Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

05/07/2011 - 09:42

O Super Supermercado e o Consumidor Brasileiro

O noticiário econômico foi tomado desde ontem pelo anúncio do projeto de fusão entre os Grupos Pão de Açúcar e Carrefour. Como o assunto é de interesse geral da sociedade brasileira, muito se falou desde então sobre a participação do governo, via BNDES. Obviamente as manifestações das partes e dos especialistas fazem referência sobre os efeitos da união dos grupos aqui no Brasil sobre o consumidor, mas esta discussão, me parece, carece ainda de um pouco mais de critério.

Uma fusão ou aquisição que envolve duas ou mais empresas que antes da operação competiam entre si no mesmo mercado, com raríssimas exceções, gera redução da concorrência no setor em questão. Sob esta perspectiva, qualquer fusão como esta seria danosa ao consumidor e autoridade de defesa da concorrência deveria olhar com cuidado para a operação de forma a evitar que o ganho de uma das partes, as empresas envolvidas na fusão, não seja suplantada por eventuais perdas dos demais interessados, que seriam os concorrentes que ficaram de fora da operação, os fornecedores dos supermercados e, claro, os consumidores.

Se acima expomos um dos custos da fusão, devemos agora tratar de seus benefícios. O argumento básico de quem defende a fusão é que a economia de custos que a nova empresa obtém depois da operação é de tal magnitude que no final ela mais do que compensa a concentração do setor. Esta economia de custos se materializaria apenas se a interação entre os ativos das empresas gerasse uma sinergia que se traduza em ganhos de produtividade para a nova firma. Se isto ocorrer, então podemos esperar que ao menos uma parte desta economia de custos seja repassada aos consumidores e que os preços dos produtos da nova empresa venham a ser menores do que antes da fusão. A pergunta, portanto, é: quais ativos do Pão de Açúcar e do Carrefour teriam potencial para gerar o ganho de produtividade requerido para compensar a redução da concorrência? Esta é uma questão relevante porque a operação envolve as duas empresas líderes do setor de supermercados no Brasil, de forma que a redução na concorrência, se aprovada a fusão, não deve ser desprezível. Segue daí que economia de custos para que a operação seja apropriada deve ser elevada.

O estado brasileiro e suas instituições de defesa da concorrência têm sido lenientes com diversas operações que acabaram por reduzir a competição em setores importantes da economia sem uma contrapartida comprovada de benefício para o consumidor. Sob esta lupa me parece bastante questionável que a operação em questão possa vir de alguma forma se traduzir em ganhos para o consumidor brasileiro, cliente dos supermercados de algumas das principais cidades do país.

. Por: Guilherme Hamdan de A. Gontijo, Professor de Economia das Políticas Públicas do Ibmec

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira