveis e Lubrificantes da Ipiranga.

Ciclo Otto - O segundo painel do simpósio - Ciclo Otto - foi aberto por Adrian Albota, gerente de Projetos, da Dayco Power Transmission, com a palestra “Tecnologia de componentes para redução de consumo”. Além de apresentar a Dayco, Alboto apontou os sistemas automotivos projetados para a redução de consumo, tais como a polia do virabrequim, a polia da bomba de água, o tensionador correia “inteligente” e a correia sincronizada em óleo.

Futuras tecnologias para motores flex, como o desenvolvimento de um sistema de partida a frio (100% etanol) e tecnologias em transmissões e híbridos para redução da emissão de CO2 foram os destaques da palestra “Tecnologia de motor de passeio para a nova fase de emissões”, de Luis Carlos Monteiro Sales, da FPT – Fiat Powertrain Tecnologies.

Na sequência, ainda no painel Ciclo Otto, a palestra “Gasolina para atender às novas demandas ambientais”, ministrada por Gilson Bortolon, gerente de Soluções Comerciais da Petrobrás, destacou o interesse da Petrobrás na aditivação total da gasolina, cuja motivação é reduzir as emissões veiculares, promovendo ganhos para o meio ambiente e para a saúde humana.

Segundo Bortolon, o objetivo é promover o programa de aditivação da gasolina automotiva comercializada no País a partir de 2014. “Além disso, vamos apresentar soluções compatíveis com a realidade brasileira quanto à comprovação de benefícios do aditivo, propriedades, limites e metodologias de teste, infraestrutura laboratorial e também permitir o controle da aditivação”, enfatizou Bortolon.

O diretor executivo da União da Indústria de Cana de Açúcar – UNICA -, Eduardo Leão de Sousa, durante palestra “As Perspectivas do etanol nos mercados doméstico e internacional”, foi direto ao ponto, informando que o consumo do etanol vai dobrar nos próximos 10 anos no mercado doméstico já que muitos países da América do Norte e Sul e Europa iniciaram a utilização desse combustível. No entanto, também apontou os problemas que o País enfrenta hoje como a falta de investimentos nas usinas, incentivos do governo para a produção como a redução de impostos, entre outros.

Ao final do painel Ciclo Otto, o debate sobre o assunto foi mediado pelo jornalista e editor da coluna Alta Roda, Fernando Calmon.

O painel Combustíveis e Emissões foi aberto com a palestra “As especificações de combustíveis no mundo”, ministrado por Fabricio Cardoso, da Hart Energy. Esta por sua vez, mostrou que o controle de qualidade do biocombustível puro é essencial para garantir a qualidade da mistura com combustíveis. “O biodiesel é bem mais complexo que o etanol”, conta Cardoso, “com mais de 5% de volume de biodiesel é preciso atenção para a estabilidade à oxidação e propriedades de fluidez a frio. Mais de 10% de volume de etanol há riscos de corrosão e compatibilidade de materiais”.

A palestra seguinte foi a “Harmonização da especificação dos combustíveis”, de Maria Elena Rodriguez, da Jefe Desarrolo de Combustíveis (YPF S.A.). Na oportunidade, Maria Elena ressaltou sobre a importância da Ureia (Arla 32) no sistema de catalisador, do teor de enxofre no combustível e como toda essa tecnologia funcionará a partir de 2012 para a redução do CO2 e material particulado.

“Novos limites de emissões”, por Roberto Pachamé, presidente da AITA - Asociación de Ingenieros y Técnicos del Automotor, abrangeu a situação atual do mercado automotivo na Argentina e c omo aquele país tem se organizado para atender à nova legislação que entra em vigor no ano que vem. Preço de uréia técnica, melhorias para a redução de emissões dos veículos movidos a Diesel, logística de distribuição do combustível, são algumas das prioridades da AITA.

Ainda no painel Combustíveis e Emissões houve um debate mediado por Henry Joseph Junior, presidente da Comissão de Energia e Meio Ambiente da Anfavea e também diretor da AEA. O encerramento do IV Simpósio Internacional de Combustíveis foi feito por Sérgio Viscardi, representando a comissão organizadora, também composta por Simone Hashizume e Sidney Oliveira.